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“Taques tem condição, em novo mandato, de recuperar sua história”

Prestes a deixar o comando da Casa Civil para retornar às atividades na Assembleia Legislativa, Max Russi (PSB) defendeu que o governador Pedro Taques (PSDB) tenha a chance de se reeleger para poder “recuperar sua história”.

Para ele, as séries de medidas implantadas na atual gestão, como a PEC do Teto de Gastos e a criação do Fundo Emergencial de Estabilidade Fiscal (FEEF), ajudarão a próxima gestão, em 2019, a ter uma administração mais tranquila do que a vivida pelo tucano entre 2015 e 2018.

“Ele pegou aquilo que muitos denominam de mandato maldito. Mas terá condições, em um novo mandato, de recuperar sua história”, afirmou em entrevista exclusiva ao MidiaNews.

Apesar disso, elencou uma série de ações que Taques precisa começar a fazer para se viabilizar para disputa. Inclusive, disse não acreditar que a eleição será fácil. “Não acredito em eleição por W.O. Acredito na eleição que você constrói a facilidade pelo alinhamento, pela entrega”.

Russi ainda afirmou que o governador tem uma rejeição alta, segundo as últimas pesquisas, pelo fato de ter comprado muita briga e não ter atendido interesses.

Citou que a Operação Bereré, do Gaeco, não atingiu a gestão tucana. E que se frustrou por deixar a Casa Civil sem pagar todas as emendas impositivas dos colegas deputados.

 

Leia os principais trechos da entrevista:

MidiaNews – Como analisa a decisão do ministro Blairo Maggi de não se candidatar em 2018? O governador Pedro Taques saiu favorecido?

Max Russi – Acredito que o governador Pedro Taques saiu favorecido dessa decisão. Ele ganha com isso. O ministro Blairo Maggi já foi governador por duas vezes, já foi senador por oito anos. Então, realmente, já deu sua contribuição ao Estado, ao País. E, com 61 anos, creio que ele faz uma decisão pensando um pouco nele, na família. Foi uma decisão acertada. Ele pode, inclusive, contribuir mesmo sem o mandato.

E acho que o governador Pedro Taques foi bastante beneficiado, sim. Tinha muita especulação dos eventuais candidatos, seis ou sete nomes que poderiam disputar para governador, vice, senador, suplente. E o Blairo saindo abre um espaço a mais. Tanto é que, agora, várias pessoas saíram candidatas ao Senado. Está mais disputado que deputado federal.

 

MidiaNews – O governador foi beneficiado porque ele pode agregar outros nomes que almejavam a vaga?

Max Russi – Sim, nomes para os quais ele não estava encontrando espaço. Agora, cabe mais alguém na chapa. E, também, porque o Blairo não vai participar do processo eleitoral, que era alguém que dava as cartas, e o governador do Estado acaba aumentando sua força política, mesmo com essa crise e dificuldade. Ele tem toda uma máquina e, sendo candidato, tudo isso beneficia.

 

MidiaNews – O vice-governador Carlos Fávaro se lançou pré-candidato ao Senado com a saída do Blairo.  Ele acerta em tomar essa medida?

Alair Ribeiro/MidiaNews

"Se Taques for à reeleição, uma das melhores colocações nesta eleição é o vice, porque ele vai ser, no mínimo, governador por um ano"

Max Russi – Eu acho que o PSD está procurando o seu espaço. Não existe candidatura a vice. Então, o Fávaro coloca seu nome a senador, como outros já colocaram, se animaram por ter uma chance maior. Antes, viam que uma vaga era garantia do Blairo. Agora, são duas vagas. O Fávaro se aproveitou dessa oportunidade, creio que cobrado por seus partidários. Vai andar o Estado e procurar viabilizar a candidatura. Diria que se o governador Pedro Taques for candidato à reeleição, uma das melhores colocações nesta eleição seja a do vice, porque ele vai ser, no mínimo, governador por um ano. Porque teoricamente, se Taques for eleito, pode sair senador no final do mandato…

 

MidiaNews – Esse é o projeto do Taques?

Max Russi – É uma possibilidade. Ele não falou ainda de eleição, mas isso pode acontecer. Vejo muitas pessoas pedindo para que ele vá à reeleição, também. Até para recuperar um pouco da sua história, biografia. Ele pegou aquilo que muitos denominam de mandato maldito. E ele terá condições, em um novo mandato, de recuperar sua história. E com as medidas tomadas, com certeza vai ter um segundo mandato melhor que o primeiro.

 

MidiaNews – Acha que a decisão do Maggi, de certa forma, enfraquece um eventual projeto de Mauro Mendes ao Governo?

