Governo orienta sobre riscos provocados pela obesidade

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As mudanças nos hábitos alimentares e no modo de vida da população mundial têm causado mais malefícios do que benefícios. Previsões da Organização Mundial de Saúde (OMS) para 2025 apontam para um crescimento na obesidade, que deve atingir mais de 700 milhões de pessoas daqui a seis anos; outras 2,3 bilhões de pessoas deverão estar acima de seu peso normal.

As crianças também serão afetadas, entre obesas e com sobrepeso, podem chegar a 75 milhões em todo o mundo, dos quais 11,3 milhões apenas no Brasil, o equivalente à população da vizinha Bolívia. Atualmente, estima-se que uma em cada três crianças brasileiras esteja com sobrepeso. Em Mato Grosso, são mais 37 mil casos de obesidade infantil.

Segundo a pediatra Debora Gougel, estudiosa em obesidade infantil, quase sempre a criança é fruto do meio onde vive. “Atrás de uma criança obesa ou com sobrepeso há sempre uma família nas mesmas condições. Ou, no mínimo, com maus hábitos alimentares, associados ao sedentarismo”.

Ela explica que mesmo as crianças sem nenhuma tendência se tornam obesas por causa do estilo de vida familiar, geralmente à base de fast-food e sem prática de atividade física. “Uma boa dieta alimentar dos pais serve de modelo aos filhos, portanto, para a criança comer bem, a família precisa se alimentar bem”. 

Para a médica pediatra Debora Gougel, estudiosa em obesidade, tratar o problema exige mudanças nos hábitos familiares e regras mais rígidas com as crianças que não podem ficar o tempo todo expostas à televisão, aos celulares e outros aparelhos eletrônicos

Assim como nos adultos, a obesidade infantil é acompanhada das chamadas doenças silenciosas, como cardiovasculares e diabetes. “O problema é que quanto mais cedo a obesidade chega, mais cedo essas doenças surgirão e com as consequências nefastas que todos conhecemos”.

Ações preventivas

Os cuidados começam antes do nascimento, diz a pediatra. Sobrepeso na gravidez já determina algum fator de obesidade futura. Se ganha muito peso na gestação, corre-se o risco de obesidade e geração de doenças crônicas.

“Por isso, o ideal é uma gravidez planejada e sem sobrepeso, com exames pré-natal. Também é de suma importância o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses, mas que pode durar dois anos ou mais, desde que acompanhado de alimentação complementar adequada para a idade”.  

É importante evitar tratar a criança como adulto, eliminando de sua dieta a adição de sal e açúcar, principalmente em seu primeiro ano de vida, por ser fatores que favorecem a obesidade futura.  Outro fator é ter uma alimentação balanceada.

Mudança no estilo de vida é fundamental para prevenir a doença nas crianças e também nos adultos. Foto: Haillyn Heiviny

“Como orientação prática, sugerimos dividir o prato ao meio. Numa das metades deve ter legumes e hortaliças, enquanto na outra metade, arroz com feijão (no caso brasileiro) e proteína. É bom lembrar que o excesso de proteínas favorece a obesidade na criança, porque seu crescimento varia de acordo com a idade”, diz Debora Gougel.

Ela acrescenta que criança não deve jamais ingerir alimentos processados ou multiprocessados. “Criança não tem salário ou dinheiro para ir ao mercado e fazer compras. Ela só tem acesso a este tipo de alimento por intermédio de algum adulto. Portanto, não existe a desculpa ‘meu filho (a) só come isso”.

A pediatra orienta ainda que nos programas familiares, espacialmente nos almoços de domingo, os pais façam brincadeiras com atividades físicas com seus filhos, como correr, soltar pipa, brincar de pega-pega, etc. “O importante é colocar de lado brincadeiras com telas (televisão, celular, computador e tablets)”.

Além disso, as crianças devem fazer, no mínimo, 50 minutos de atividades aeróbicas por dia, e, no máximo, duas horas de tela. “O ideal é que, nos primeiros meses de vida, o bebê não tenha nenhum contato com estes aparelhos. Não por causa de uma futura obesidade, mas porque sua visão ainda está em formação”, avalia a especialista.

Em Cuiabá, alguns espaços permitem exercícios à toda família, como o entorno da Arena Pantanal. Foto: Chico Valdiner

Boa alimentação 

Escolher local adequado para comer – bebês e crianças não param para comer espontaneamente. Evitar tentar fazê-los comer enquanto andam, no carro ou no elevador. Podem causar engasgos e traumas na boca.

Comer sem distração – evitar distrair a criança com tela para “empurrar” a comida, muitas vezes em quantidade e qualidade diferente de suas necessidades. Nada de sucos – estudos recentes revelam que o alto teor de glicose presente no suco natural pode estar relacionado a doenças metabólicas. Portanto, mais fruta in natura e mais água. Nada de suco. Nem natural.

Faça dos alimentos in natura, ou minimamente processados, a base da alimentação. Exemplos: frutas, verduras, legumes, leite, iogurte natural, cereais, etc. Controle o consumo de alimentos de origem animal – são fontes de proteínas e de vitaminas, mas não contêm fibras e podem acrescentar elevada quantidade de calorias e teor excessivo de gorduras não saudáveis (gorduras saturadas).

Crianças precisam de exercícios aeróbicos diariamente, por isso, ir ao parque é uma boa opção. Foto: Meneguini

Usar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades – Dão sabor à comida, mas podem engordar, aumentar risco de doenças do coração, cáries e diabetes. Eliminar da dieta, especialmente no primeiro ano de vida, a adição de sal e açúcar, por ser fatores que favorecem a obesidade futura. 

Programa Saúde na Escola

O tema obesidade infantil está na pauta de ações preventivas do governo do Estado. A cada ciclo escolar, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) desenvolve o Programa Saúde na Escola (PSE), contemplando alunos de escolas e de creches públicas. 

Mais de 1,5 mil escolas em MT adotaram programa que incentiva alimentação saudável e prática de exercícios físicos. Foto: Chico Valdiner

No ciclo escolar de 2017/2018, por exemplo, houve investimento na ordem de mais de R$ 1 milhão para ações de prevenção e controle da obesidade infantil, com promoção de práticas corporais, da atividade física e do lazer nas escolas e a promoção de alimentação saudável e prevenção da obesidade infantil. 

Nesse ciclo foram contemplados 357.361 alunos de escolas e mais 35.426 alunos de creches públicas, totalizando 1.597 unidades escolares em todo o Estado. Para o ciclo escolar de 2019/2020 estão previstas 1.934 unidades escolares, incluindo creches públicas, o que representa um total de 507.304 alunos beneficiados, incluindo os que estudam em creches. A adesão ao PSE,  neste ano, foi de 98%, um recorde histórico, segundo registros da SES-MT; 139 municípios aderiram ao programa.

De acordo com Milton Fleury, um dos representantes da SES-MT no Programa Saúde na Escola (PSE), para dar suporte aos municípios em todo o processo, a SES mantém uma equipe para apoiar tecnicamente os municípios, sendo dois técnicos no nível central, que representam a SES no Grupo de Trabalho Intersetorial Estadual – GTIE, além de um técnico em cada Escritório Regional de Saúde (ERS), totalizando 16, que atuam como Coordenadores Regionais do PSE.

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