É pelas mãos do gentil Josué de Deus Gusmão, 59 anos, que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) tem espalhado suas sementes pelos 141 municípios de Mato Grosso nos últimos 20 anos. Orgulhoso de fazer parte da equipe de Educação Ambiental, ele conta que já plantou mais de mil árvores em ações de sensibilização desenvolvidas com crianças e adultos. “A maior felicidade é voltar e descobrir que aquela pequena muda cresceu e já está florescendo ou dando frutos, ver as crianças subindo nelas, brincando”.
No Dia da Árvore, comemorado nesta quinta-feira (21.09), ele caminha pelo pátio interno da Sema onde foi responsável por grande parte das árvores plantadas, ao menos 50, e explica a importância delas para qualidade de vida dos 700 profissionais que trabalham na sede. Também enfatiza a importância delas para o embelezamento do espaço público. “Na época da seca, fica mais nítida ainda a necessidade da arborização, que ameniza o calor, oferecendo sombra e aumento a umidade relativa do ar”.
Orgulhoso, ele mostra o cajueiro que ele plantou dar seus primeiros frutos, no estacionamento da secretaria. Mais à frente, tem um pé de acerola e um pé de aricá, que no final de julho ou início de agosto encanta os servidores com sua floração rosa. Ao lado da biblioteca, outro pé de caju faz sombra para os carros e também serve de esconderijo para os pássaros ao sol forte. “Temos ainda pés de lixeira, ipê rosa, amarelo, uma mangueira e pés de pequi, a maioria espécies do cerrado que ficam ainda mais bonitas na época da estiagem”.
Mas há uma árvore que ele aguarda o ano todo, ansioso, para acompanhar o desabrochar: o ipê branco. “É um espetáculo que vale a pena contemplar e que fica registrado na memória para o resto da vida, a beleza da natureza inspira, harmoniza, traz vida ao ser humano”. Ele conta um segredo para ajudar no cuidado delas: fazer o plantio nas proximidades do ar condicionado e fazer aproveitamento da água para irrigação constante.
Em sua chácara, nas proximidades de Cuiabá, ele tem mais de 500 espécies, a maioria nativas de Mato Grosso. “As frutíferas são as minhas preferidas, essa paixão por elas me motiva sempre a repassar meus conhecimentos às pessoas”. Sobre a desculpa de que ter uma árvore ‘dá trabalho’ ele diz que é um mito, pois com as técnicas certas, é possível conviver muito bem, elas são ótimas companheiras. “É preciso escolher uma espécie adequada para o ambiente, tenho um pé de jabuticaba, por exemplo, produzindo mesmo plantado em um vaso, dentro de casa”.
Durante a seca, quando elas perdem as folhas formando um cobertor pelo chão, o educador ambiental explica que o melhor é juntá-las e deixar onde estão, já que cumprem uma função importante com a formação de micro e macroorganismos que fazem perfurações no solo com o objetivo de levar nutrientes até a raiz das árvores nas primeiras chuvas. “Essas folhas secas são ótimos adubos, também ajudam a baixar a umidade para que as árvores possam suportar a seca, nós somos beneficados diretamente com esse processo”.
Fontes de vida, as árvores trazem frescor e reduzem o estresse dos seres humanos. Apreciadora de pássaros, a coordenadora da Educação Ambiental e Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), Gresiella Castilho, conta que às vezes dá uma pausa para observar o pôr do sol. “As árvores atraem muitos pássaros que fazem uma sinfonia no entardecer aqui na sede do órgão ambiental. Esse é um momento de conexão, relaxamento que me torna mais motivada e feliz para desempenhar meu trabalho”.
O Cerrado é uma das regiões de maior biodiversidade do mundo, e estima-se que possua mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves. Acredita-se que mais de 40% das espécies de plantas lenhosas e 50% das abelhas sejam endêmicas. Ao lado da Mata Atlântica, é considerado um dos dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo.
Dia da Árvore
Cada região do nosso país possui uma árvore-símbolo, na região Centro-Oeste é o ipê-amarelo (Handroanthus albus). Comemorada no dia 21, a data foi instituída no Brasil pelo presidente Castelo Branco que sancionou um decreto-lei em 24 de fevereiro de 1965. O reflorestamento em áreas públicas ou particulares contribui positivamente com o planeta neste cenário de aquecimento global.
Nesta data, a Sema está promovendo uma atividade interna com os servidores, um concurso fotográfico com direito a brindes para os três melhores ‘momentos fotográficos’ junto às árvores da instituição. Também, às 17h, haverá dança circular e contemplação das árvores e do pôr do sol. "São atividades de conexão e relaxamento", explica a coordenadora.