Max Russi – Não sei dizer o tamanho da vinculação que o Blairo teria com o Mauro. Mas com certeza, se o Blairo fosse apoiar o Mauro, sua saída enfraquece e enfraquece muito. Porque ele seria a garantia do agronegócio apoiando. E não tendo, terá que procurar outros apoios para fazer essa ponte.

 

MidiaNews – Taques veria como uma traição a candidatura do Mauro ao Governo?

Max Russi – Não. Faz parte da política. Em 2010, o Pedro foi ao Senado e o Mauro ao Governo. O Pedro se elegeu e o Mauro não. Em 2012, o Mauro foi a prefeito, com apoio do Taques, e foi eleito. Em 2014, vice-versa. Agora, nesta eleição, temos que fazer a construção, refazer os compromissos. Eu os vi sempre juntos. Agora é o momento de diálogo e ver o que é possível construir para a eleição.

 

MidiaNews – O senhor é próximo aos dois. Enxerga que a tendência é ficarem unidos ou o rompimento é inevitável?

Alair Ribeiro/MidiaNews

"Caminho para a reeleição tem que ser de muita conversa. Trazer agentes importantes e que, talvez, não tenham sido atendidos"

Max Russi – Eu acho que tem possibilidades de caminharem juntos. Sou amigo dos dois, gosto dos dois. O Mauro é um bom nome para disputar qualquer cargo na próxima eleição e o governador Pedro Taques tem o direito de disputar a reeleição e, em seu segundo mandato, fazer muito mais.

 

MidiaNews – Acha que o caminho está aberto para a reeleição do Governo Taques?

Max Russi – O caminho para a reeleição tem que ser de muita conversa, muito diálogo, muita construção. Trazer agentes importantes e que, talvez, não tenham sido atendidos, que possa haver mágoas. Dizer o que foi possível fazer e o que não foi e as razões de não ter feito. Repactuar compromissos e construir algo bom pela população.

 

MidiaNews – Então o caminho ainda não está aberto?

Max Russi – Não. Não existe eleição fácil. Toda eleição é difícil e ninguém ganha de véspera. Ganha na hora que abrir as urnas. Não existe eleição fácil. O governador leva uma vantagem por ter a máquina estadual, continua disputando sendo governador, tendo a caneta na mão. E isso, em momento eleitoral, acaba somando. Lógico, tem todas as dificuldades, tudo aquilo que não foi possível ser feito, esse desgaste que é natural por parte dos gestores, por parte da classe política que está desacreditada. Mas tenho certeza que a população, mesmo que faltando poucos dias para a eleição, vai fazer a comparação e a melhor escolha para Mato Grosso.

 

MidiaNews – A eleição, então, não será por W.O?

Max Russi – Não acredito em eleição por W.O. Acredito na eleição que você constrói a facilidade pelo alinhamento, pela entrega. Creio que o governador tem condições de fazer essa construção, trazer apoios, mas com diálogo e conversa e repactuando promessas para o segundo Governo.

 

MidiaNews – Na última pesquisa Ibope, o governador apareceu com uma alta rejeição. É possível reverter esse cenário?

Max Russi – É possível. E é natural a rejeição, tendo em vista que o governador cortou muita coisa, comprou muita briga, não atendeu muitos interesses. Então, é uma rejeição que precisa ser trabalhada. Cometemos falhas, alguns erros, precisamos melhorar isso. E acredito, também, que parte dessas rejeições é por pessoas que desconhecem as ações que foram feitas pelo Governo. É possível reverter isso antes do processo eleitoral.

 

MidiaNews – Pelo andar da carruagem, o partido que pode ser o fiel da balança neste momento é o DEM, que sempre reclama que não recebe tratamento adequado do Governo.  Qual deve ser a estratégia do governador em relação a esse partido?

Max Russi – Vai ser um dos maiores partidos, com uma representatividade forte. Tem o Jaime e Julio Campos, tem o líder do Governo Dilmar Dal’Bosco, e está recebendo o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho, o deputado federal Fabio Garcia, o ex-prefeito Mauro Mendes. Não tenho dúvida de que será um dos maiores partidos. Se vier a apoiar o governador, pode ser o fiel da balança, senão vier, não sei. Mas vamos trabalhar para ter o DEM no nosso arco de aliança.

 

MidiaNews – Oferecendo os melhores espaços?

Max Russi – Sim. O DEM tem o Jaime e o Mauro, que podem ser senador, o Adilton Sachetti pode ser também, assim como ser vice-governador. Teremos tranquilidade de dar os espaços que o DEM achar necessário para fazer uma composição.

