Fábrica emprega reeducandos e produz 300 mil peças de concreto

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Reprodução
CAMARA VG

Quem passa pelas ruas e avenidas planejadas de Lucas do Rio Verde (354 km ao Norte de Cuiabá) não imagina que o trabalho de reeducandos e, consequentemente, a esperança de uma oportunidade fora das grades, está por trás da produção de milhares de peças que calçam as vias públicas, que canalizam a água pluvial, que enfeitam as praças. O projeto Espaço de Trabalho Vida Nova surgiu há quatro anos e, desde então, dezenas de reeducandos passaram pela fábrica que produz a maior parte dos artefatos de concreto necessários para os serviços urbanos do município. Todos são remunerados e têm no trabalho uma chance de não apenas garantir a remição da pena, mas de mostrar que podem contribuir e voltar à sociedade com dignidade.

     

A iniciativa surgiu da parceria entre a Prefeitura de Lucas do Rio Verde, Fundação Nova Chance (Funac), Poder Judiciário e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. A prefeitura construiu a fábrica num espaço anexo ao Centro de Detenção Provisória do município para a produção de blocos, canaletas, tubos para galeria pluvial e de esgoto, estacas de cercas, pavers, telas e tampas de bueiro. A intermediação da mão de obra dos reeducandos é feita pela Funac.

Atualmente, 28 reeducandos trabalham na fábrica. Eles foram selecionados seguindo critérios fundamentais como bom comportamento, tipo de crime e tempo de pena cumprido e passaram pela avaliação de uma comissão da unidade prisional.

Somente no passado, foram produzidos aproximadamente 300 mil peças de concreto, uma média de 25 mil peças ao mês.

G.R. está há dois no projeto Vida Nova e afirma que é a chance que esperava para mostrar que pode ser diferente, que pode construir uma nova vida. “Estou contente, pois nos deram uma chance. Seguimos à risca todas as disciplinas que nos são passadas. A gente vê que são pessoas que estão comprometidas com o nosso andamento. A maioria das pessoas que está no projeto sai e não retorna mais pra cadeia. Dificilmente pagando só a cadeia tem chance de ressocializar. Por isso que o projeto pode colaborar para mudar nossa vida, pois são poucas as oportunidades que encontramos na rua”, afirma o reeducando, que está entusiasmado com a nova atividade iniciada também no CDP, a de metalurgia.

Além da fábrica de artefatos de concreto, a direção do Centro de Detenção está organizando a atividade de metalurgia, em parceria com a Prefeitura. O primeiro serviço experimental foi a reforma de todos os pontos de ônibus da cidade, feita por um reeducando que tem experiência no serviço. “Um dos reeducandos deu a ideia.Vinte coberturas dos pontos de ônibus já receberam reparo, pintura e foram reinstaladas. Para este ano, a prefeitura tem interesse em estruturar a fábrica de produtos metalúrgicos”, conta o diretor do CDP, José Ronaldo.

      

Reeducação

Para G.O.P., participar do projeto é chance de reeducação. Ele é um dos mais antigos trabalhando na fábrica e diz que todos ficam na expectativa de ter um bom comportamento para participar do projeto. “Estamos agora trabalhando externamente na reforma de prédios públicos, como o quartel e a delegacia. Para reeducar somente trabalhando, pois traz resultados satisfatórios, a exemplo das atividades nas fábricas de concreto, em que não temos nennhuma reincidência e é um ganho tanto para o município, que tem os materiais produzidos no tempo necessário, quanto para os reeducandos que têm o tempo ocupado. Acredito que o projeto representa um futuro melhor para quem participa”,

   

José Ronaldo explica que nas atividades externas de reforma de prédios públicos estão trabalhando sete reeducandos, liberados pela Justiça. Foram reformados e ampliados espaços na delegacia da Polícia Civil e agora o grupo trabalha na reforma do quartel da Polícia Militar.  

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