As primeiras voltas do GP da China sugeriram uma corrida e sem grandes emoções. Mas quem desligou a TV perdeu uma prova sensacional e marcada por muitas reviravoltas. Sebastian Vettel liderou o primeiro trecho da disputa, mas uma cochilada da Ferrari na estratégia permitiu a Valtteri Bottas tomar a dianteira e seguir para uma vitória que parecia representar a reação da Mercedes. Mas a entrada do safety-car em razão do incidente envolvendo Pierre Gasly e Brendon Hartley mudou tudo. A Red Bull foi bem mais esperta que as rivais e chamou seus pilotos para colocar pneus macios novos. Muito mais centrado que o estabanado Max Verstappen, Daniel Ricciardo empreendeu uma reação incrível e, com duas manobras incríveis de ultrapassagem, venceu de forma espetacular e improvável neste domingo (15).
Com pneus mais novos e mais rápidos, em teoria era Verstappen o grande favorito ao topo do pódio na parte final da corrida. Mas o holandês, ainda que seja dono de talento ímpar, mostrou que ainda precisa aprender muito. Max errou ao tentar passar Lewis Hamilton e Vettel. Na manobra contra o alemão, bateu na Ferrari e rodou junto com Seb, arruinando sua própria corrida e também a do alemão. Nas voltas finais, o tetracampeão perdeu muita performance, foi superado por Fernando Alonso e quase foi superado também pela Renault de Carlos Sainz.
Bottas ainda conseguiu salvar um bom segundo lugar, repetindo o resultado do GP do Bahrein, enquanto Kimi Räikkönen fechou o pódio. Hamilton ainda conseguiu amenizar o prejuízo de um fim de semana abaixo da crítica e foi o quarto, à frente de Verstappen e Nico Hülkenberg. Alonso somou mais pontos preciosos ao fechar em sétimo, seguido por Vettel, Sainz e Kevin Magnussen, que completou a lista dos dez primeiros.
A próxima etapa do Mundial de F1 acontece em duas semanas: o GP do Azerbaijão, nas ruas de Baku.
Saiba como foi o GP da China de F1
Sebastian Vettel teve de fechar a porta na largada para Kimi Räikkönen para conseguir manter a liderança da prova. O 'Homem de Gelo' acabou perdendo terreno e foi superado por Valtteri Bottas e também por Max Verstappen, que teve a melhor partida dentre os ponteiros e pulou de quinto para terceiro. E Lewis Hamilton, ao contrário, perdeu uma posição e caiu para quinto lugar, ficando logo à frente de Daniel Ricciardo, das Renault de Nico Hülkenberg e Carlos Sainz e das duas Haas, de Romain Grosjean e Kevin Magnussen. Mais atrás, os pilotos da Force India lutavam pela 14ª posição. Sergio Pérez, que perdeu quatro posições, estava logo atrás de Esteban Ocon. Destaque para Lance Stroll, que pulou de 18º para 12º.
Vettel aproveitava a dianteira e a pista limpa à frente para impor seu ritmo e aumentar a vantagem perante os rivais. Com seguidas voltas mais rápidas, o alemão já conseguia abrir quase 3s para Bottas com apenas quatro voltas completadas. Mais atrás, a prova apresentava um cenário mais real quanto às forças da F1: depois de Ferrari, Mercedes e Red Bull, Renault e Haas despontavam como as melhores do pelotão intermediário, e só então, em 11º na corrida, aparecia Fernando Alonso.
Vettel manteve a dianteira na largada e Bottas passou Räikkönen em Xangai (Foto: AFP)
No fim do pelotão, chamava a atenção a ordem da Toro Rosso, que pediu a troca entre Brendon Hartley e Pierre Gasly, valendo pela… 18ª posição. A Haas fez o mesmo e pediu para Romain Grosjean liberar passagem para Magnussen, que subiu para o nono lugar. A equipe alegou estratégia, já que o dinamarquês tinha pneus macios, contra os ultramacios do franco-suíço. Mas Romain não gostou e reclamou pelo rádio pela troca ter sido cedo demais, apenas na sexta volta.