 

MidiaNews – O senhor deve deixar até abril o comando da Casa Civil para disputar a reeleição como deputado estadual. Qual o balanço faz desses cinco meses no comando da Pasta?

Max Russi – Eu saio agora em março. Foi uma experiência interessante, importante. Vim para cá em um momento de bastantes dificuldades, não só financeira, que continua, mas outros problemas. Nesse período, conseguimos aprovar a PEC do Teto de Gastos, que será importante para Mato Grosso. Ainda não conseguimos sentir os efeitos da PEC, mas vamos sentir nos próximos anos. Fizemos, também, um trabalho importante com a bancada federal, como na questão da emenda da Saúde. Essas duas questões foram importantes e, creio, valeriam a minha passagem pela Casa Civil. Fora isso, o atendimento do dia a dia, a conversa com os Poderes. É muito mais difícil estar à frente da Casa Civil em um momento de crise financeira pela qual passa o Estado. Estamos vivendo um momento difícil, tanto é que não paga emendas impositivas, tem problema com salário, com pagamento da Saúde, com custeio de fornecedores. Tudo isso dificulta e acaba dificultando e vindo estourar aqui na Casa Civil.

 

MidiaNews – Antes de assumir a Casa Civil, havia uma crítica com relação a conversa do Executivo com a Assembleia. Hoje, há um maior diálogo entre os Poderes?

Max Russi – Temos uma conversa muito boa. Mas cada dia mais próximo da eleição, será um dia mais difícil para o chefe da Casa Civil. E a rapidez nas definições e no atendimento aos deputados tem que ser maior, porque a cobrança será maior. Não dá para atender a todos os pleitos e isso acaba impactando na vida eleitoral do parlamentar. Então, vai ser um período difícil. O começo do mandato é sempre mais fácil estar na Casa Civil. Mas de agora até o final do ano, tem que ter muito mais diálogo, mais apoio, porque senão vai ter muita dificuldade na aprovação de projetos.

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

"Eu saio agora em março. Foi uma experiência interessante, importante. Vim para cá em um momento de bastantes dificuldades"

MidiaNews – O senhor teve apoio dos colegas parlamentares para vir para Casa Civil dando a garantia de que liberaria as emendas parlamentares. Hoje, ainda há dificuldade no pagamento dos valores. Isso te deixou frustrado?

Max Russi – Me deixa bastante chateado. A gente já começou a fazer alguns pagamentos. Ainda não é o ideal. Eles querem, e com razão, o pagamento das emendas de forma mais rápida. São obras propostas nos Municípios. São importantes. Os prefeitos cobram. A gente está pagando na medida do possível. A gente está avançando, precisa avançar mais. E fico, sim, chateado de não conseguir efetivar todos os pagamentos que queremos que seja feito até minha saída. São R$ 50 milhões em emendas.

O principal problema é a falta de dinheiro. Algumas obras já estão aprovadas, algumas estão em andamento. Mas a falta de dinheiro é a razão pela qual o Governo não está conseguindo honrar compromissos. 

 

MidiaNews – A oposição diz que não tem recebido emendas.

Max Russi – A oposição também recebe algumas emendas, é impositiva, mas é que os deputados, de um modo geral, têm recebido muito pouco. A crítica é de que estão pagando só algumas, mas eles também têm recebido.

 

MidiaNews – Apesar de o governador não falar publicamente de eleição, nos bastidores já se conversa sobre o processo eleitoral. Na Assembleia, a pauta ficou travada em fevereiro e neste início de março por ausência não só da oposição em plenário, como também da base governista. Como analisa este momento do Executivo em ano eleitoral?

Max Russi – É um momento que temos que manter bastante conversa. O período eleitoral é tudo mais complicado. Os atendimentos precisam ser mais rápidos e precisam acontecer. Mas o Governo tem passado, ao longo dos últimos três anos, uma situação financeira muito complicada, muito apertada. Muitas dessas cobranças dos deputados passam pela questão financeira. Mas não há dinheiro para cumprir as demandas. Quando um hospital de Barra do Bugres fecha, por exemplo, é um deputado ligando. E fechou por quê? Falta de pagamento. A grande maioria dos nossos problemas é por falta de dinheiro.

 

MidiaNews – Então, Governo entra desgastado em ano eleitoral?

Max Russi – A questão da falta de recurso acaba desgastando, porque atrasa Saúde, atrasa fornecedor, alimentação. Atrasa de um modo geral e tudo isso gera desgaste. O empresário também tem seu compromisso e, nisso, ele não consegue honrar. Então, realmente a questão financeira acaba causando um desgaste grande ao Estado.

 

MidiaNews – É possível reverter isso?

