Olhar Direto
Na mesma semana em que chamou o Procurador-geral da República de “o mais desqualificado procurador da história”, o ministro Gilmar Mendes teceu críticas ao trabalho dos grupos de investigação dos ministérios públicos do país e afirmou que os inquéritos abertos por estes órgãos são “terra de ninguém”. Em resposta, a Associação Nacional de Membros do Ministério Público (Conamp) emitiu nota nesta quarta-feira (09) em que chamou a declaração de Mendes de sensacionalista.
No documento, os promotores afirmam ser incorreta a afirmação de que os grupos de investigação, como Gaeco e Gecoc, trabalham sem controle. A Conamp lembrou que qualquer investigação do Ministério Público é submetida a outro órgão de fiscalização interna.
“Não é correta a afirmação que os Gaecos e Gecoc do Ministério Público agem sem controle. Toda a atuação ministerial é submetida ao controle de órgãos internos de revisão, das corregedorias locais, do CNMP e do Poder Judiciário. Toda a atuação ministerial é pautada pela transparência e responsabilidade de seus membros", afirma a entidade.
Críticas do ministro
As críticas que incomodaram os promotores foram feitas por Mendes, na última terça-feira (09). Na ocaisão, ele afirmou que discutia com o ministro Celso de Mello a questão das investigações descontroladas do MP, que precisariam ser revisitadas.
“Não obstante, o que se ouve? Que hoje é um festival de investigação sem sequer controle judicial. Fala-se que na Procuradoria-Geral hoje haveria 2,8 mil PICs, chamado procedimento de investigação criminal, sem nenhuma figura de controle", acrescentou o ministro do STF.
Em entrevista a Rádio Gaúcha na segunda-feira (7), Mendes também criticou Rodrigo Janot ao afirmar que o procurador era o mais “desqualificado da história” do Brasil. O ministro disse ainda que Janot não é suficientemente preparado para lidar com os processos da Lava Jato.
"Quanto a Janot, eu o considero o procurador-geral mais desqualificado que já passou pela história da Procuradoria. Porque ele não tem condições, na verdade não tem preparo jurídico nem emocional para dirigir algum órgão dessa importância", avaliou.