Fora isso, a corrida carecia de emoção, já que as poucas brigas se limitavam ao pelotão intermediário. A melhor delas, que durou por algumas voltas, foi entre Alonso e Grosjean valendo pelo décimo lugar. Mas a diferença de Vettel para Bottas já era de 3s com 13 voltas completadas. Lá na frente, todos os seis primeiros tinham suas posições bem seguras. A esperança de uma corrida mais movimentada estava na estratégia. Alguns pilotos já faziam seus pit-stops. A Red Bull, particularmente, fez um grande trabalho e trocou com muita competência os pneus de Verstappen e Ricciardo com intervalo de segundos entre os dois pilotos.
Na volta 19, era a vez de Hamilton fazer sua parada para a Mercedes trocar os macios pelos médios, claramente para seguir até o fim da corrida. No giro seguinte, a equipe prateada chamou Bottas para fazer o mesmo procedimento. Mercedes e Red Bull adotaram a mesma estratégia. Dentre as ponteiras, a Ferrari segurou um pouco mais antes de chamar seus pilotos. Vettel foi o primeiro a fazer seu pit-stop, na volta 21. Bottas aproveitou o melhor trabalho da Mercedes e a volta que teve a mais com os pneus novos e conseguiu voltar à frente do alemão, no famoso 'undercut'. Räikkönen era o líder, mas tinha uma troca de pneus pendente.
Kimi seguia na frente, mas Bottas tinha ritmo muito melhor e descontava bem a vantagem para o compatriota. A tendência era que Räikkönen perdesse até mesmo sua posição para Verstappen após seu inevitável pit-stop. Max se sustentava em quarto, mas começava a ver a aproximação de Hamilton. E lá na frente, na briga real pela vitória, Bottas estava 1s2 à frente de Vettel.
Na prática, Kimi ficou na pista para servir como escudeiro de Vettel, e assim foi. Na volta 26, finalmente Bottas conseguiu passar o 'Homem de Gelo' com direito a uma bela manobra. Räikkönen bem que tentou segurá-lo, mas não foi possível. Vettel veio logo atrás e passava a pressionar o #77 na luta direta pela vitória. Kimi enfim fazia sua parada, mas a jogada da Ferrari foi toda errada para o nórdico, que voltou apenas em sexto, atrás até de Ricciardo. A segunda metade da corrida passou a ter uma dinâmica muito mais tática entre Mercedes e Ferrari.
Enquanto a briga pela vitória começava a esquentar, Pierre Gasly, grande estrela do GP do Bahrein, cometia erro de novato ao perder o ponto da freada no hairpin, na curva 14. Pior: acertou o carro do seu parceiro de Toro Rosso, Brendon Hartley. O francês foi punido em 10s. O incidente movimentou a corrida como um todo, já que a direção de prova acionou o safety-car para remover os detritos da pista. E isso motivou uma série de pit-stops. A Red Bull mudou a estratégia e espetou pneus macios nos carros de Verstappen e Ricciardo. Uma tentativa oportuna e inteligente de dar o pulo do gato. Bottas, Vettel e Hamilton formavam o top-3, todos com pneus médios. Verstappen aparecia logo atrás após o pit-stop e tinha pneus novos e mais rápidos.
O SC deixou a pista na volta 36. Vettel 'cochilou' na relargada e Bottas abriu vantagem de 1s3, enquanto Verstappen começava a apertar Hamilton, enquanto Räikkönen já era pressionado por Ricciardo, que ganhou a quinta posição duas voltas depois com uma bela ultrapassagem. No pelotão intermediário, Alonso e Carlos Sainz passavam Grosjean e entravam no top-10.