Max Russi – Vai ser possível. Vai ser criado o Fundo de Estabilização Financeira. Se esse fundo avançar, e estamos conversando com todos os setores, e for aprovada na Assembleia, teremos um recurso que não vai para a folha, não vai para os Poderes, será única e exclusiva para quitar os restos a pagar. Então, são duas estratégias interessantes para acabar com essa crise: a primeira foi a PEC do Teto e o Fundo de Estabilização.

A receita de 2018 está reagindo. O cenário do Governo Federal está tendo uma melhora. Em 2017, a União não repassou os recursos que o Estado precisa. Foi a menos. Este ano já começou melhor. Com essa arrecadação crescendo, a gente consegue equilibrar as finanças; com o Fundo pagar as contas passadas; e ter uma situação no futuro próximo.

 

MidiaNews – Como vai funcionar o Fundo de Estabilização? Quem vai contribuir?

Max Russi – Essa é uma proposta do Rogério Gallo, que entende que Mato Grosso precisa estancar a questão do déficit financeiro, senão teremos o ano de 2018 contaminado. O objetivo é pagar 2018 dentro do ano de 2018. Mas temos um passivo, e esse fundo visa pagar esses valores. Esse fundo teria a contribuição de todos. Por isso está sendo conversado com segmentos, sindicatos, associações, setores mais variados da econômica, com os Poderes, para que todos possam dar sua contribuição. Precisamos fechar a questão do déficit financeiro do Estado e, com a contribuição de todos, organizar esses pagamentos, em especial os da área da Saúde, que é a maior dificuldade, onde o povo sofre mais. Por isso, o Gallo propôs esse fundo. O governador não aceitou mandar esse fundo para Assembleia sem fazer um amplo debate, diálogo e conversar da forma que tem que conversar com segmentos. Os Poderes já estão dando uma contribuição com um percentual do custeio, os aumentos dos repasses não serão como vinham sendo. E tem, também, a questão dos incentivos, que seria tirar parte dos benefícios concedidos que foram dadas à várias cadeias, vários setores. O agronegócio também está em negociação para ver o que é possível ajudar. Com esse recurso, cria-se o fundo, que não irá para Poderes, pessoal, somente para pagamento de contas atrasadas do Poder Executivo.

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

"Se aprovarmos o fundo e com o avanço da PEC, os servidores terão um quadro muito mais tranquilo com relação ao pagamento de seus salário"

MidiaNews – Houve muita crítica com relação a proposta. Acredita que será possível aprová-la?

Max Russi – Por isso que não é uma proposta fechada e não enviamos nada à Assembleia ainda. Está sendo discutida e vai continuar até ter um consenso, mesmo que não total. Mas que haja certo entendimento que a área financeira e a Saúde precisa de ajuda. O fundo irá durar por 12 meses.

 

MidiaNews – Como o Governo tem enxergado o fato de as contas do exercício 2016 ainda não terem sido votadas na Assembleia? Há temor de que isso seja usado como instrumento de pressão?

Max Russi – Essas contas estão de posse dos deputados e acredito que deva ser votado nos próximos 30 a 60 dias. Elas estão nas comissões, estão fazendo o parecer e assim que isso for ao plenário será votado. Não acredito que seja usado para pressão. Espero que não. Espero que seja aprovado, porque houve aprovação do Tribunal de Contas.

 

MidiaNews – Há algumas semanas, o Governo divulgou que a taxa de crescimento do PIB de Mato Grosso em 2017 pode ser superior a 10% [dados completos ainda não estão fechados]. O Governo foi surpreendido por esses números?

Max Russi – Foi muito bom. Temos um Estado produtor, que tem capacidade de sair antes da crise que outros Estados. A receita do Estado não se performou da mesma maneira, mas isso vai se refletir nos próximos meses, porque com um PIB maior, gira o comércio, aumentam as compras e, teoricamente, impacta no aumento da receita. Nas contas, isso não é sentido de forma imediata, porque é muito por conta do setor do agronegócio, em que boa parte é desonerado. Mas impacta em um segundo momento.

 

MidiaNews – Com a aprovação de medidas como a PEC do Teto e a do Fundo de Estabilização, os servidores não terão mais que sofrer com a possiblidade de atraso salarial?

Max Russi – Se aprovarmos o fundo e com o avanço da PEC, os servidores terão um quadro muito mais tranquilo com relação ao pagamento de seus salários. O governador Pedro Taques está preparando o Estado para os próximos anos. Com certeza o próximo Governo receberá um Estado muito melhor do que este que o governador recebeu. As leis que tem agora são para melhorar a eficiência administrativa do Estado.

