Olhar Direto
Em delação premiada, o irmão do ex-governador Silval, Antônio Barbosa, releva simulação de atentado que teria sido planejada pelo ex-deputado José Geraldo Riva contra si mesmo. O objetivo seria incriminar os deputados Guilherme Maluf, Gilmar Fabris e Mauro Savi, além de Silval Barbosa e o delator. Riva teria autorizado inclusive que seu motorista fosse assassinado na ação, tudo para conferir realismo à cena.
O governador Pedro Taques, segundo Barbosa, teria sido avisado do plano e acionado o secretário de Segurança Pública Rogers Jarbas para que tomasse todas as medidas necessárias para rastrear os passos de Riva, incluindo grampos telefônicos.
A denúncia encontra-se homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e em poder da Procuradoria Geral da República (PGR).
De acordo com a delação, o caso se iniciou com um contato do deputado Estadual Mauro Savi, que teria lhe alertado que havia recebido mensagens anônimas Whatsapp de alguém confessando ter sido pago para simular atentado à vida do ex-deputado José Geraldo Riva, plano este que autorizava inclusive o assassinato do motorista do político.
O objetivo da ação, segundo relata Antônio Barbosa, seria gerar suspeitas contra ele e seu irmão, o ex-governador Silval da Cunha Barbosa, além de três deputados Estaduais: Guilheme Maluf, Gilmar Fabris e Mauro Savi.
“Mauro Savi mostrou ao declarante (Antônio Barbosa) uma série de mensagens no WhatsApp que recebeu sem conhecer o remetente. A pessoa referida por Mauro Savi teria dito a ele que tinha recebido uma encomenda, um serviço, que era para simular um atentado contra o senhor José Riva, ex-deputado Estadual, e que teria sido contratada pelo próprio José Riva. Riva teria dito que, se fosse preciso, era pra matar o motorista e jogar a culpa do atentado nas pessoas do declarante, Silval Barbosa, Mauro Savi, Guilherme Maluf, e Gilmar Fabris”.
Mauro Savi levou o caso ao conhecimento do governador do Estado Pedro Taques, que teria acionado o secretário de Estado de Segurança Pública Rogers Jarbas para tomar as medidas que julgasse necessárias, incluindo realização de grampos telefônicos.
“Segundo Mauro Savi, Pedro Taques teria chamado o secretário de Segurança Pública e a ele determinado que grampeasse, fechasse o cerco e botasse gente para seguir o Riva”.
Antônio Barbosa gravou em áudio a conversa que travou com Mauro Savi, para eventual confissão ou denúncia, como esta delação premiada. Foi instruído pelo deputado Estadual a não se preocupar mais com o caso, posto que já estava nas mãos das autoridades Estaduais.
Trechos de conversas:
Ainda segundo o delator, em outra ocasião recebeu imagens de conversas de Whatsapp (prints) de um interlocutor identificado como “José Riva” e um contato anônimo, veja o diálogo:
José Riva – “Preciso conversar com todos vocês".
Interlocutor – “Conversar o que Riva”.
José Riva – “Precisamos conversar sobre o ex-governador e seu irmão e o Mauro S preciso antes dele sair da cadeia”.
Interlocutor – “É sobre aquele assunto”.
José Riva – “Perfeitamente estamos aguardando ao seu sim”.
O diálogo possegue, agora com alguém identificado como “Ricardinho”. Ele faz menção a armas de calibre .40 e 380 e estaria, segundo o delator, pronto para o ato criminoso.
José Riva – “Já conversei com o promotor e está tudo acertado”.
Interlocutor – “Fechado”.
Interlocutor – “E em relação ao irmão do ex gover (sic) é pra sentar chumbo nele é isso”.
Interlocutor – “Tenho aqui toda a relação de onde ele anda e o que faz onde vai a família vou seguir como combinado”.
José Riva – “Se ele desconfiar acerta ele se não depois será mais difícil”.
José Riva – “O Mauro também” – provavelmente se referindo ao deputado Mauro Savi.
Taques confirma:
Durante coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (30), o governador do Estado confirmou que conversou com Rogers Jarbas a respeito do suposto plano de atentado. “Sim, é fato. Eu fui procurado pelo deputado Mauro Savi e imediatamente chamei o secretário de Segurança. Está tudo documentado e o secretário de Segurança vai mostrar a vocês todos os documentos”, disse o governador.
O outro lado:
“Em virtude da matéria jornalística veiculada pela mídia local acerca de eventuais ilicitudes praticadas contra a vida de terceiros, a defesa de José Riva vem a público esclarecer que a integralidade de todas as conversas mantidas por meio do aplicativo Whatsapp, notadamente daquelas em que lhe foram oferecidos serviços escusos e ilegais, foram entregues em tempo real às autoridades e são objeto de investigação sigilosa por parte do Ministério Público de Mato Grosso.
De toda sorte, em benéfico da ênfase, esclarece que jamais manteve qualquer tipo de contato com terceiros que envolvesse a integridade física ou moral de qualquer pessoa, nem mesmo através de ação controlada pelos órgãos investigativos do Estado do Mato Grosso".
Rodrigo Mudrovisch, advogado responsável pela defesa de José Riva