Ricciardo passa Hamilton em momento decisivo do GP da China (Foto: Reprodução)
Com muito mais ritmo, Verstappen forçou a ultrapassagem sobre Hamilton por fora na curva 8 e perdeu o controle da sua Red Bull. O holandês passeou pela grama, o que permitiu que Ricciardo ganhasse a quarta colocação. Com mais frieza, o australiano feza ultrapassagem sobre Lewis no fim da volta 40, partindo para cima de Vettel e Bottas, arrancando aplausos dos mecânicos da Red Bull e fazendo Christian Horner vibrar. Daniel se tornava o maior favorito à vitória. A performance da Red Bull era tão melhor que a das rivais que logo Verstappen conseguia passar Hamilton, dessa vez sem sustos.
Em seguida, Ricciardo deixava Vettel para trás e assumia a segunda colocação, tendo apenas Bottas à sua frente. E Verstappen aprontava de novo. No hairpin depois da longa reta de Xangai, o holandês colocou por dentro para tentar passar Vettel, mas tocou na Ferrari e os dois rodaram. Seb levou a pior e caiu para sétimo lugar. Ricciardo, muito mais centrado, fez a grande manobra da corrida. Espetacular, Daniel colocou por dentro na curva 6, passou Bottas e assumiu a liderança e rumou para uma vitória incrível e improvável na China.
Pelo incidente com Vettel, Verstappen sofria 10s de punição e perdia um pódio certo na China. Bottas seguia em segundo, com Räikkönen em terceiro, Hamilton em quarto e Vettel apenas em sétimo, tendo o compatriota Hülkenberg à sua frente. Mas Seb perdeu muita performance no fim, a ponto de ser superado até mesmo por Fernando Alonso. O piloto da Ferrari ainda teve de suportar uma pressão final de Carlos Sainz, mas ao menos conseguiu se sustentar em oitavo lugar, salvando dois pontos para o campeonato.
F1 2018, GP da China, Xangai, corrida:
1 | 3 | Daniel RICCIARDO | AUS | Red Bull Tag Heuer | 56 voltas | ||
2 | 77 | Valtteri BOTTAS | FIN | Mercedes | +8.894 | ||
3 | 7 | Kimi RÄIKKÖNEN | FIN | Ferrari | +9.637 | ||
4 | 44 | Lewis HAMILTON | ING | Mercedes | +16.985 | ||
5 | 33 | Max VERSTAPPEN | HOL | Red Bull Tag Heuer | +20.436 | ||
6 | 27 | Nico HÜLKENBERG | ALE | Renault | +21.052 | ||
7 | 14 | Fernando ALONSO | ESP | McLaren Renault | +30.639 | ||
8 | 5 | Sebastian VETTEL | ALE | Ferrari | +35.286 | ||
9 | 55 | Carlos SAINZ JR | ESP | Renault | +35.763 | ||
10 | 20 | Kevin MAGNUSSEN | DIN | Haas Ferrari | +39.594 | ||
11 | 31 | Esteban OCON | FRA | Force India Mercedes | +44.050 | ||
12 | 11 | Sergio PÉREZ | MEX | Force India Mercedes | +44.725 | ||
13 | 2 | Stoffel VANDOORNE | BEL | McLaren Renault | +49.373 | ||
14 | 18 | Lance STROLL | CAN | Williams Mercedes | +55.490 | ||
15 | 35 | Sergey SIROTKIN | RUS | Williams Mercedes | +58.241 | ||
16 | 9 | Marcus ERICSSON | SUE | Sauber Ferrari | +1:02.604 | ||
17 | 8 | Romain GROSJEAN | FRA | Haas Ferrari | +1:05.296 | ||
18 | 10 | Pierre GASLY | FRA | Toro Rosso Honda | +1:06.330 | ||
19 | 16 | Charles LECLERC | MCO | Sauber Ferrari | +1:22.575 | ||
20 | 28 | Brendon HARTLEY | NZL | Toro Rosso Honda | +4 voltas | NC | |
Recorde | Sebastian VETTEL | ALE | Ferrari | 1:31.095 | 14/04/2018 | ||
Melhor volta | Michael SCHUMACHER | ALE | Ferrari | 1:32.238 | 26/09/2004 |