 

MidiaNews – Há algumas semanas, o secretário de Fazenda Rogério Gallo anunciou que o Banco Mundial havia colocado como condição para comprar a dívida do Bank Of America o não-pagamento da RGA. Depois, voltou atrás. Afinal de contas, o que há de verdade sobre a RGA nesta negociação?

Max Russi – O governador não aceita mexer na questão da RGA. Ele deu todas as RGA, todas as leis de carreira foram cumpridas. E ele não coloca na mesa de negociação a questão de não dar esse reajuste. Eu não presenciei, em nenhum momento, ele discutindo a possibilidade de não acontecer a RGA. A discussão com o banco continua, está tranquila. Estamos mostrando que a nossa prioridade é estar organizando as despesas, diminuição do custeio. Creio que vai ser possível e vai ser melhor, porque eles vão pegar nossa dívida com o Bank of America. A ideia é que a dívida não seja mais dolarizada.

 

MidiaNews – A Operação Bereré descobriu um esquema de propina no Detran. Por causa disso, a CGE recomendou a intervenção do Detran no contrato com a EIG Mercados. Na última semana, a Controladoria anunciou a rescisão do contrato. Como o Governo recebeu esse episódio?

Max Russi – O Thiago, presidente do Detran, está cuidando dessa questão. Está tendo acompanhamento do Ministério Público, Delegacia Fazendária. E se tiver secretário ou ex-secretário envolvido ou quem estiver envolvido, tenho certeza que a Justiça vai apurar e punir aqueles que fizeram alguma coisa errada. Mas não podemos julgar antes de concluir o processo. Enquanto isso, estamos bastante tranquilos, porque não foi o Governo Taques que começou tudo isso. Tudo começou lá atrás e precisa ser investigado.

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

"Até este momento, não. Não tem nada que acuse o governo de ter feito algo de errado em relação ao Detran"

MidiaNews – A operação não atinge de forma nenhuma o Governo?

Max Russi – Não, pelo menos o governador não. Muitas vezes a população mistura todos os políticos, ficam todos no mesmo rol. Eu, sinceramente, acho que se existe algum ilícito, tem que ser investigado e punido quem, porventura, tenha feito alguma malversação do dinheiro público.

 

MidiaNews – O Governo não errou em rescindir o contrato antes?

Max Russi – Tem que ver as implicações que isso demandaria. É difícil ter uma análise sem conhecer o contrato, a forma com que foi feito. Tudo isso tem que ser levado em conta. Eu não entrei muito nessa pauta, porque entendi que isso era um problema que vinha do Governo passado, foi mal feito no governo passado e que o nosso governo não tinha feito nada errado. Precisa apurar se não houve nada errado por parte do nosso governo como vai ser apurado e colocado às claras, porque hoje em dia não tem mais como impedir investigações.

 

MidiaNews – Então, a Operação Beberé não chamusca o Governo Taques?

Max Russi – Não. Até este momento, não. Não tem nada que acuse o governo de ter feito algo de errado em relação ao Detran. A CGE fez a recomendação e a forma como ocorreu a operação, como tudo está escancarado, a melhor coisa é a rescisão do contrato. Não tem lógica, depois de tudo que foi comprovado, continuar trabalhando com essa empresa que desviou dinheiro e pagava propina para agentes públicos.

 

MidiaNews – Com relação aos alvos, deputados Eduardo Botelho, principal aliado do governador, e o Mauro Savi. Ambos também alvos de delação do ex-governador Silval Barbosa. Devem sofrer esses impactos nos projetos eleitorais deles?

Max Russi – A questão política-partidária eu não sei. O Mauro Savi é deputado há alguns anos, foi o mais votado de 2014, com mais de 55 mil votos. Ele tem uma base consolidada e vai continuar esse trabalho. O Botelho é presidente da Assembleia, foi também um dos mais votados. Acho que a população vai fazer análises. Se achar importante a volta deles à Assembleia, eles irão voltar. Isso vai depender do trabalho que eles têm feito nos Municípios. Acredito que eles têm condições de mostrar esses trabalhos. Eu não faço prejulgamento deles.

 

MidiaNews – Mas 2014, quando foram eleitos, não tinha delação do Silval nem do Teodoro Lopes, o Dóia.

Max Russi – Sim. Era outro momento, outro cenário político. Mas a eleição proporcional representa um pedaço do eleitorado. Você representa uma fatia do eleitorado, e essa fatia lhe dá condição de ser eleito. Acho que a Assembleia é um reflexo de nossa sociedade. Os deputados são reflexos dos eleitores que votam. Essa avaliação a população vai fazer em outubro e de forma mais crítica.

Midia News.

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