Fonte: Msn
O Estado, por exemplo,revelou o caso de Claudionor Gerbatim de Lima e Márcio da Silva Gerbatim. Eles são parentes de Fabrício Queiroz, pivô da investigação envolvendo Flávio e seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que está suspensa por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os Gerbatim também trabalharam no gabinete de Carlos na Câmara e não têm registros de frequência.
Confirmada pelo Estado, a informação sobre a instauração dos procedimentos abertos pelo Ministério Público estadual foi revelada pela revista Época. As investigações, que estão sob sigilo, correm em duas esferas: a criminal, que está nas mãos do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, com auxílio do Grupo de Atribuição Originária Criminal (Gaocrim); e a cível, na qual se verifica se houve improbidade administrativa.
As investigações contra Flávio Bolsonaro, que apuram as práticas de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, estão suspensas por terem usado informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem autorização judicial prévia. Dias Toffoli suspendeu provisoriamente todos os casos enquadrados nesse perfil.
Esses procedimentos contra Carlos, contudo, não têm relação com dados de movimentações financeiras fornecidos por órgãos de controle — e, portanto, podem ser tocados normalmente pelo Ministério Público.
Procurado para comentar o caso, o vereador não foi localizado. Ele pediu licença da Câmara nesta terça-feira, 10, para tratar de assuntos particulares. Já a Câmara do Rio disse apenas que ainda não foi notificada pelo Ministério Público.
Eldorado Expresso: Carlos Bolsonaro diz que Brasil não terá transformação rápida por ‘vias democráticas’
Reprodutor de vídeo de: YouTube (Política de Privacidade)
As ligações dos gabinetes de Bolsonaro, Flávio e Carlos
Quando a Justiça autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Flávio e de outras 85 pessoas e nove empresas ligadas a ele, verificou-se que várias delas também haviam trabalhado com o presidente Jair Bolsonaro e com Carlos — inclusive no período considerado pela quebra de sigilo, entre janeiro de 2007 a dezembro de 2018.
Ou seja: ao analisar os dados dessas pessoas, o MP inevitavelmente detectaria transações feitas pelos outros membros do clã.
No entanto, se o MP estadual encontrasse alguma irregularidade relacionada a Jair Bolsonaro, o caso teria que ser remetido à Procuradoria-Geral da República. E, como o processo está suspenso, os promotores fluminenses tiveram que parar de cruzar as informações nos sistemas internos do órgão.
Durante o período abarcado pela quebra dos sigilos, cinco funcionários de Flávio também passaram pelo gabinete do pai na Câmara dos Deputados ou por seu escritório de apoio no Rio, quando ele era deputado federal. E dois — os Gerbatim — pelo gabinete de Carlos na Câmara Municipal.
A prática de trocar de assessores entre si é comum na família Bolsonaro. Há, inclusive, diversos relatos de familiares nomeados em mais de um gabinete. A maioria é ligada a uma das ex-mulheres do presidente, Ana Cristina Valle, e mora em Resende, no Sul do Rio.
Câmara do Rio muda padrão de resposta via Lei de Acesso à Informação
Muitos dos casos revelados pela imprensa sobre supostos funcionários fantasmas, incluindo o dos dois ex-assessores ligados a Queiroz no gabinete de Carlos Bolsonaro, foram descobertos por meio da Lei de Acesso à Informação.
A Câmara do Rio, no entanto, mudou o padrão de resposta a esse tipo de solicitação — sobre emissão de crachás e registros de entrada na Casa — depois que as reportagens foram publicadas.
Quando o Estado revelou que os Gerbatim não tinham emitido crachá ou entrado como visitantes na Câmara, o órgão respondeu com uma tabela elucidativa, na qual constavam claramente as informações solicitadas. Informou ainda, quando procurada via assessoria de imprensa, que essas eram as únicas formas de um servidor comprovar frequência.
Depois, porém, em outro pedido parecido, a Câmara mudou seu posicionamento. Informou que os crachás não funcionam como comprovantes de frequência e alegou não ter informações sobre os registros de acesso à Casa. Finalizou a resposta dizendo que a frequência é atestada pelas Folhas de Frequência Mensal — que, no caso de funcionários de gabinetes de vereadores, são assinadas pelos próprios parlamentares.