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“Em nenhum momento ela reduziu a velocidade”, diz testemunha

A principal testemunha do acidente da noite do último sábado (14), na Avenida Miguel Sutil – que resultou na morte do verdureiro Francisco Lúcio Maia -, afirmou que a médica Letícia Bortolini não reduziu em nenhum momento a velocidade, mesmo após ter atingido a vítima.

“Ela estava em alta velocidade. Eu estava de costas e só ouvi um barulho muito alto. Em seguida, vi ele 'abraçado' na árvore, onde foi arremessado. Em nenhum momento ela sequer chegou a diminuir a velocidade”, declarou o motoboy B.D, que aparece nas imagens do acidente. 

B.D. falou com a reportagem do MidiaNews no final da tarde desta quarta-feira (18) em um posto de combustível em Várzea Grande. Ele deu entrevista com a condição de que sua imagem e nome não fossem divulgados.  

Ele havia parado na Miguel Sutil na noite de sábado para sacar dinheiro no Banco Itaú, mas não conseguiu entrar porque a agência estava em obras. 

B.D. conta que estava na avenida quando percebeu que o verdureiro, a quem já conhecia, tinha dificuldade de atravessar a via. Já no canteiro central, ele se aproximou e perguntou se Francisco precisava de ajuda e ainda o questionou sobre seu destino.

“Eu vi ele no canteiro. Desci do carro e fui ajudá-lo a atravessar. Aí perguntei: 'Você vai atravessar para onde? Vai para o Cophamil?' E ele falou: 'Vou, vou para o Cophamil'”, relatou.

O motoboy explicou que, quando ajudava o feirante, a prancha do carrinho de verduras teria se mexido, momento em que Francisco pediu que ele fosse arrumá-la. B.D. relatou que esse detalhe pode ter salvado sua vida. 

“Eu me virei de costas para arrumar a prancha e só escutei o barulho do carro batendo nele. Quando olhei para o lado, ele já estava no chão, morto. Morreu na hora. Nem respirou, nem agonizou nada. Bateu, morreu. Se isso não tivesse acontecido [a prancha se movido], eu também poderia estar morto agora”, completou.

Após o impacto e a confirmação da morte de Francisco, B.D. imediatamente foi até seu carro e passou a seguir o Jeep Compass branco da médica. Mesmo dirigindo, ele acionou o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública de Mato Grosso (Ciosp) pelo número do 190.

“Quando vi que os responsáveis sequer diminuíram a velocidade, fui atrás. Fui acompanhando e ligando para o 190. O 190 perguntou: 'Você está acompanhando um carro?' Eu falei: 'Estou. Acabou de acontecer um atropelamento, a pessoa veio a óbito e eu estou seguindo'. Aí eu passei a placa do veículo e fui acompanhando. Consegui acompanhar até o condomínio onde eles entraram. Mas não tive como entrar”, relatou.

Durante a entrevista, a testemunha explicou que viu somente o cabelo de uma mulher no veículo, acreditando ser a médica que estivesse ao volante. No entanto, ele questionou o depoimento do marido, o também médico Aritony de Alencar Menezes, que declarou estar dormindo na hora do fato.

“Enquanto eu os seguia eu vi um cabelo. Para mim parece um cabelo de mulher. E do lado direito vi um braço. Mas não sei informar se era um braço feminino ou masculino. Como uma pessoa que estava dormindo vai colocar o braço para fora?”, questionou.

 

Conhecia Francisco

B.D. explicou que conhecia Francisco, de quem comprava verduras toda semana.

“Eu conhecia porque ele morava e vendia verduras no mesmo bairro em que eu trabalho. Era gente boa. Eu não era de conversar muito com ele, mas comprava lá, sempre nos domigos e às vezes durante a semana. Eu gostava de comprar verdura com ele. Eram fresquinhas, sem nada de agrotóxicos”, disse.

A testemunha ainda afirmou que na hora o seu sentimento, diante do acidente foi de raiva e revolta. Pois, segundo ele, é "triste" ver um motorista atropelar uma pessoa e nem sequer parar para ver o que aconteceu.

“Quando vi que eles não pararam, fiquei com muita raiva e revoltado. Pois você, como motorista, ver uma pessoa atropelar outra e ir embora sem uma assistência, sem nada. Se pelo menos parasse lá na frente. Mas em momento nenhum, nem sequer freiou, não ligou, não parou, não fez nada. Isso nos leva a questionar que tipo de médica é ela”, completou.

O acidente está sendo investigado pela Polícia Civil. 

 

Soltura 

O acidente aconteceu por volta das 19h40, quando o casal deixava o Festival Braseiro, onde havia open bar de chopp.

A médica, que chegou a ser presa em flagrante no sábado (14) à noite, está em casa desde a segunda-feira (16), quando desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, deferiu o pedido de habeas corpus.

Letícia estava presa no presídio feminino Maria do Couto May. A tese principal do advogado é a de que a médica não poderia ficar presa em razão de ter um filho de apenas um ano e seis meses, que precisa de seus cuidados.

Midia News.

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