Fala meu Povo MT

Estudantes se preparam para reviver Grease no palco do Cine Teatro Cuiabá

Reprodução

Estudantes da Escola Estadual André Avelino Ribeiro, localizada no Bairro CPA I, em Cuiabá, sobem ao placo do Cine Teatro Cuiabá nos dias 06 e 07 de dezembro para apresentar o musical “Nos Tempos de Grease”, uma releitura do clássico que se passava no começo da década de 1960.

O espetáculo é fruto do projeto Teatro Musical, um curso de 200 horas, promovido pelo Teatro Imagem, que tem como objetivo inserir o saber artístico cultural dentro das unidades públicas de ensino.

Desde fevereiro deste ano, a coordenadora da iniciativa, Jaqueline Roque, que também está na direção do musical, está empenhada – ao lado de sua equipe – para formar os jovens atores, que mesmo no estágio inicial do curso já participaram de aulas de dramaturgia e desenvolveram juntos o roteiro da peça.

“O roteiro foi construído pelos próprios alunos. Fizemos isso dentro da biblioteca. Eles trouxeram partes das suas vivências, exemplo de dois personagens, que são casos reais vivenciados por eles aqui na escola. Convidamos o Airton Lacerda, dramaturgo da On Broadway, para ajudar nessa construção”, conta.

Ao todo, 22 estudantes participam da produção, além de oito atores do Teatro Imagem. Jaqueline lembra que a produção conta com o envolvimento de cerca de 40 pessoas.

Arte como transformação

Eve Mello, de 15 anos, é aluna do 1º Ano do Ensino Médio. Ela nunca havia feito teatro até este ano. No espetáculo ela é uma das ‘Pink Ladys’.

“Nunca passou pela minha cabeça. Eu não conseguia sair de casa para comprar pão, eu tinha vergonha de falar com o atendente. Sou muito tímida”, disse.

Assim que as audições começaram, ela viu no teatro a oportunidade de vencer a timidez. “Decorei o texto que foi pedido, fiz o teste e passei. Desde que comecei, até aqui, muita coisa mudou. Comecei a me expressar mais, conversar mais, dançar, cantar, interpretar”, comemora.

Já para Bárbara Almeida, o peso de ser Sandy – a protagonista – não a faz se sentir diferente dos colegas. Com 16 anos, aluna do 2º Ano, essa é a primeira experiência com as artes cênicas.

“Minha amiga faz teatro e me contava como é, ela dizia que eu tinha que fazer. Quando surgiu essa oportunidade, vi que é difícil decorar texto e possível atuar”.

A jovem confessa que, depois da audição, quando viu que estava aprovada, até quebrou os óculos de tanta alegria.

“Agora vejo que a minha vida pode mudar, posso ser atriz. A nossa diretora, a Jaqueline, é uma mulher incrível, uma inspiração. Quando estamos na peça, percebemos que todo mundo é essencial, todo mundo é protagonista”.

Laryssa Miranda, de 15 anos, aluna do 2º Ano, argumenta que não se parece nem um pouco com Marta, a líder de torcida que vai dificultar a vida de Sandy e dos colegas.

“Não sou assim na vida real. Quando comecei a ler as falas, fiquei preocupada. Mas, como sou profissional, fui pegando o jeito. É uma experiência diferente”, garante.

Ela que já participava de teatros na igreja que frequenta, conta que o ponto alto do curso foi gravar as músicas do espetáculo em um estúdio.

“Foi muito legal. Não era como eu achava. Tinha que cantar, refazer, é bem trabalhoso, mas eu fiquei bem animada”.

Afinidades

Atuar, dançar e cantar não estava nos planos de Matheus Amorim, aluno do 2º Ano. Ele, que aos 16 anos sonha em ser escritor, diz que nunca teve experiência nenhuma na área.

No entanto, foi no curso que ele teve a oportunidade de aprender sobre a dramaturgia e brinca que o projeto é um “combo completo”.

“Entrei para escrever a peça e o resto aconteceu de forma natural. Aprendi a estruturar uma peça de teatro, um musical – que é mais complicado – então, está sendo uma experiência muito gratificante para mim”.

Jogador de basquete e lutador de capoeira, Marcos Yamamura, de 16 anos, também do 2º Ano, trouxe suas vivências de fora para o espetáculo.

“Não participei das audições, mas fui atrás para participar. Com a ajuda do nosso coreógrafo, acabei me encaixando”.

Para o estudante, unir suas afinidades na vida real e na ficção o deixou mais confiante na interpretação. Ele será o par de Marta.

O coreógrafo Henrique Ferreira ressalta que um dos pontos gratificantes do projeto é ver a evolução dos alunos.

“Desde a primeira audição até hoje, o crescimento pessoal deles é muito visível. Vê-los acertando as coreografias, se alinhando, é resultado de um trabalho coletivo”, finalizou.

Serviço

“Nos Tempos de Grease” vai além da paixão de verão de Sandy e Danny Zuko. A história ainda contará com problemas típicos de uma escola de Ensino Médio, além de um campeonato de Dança, onde todos se preparam para vencer.

A peça terá duas sessões diárias, às 15h e às 20h, com duração de 60 minutos. A classificação é livre.

Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) e podem ser adquiridos na EE André Avelino e na bilheteria do Cine Teatro, uma hora antes do espetáculo. Vale ressaltar que toda bilheteria do evento será revertida para custear a produção do musical.

Sair da versão mobile