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Perdido na mata por 5 dias, piloto usou capacete para se proteger e não ouviu rojões de resgate

Maicon Semencio Esteves, de 27 anos, que desapareceu após a queda de aeronave agrícola que pilotava, no Distrito de União do Norte, em Peixoto de Azevedo (a 696 km de Cuiabá) ficou com capacete durante os dias de busca, o que impossibilitava que ele ouvisse barulhos dos rojões que foram soltos quando uma força-tarefa o procurava. Segundo o Corpo de Bombeiros, a aeronave caiu no sábado (3) e não domingo (4), como divulgado anteriormente. Ele foi encontrado nesta quarta-feira (7). Suspeita-se que uma pane seca tenha provocado o acidente.

O tenente do Corpo de Bombeiros, Fonseca, que comandou as buscas, explicou que o piloto vinha no avião baixo e, no rasante, possivelmente por pane seca, caiu. Na queda se iniciou um incêndio e na saída às pressas, Maicon queimou braços, mãos e face.
 
Usando o GPS do celular, ele viu a estrada que estava perto, mas a bússola indicava um caminho reto pela floresta. Quando tentou caminhar pela floresta, no entanto, encontrou dificuldade. De acordo com o militar, é impossível fazer o deslocamento em linha reta, já que é preciso fazer curvas, contornar árvores e cipós. Foi nestas voltas que ele se perdeu, não encontrou a estrada e caminhou muito mais do que esperava.
 
O acidente
 
O acidente foi testemunhado por um agricultor que estava a cerca de 500 metros do local da queda, arando a terra. Ele viu o momento em que avião desceu rapidamente e não subiu. Ele seguiu até uma fazenda próxima e avisou na sede para chamar o socorro.
 
Somente na segunda-feira (5), foram vistos galhos quebrados por pessoas que começaram as buscas e por dois policiais militares. Os PMs encontraram a porta do avião aberta e um canivete a alguns metros da aeronave, o que indicava o deslocamento do piloto. A cabine também estaria intacta.
 
As buscas
 
O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 11 horas daquele dia. Às 14h30, uma equipe do Corpo de Bombeiros de Colíder, composta pelo tenente Fonseca, sargento Veloso e soldado Evaristo iniciaram as buscas.
 
Conforme os bombeiros, todo deslocamento é dificultado pela distância de Colíder até o distrito de União do Norte, e também até o local da queda do avião, que ocorreu dentro da floresta.
 
No segundo dia de busca, terça-feira (6), os bombeiros caminharam entre quatro e cinco quilômetros em linha reta na mata fechada. Durante toda terça-feira os bombeiros ficaram dentro da floresta, não saíram, não foram vistos pelos policiais militares nem pelas pessoas das fazendas. Gritaram e soltaram fogos na esperança de que o piloto respondesse, porém, sem sucesso.
 
 A localização do piloto
 
Já na quarta-feira, dia que o piloto foi encontrado, bombeiros da cidade de Sorriso (a 418 km de Cuiabá) chegaram pela manhã com um cão de busca. Na mesma manhã, o Corpo de Bombeiros também mobilizou um grupo de 30 trabalhadores da fazenda São João, munidos de facões. Iniciou-se uma força-tarefa em busca de Maicon. O grupo fez um “pente fino” e conseguiu localizar o piloto próximo de um córrego.
 
A cerca de 200 metros, uma caminhonete particular conseguiu chegar.  Ela o transportou até o distrito de União do Norte. Lá, uma unidade de resgate do município de Peixoto de Azevedo fez os atendimentos, os primeiros socorros nos ferimentos e aplicou soro no piloto, que ainda continua internado.
 
O irmão do piloto, Diego Semencio Esteves, disse ao Olhar Direto que ainda não há previsão de alta, mas que a família esta tentando fazer a transferência dele para um hospital de Sinop ou Sorriso.
 
Dias na mata
 
Depois de caminhar por muito tempo, o piloto parou nesse local e ficou bebendo água, mas mesmo ingerindo liquido, ele estava muito debilitado pelas queimaduras, arranhões causados por espinhos na mata e por machucados no pé que sofreu de tanto caminhar.
 
Para proteger o rosto dos espinhos, o piloto ficou com capacete de voo, o que dificultou a percepção dos fogos e dos chamados que foram feitos durante toda a terça-feira, dia que os bombeiros mais fizeram buscas e que ficaram mais tempo na mata.
 
Maicon estava cansado, sem condições de caminhar mais. Ele tinha feridas abertas e insetos que causavam mais ferimentos na pele. Durante os cinco dias, ele se alimentou somente com bolachas que trazia consigo. O resgate aconteceu em uma maca improvisada.  

Os bombeiros durante a busca se feriram em urtigas e espinhos, ficaram com carrapatos presos à pele e viram um grupo de queixadas (porcos do mato) agressivo. Eles iam dormir à meia-noite e estavam na mata assim que o sol nascia, segundo relatou o tenente que comandou a ação.

Os moradores do município Primeiro de Maio (PR), onde o rapaz mora, soltaram fogos quando receberam a informação de que ele havia sido localizado com vida. 

 

Fonte: Olhar Direto

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