A CPI do Paletó, que investiga o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB), poderá realizar, nas próximas sessões, uma acareação entre o delator Silvio Correa e o ex-secretário de Estado de Indústria e Comércio, Alan Zanatta.
O requerimento propondo a acareação foi apresentado nesta terça-feira (21), pelo vereador Dilemário Alencar (PROS), em razão de contradições nos depoimentos prestados por Silvio e Zanatta à CPI.
Silvio, à época chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, gravou o vídeo em que Emanuel aparece enchendo os bolsos do paletó com maços de dinheiro que – segundo ele – é fruto de propina.
Zanatta, por sua vez, foi responsável por gravar uma conversa de pouco mais de uma hora com Silvio. O áudio acabou sendo apreendido na casa de Emanuel Pinheiro, durante a Operação Malebolge, da Polícia Federal.
Um dos objetos da CPI é justamente uma suposta tentativa de obstrução à Justiça, planejada entre Emanuel e Zanatta.
Durante as oitivas de Silvio, ocorrida na última semana, e a de Zanatta – realizada na manhã de hoje – os vereadores questionaram, entre outros pontos, a forma como ocorreu esse encontro entre o delator e o ex-secretário, bem como a gravação do áudio.
Silvio Araújo afirmou que foi procurado por Zanata, antes de deixar a prisão e posteriormente sua saída da cadeia. Zanatta, no entanto, disse que ele é quem foi procurado por Silvio, por intermédio de um homem chamado Cleberson “Coxinha”.
“Acredito que a acareação é importante, pois há muitas contradições na fala de um e outro. O Zanatta, por exemplo, foi questionado várias vezes sobre esse encontro e ele disse ter sido procurado pelo Silvio. Já o Silvio apresentou outra versão. Precisamos desses esclarecimentos”, afirmou o presidente da CPI, vereador Marcelo Bussiki (PSB).
O requerimento, no entanto, ainda será apreciado pelos membros da comissão.
Também foi requerido por Dilemário, a oitiva de Ceberson “Coxinha”, que é a pessoa que levou Zanatta ao encontro de Silvio e que também teria conhecimento da gravação de áudio feita pela ex-secretário.
Quebra de sigilo
A CPI também deverá avaliar a possibilidade de um pedido de quebra de sigilo telefônico de Alan Zanatta, de modo a apurar a veracidade de suas declarações.
Durante a oitiva, o presidente da CPI, Marcelo Bussiki, perguntou se Zanatta abriria mão de seu sigilo para saber quem ligou pra quem.
"Não sei dizer agora. Mas se meu jurídico entender que não há problema, por mim não há problema nenhum", disse o ex-secretário.
Após o depoimento, o advogado de Zanatta, Edmundo Taques, disse que tal possibilidade ainda será avaliada.
O próprio presidente da CPI, também afirmou que irá consultar a Procuradoria Jurídica da Câmara de modo a verificar se a comissão pode requerer a quebra de sigilo telefônico.