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Delegado diz haver indícios de que militares “vendiam” grampos

Foto: Alair Ribeiro/MidiaNews

Midia News

Os militares envolvidos no esquema de interceptações clandestinas que operou no Estado teriam oferecido o serviço de vender determinados “grampos” a quem estivesse disposto a pagar.

A suspeita é dos delegados Flávio Stringueta e Diogo Santana, que pediram a investigação do possível comércio de interceptações, em portaria instaurada no dia 4 de julho, ocasião em que ambos haviam sido designados para apurar o esquema.

O caso agora está tramitando no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob a responsabilidade do ministro Mauro Campbell.

O esquema era viabilizado por meio da prática da “barriga de aluguel”, quando números de telefones de cidadãos comuns, sem conexão com uma investigação, são inseridos em um pedido de quebra de sigilo telefônico à Justiça.

De acordo com a portaria obtida pelo MidiaNews, as investigações apontaram que o grupo de militares liderado pelo coronel Zaqueu Barbosa e pelo cabo Gerson Corrêa –presos desde maio – tinham um verdadeiro escritório de grampos ilegais em um apartamento no Centro de Cuiabá.

Um dos indicios desse comércio de grampos, segundo os delegados, é que além de adversários do atual grupo político que comanda o Estado, também foram interceptadas diversas outras pessoas “de áreas variadas de atuação profissional”.

Para grampear estas pessoas, os delegados explicaram que os militares fizeram constar nos relatórios de inteligência dados visivelmente falsos, “como os de apelidos de pessoas conhecidas que não poderiam aparecer”.

Um dos exemplos citados foi o da deputada estadual Janaina Riva (PMDB), que teve o número grampeado como se fosse “Janair”, membro de uma quadrilha.

Stringueta e Santana afirmaram ter recebido “informações fidedignas” de que os militares envolvidos vendiam algumas interceptações “para que a organização criminosa se equilibrasse financeiramente”.

“Ou seja, promoviam as inclusões de números de alvos para atender interesse de pessoas que estavam dispostas a pagar pelo ‘serviço’, com o fim de levantar informações de interesses exclusivos e privativos dessas pessoas”, diz trecho da portaria.

Dias antes da instauração da portaria, em 23 de junho, o contador Mário Edmundo Costa Marques Filho, em depoimento ao delegado Stringueta, falou sobre a possibilidade da venda das interceptações.

Amigo de infância do cabo Gerson Corrêa, Mario Filho disse que o militar contou a ele nunca ter lucrado com os grampos, “mas que se quisesse ganhar dinheiro teria ganhado, pois pessoas já haviam o procurado para que fizesse investigações a um preço a combinar”.

  

Veja fac-símile de trecho da portaria: 

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