Midia News
O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) confessou ter desviado R$ 5 milhões do Estado para pagar uma dívida contraída pelo ex-candidato Lúdio Cabral (PT), durante a campanha de 2014, quando o petista foi derrotado por Pedro Taques (PSDB) na eleição para o Paiaguás.
O desvio teria ocorrido por meio da venda indevida de 2 milhões de litros de óleo diesel da Petrobras, que estavam sob a tutela do Executivo como garantia de dívidas fiscais da companhia.
A revelação consta na delação premiada firmada entre o ex-governador e a Procuradoria Geral da República (PGR), homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Silval contou que nas proximidades das eleições de 2014, assumiu o compromisso de apoiar Lúdio Cabral, sendo que o petista procurou o então secretário de Comunicação do Estado, Carlos Rayel, para fazer o marketing da campanha.
Segundo o ex-governador, Rayel cobrou R$ 4 milhões para prestar os serviços e, por isso, Lúdio o procurou para ajudar a bancar este valor.
Nessa reunião, conforme o peemedebista, o PT assumiu o compromisso de ajudar a campanha de Lúdio em R$ 6 milhões ou R$ 7 milhões, “valor necessário para o pagamento do ‘marketing’ e material gráfico”.
Como o PT havia feito o compromisso, Lúdio então contratou Carlos Rayel pelo valor de R$ 4 milhões. Porém, Silval disse que Rayel o procurou em razão de estar temeroso em não receber pelos serviços, “dizendo que somente fecharia com Lúdio se eu avalizasse o compromisso, sendo que eu concordei”.
“Carlos Rayel se afastou do cargo de secretário da Secom para trabalhar na campanha de Lúdio Cabral, sendo que durante a campanha o PT não honrou o compromisso assumido, tendo efetuado o pagamento de um valor em tomo de R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão, tendo Carlos Rayel passado a me cobrar pelo compromisso assumido”.
Desvio de combustíveis
Para honrar a promessa de ajudar Lúdio e pagar Rayel, Silval disse que conversou com o então secretário adjunto da Secretaria de Infraestrutura – antiga Secretaria de Transportes -, Valdísio Viriato, para viabilizar uma forma de levantar cerca de R$ 5 milhões para ajudar na campanha de Lúdio e pagar as dívidas.
Ficou acertado que o esquema ocorreria por meio de desvios de óleo diesel pertencentes a Petrobras, mas que estavam em posse do Estado em razão da penhora de aproximadamente R$ 55 milhões em combustível, oriunda de débitos tributários que a companhia devia ao Executivo.
Silval então contou que procurou o empresário Claudyson Martins Alves, vulgo “Kaká”, dono do posto Bom Clima Comércio de Combustíveis, que era seu amigo e vizinho de prédio, e ofereceu a ele 2 milhões de litros de óleo diesel por R$ 5 milhões, valor abaixo do praticado no mercado.
“Não informou a origem desse combustível, mas o empresário tinha conhecimento que o combustível oferecido não era de minha propriedade”.
Após arrecadar o montante, o ex-governador disse que pagou R$ 2 milhões a Carlos Rayel para pagar o marketing da campanha de Lúdio, com a ciência do então candidato.
“Carlos Rayel pegou tal montante diretamente com Claudyson, após a minha autorização, sendo que o pagamento de R$ 2 milhões a Carlos Rayel ocorreu em mais de uma parcela”, contou.
O ex-governador, todavia, em nenhum momento cita que Carlos Rayel teria conhecimento do esquema ilícito.
Veja fac-símile de trecho da delação: