Fonte: Olhar Direto
De aliados a inimigos políticos, o trio composto pelos tucanos Pedro Taques e Nilson Leitão e pela senadora cassada Selma Arruda (PODE) voltou a ter seus nomes envolvidos numa das principais polêmicas da política no Estado esta semana. Taques e Leitão, que eram colegas de chapa de Selma em 2018, travaram disputa interna no PSDB para assumir a candidatura que definirá o novo ocupante da cadeira que será deixada por ela no Senado. O ex-deputado, por hora, levou a melhor. Taques avalia deixar o ninho tucano.
A “parceria” entre Selma, Leitão e Taques começou a degringolar menos de um mês depois do anúncio de que a juíza aposentada iria ocupar a segunda vaga ao Senado pelo grupo do PSDB, no pleito majoritário de 2018.
Antes mesmo da convenção, Selma Arruda fez uma transmissão ao vivo no Facebook, na qual orientava seus eleitores a não votarem em seus então colegas de chapa. A declaração, à época, enfureceu tucanos, que viram oportunismo na fala da juíza aposentada.
Segmentos do PSDB chegaram a pressionar por uma mudança na chapa majoritária, com a retirada de Selma Arruda da vaga ao Senado. Pedro Taques entrou no circuito e conseguiu apagar o incêndio, contornando a crise e garantindo a aliança.
Porém, a convivência que já não vinha nada bem se agravou com a disputa pelo tempo de propaganda gratuita. Uma reunião chegou a ser convocada para contornar a crise, mas não resolveu o problema.
No dia 31 de agosto daquele ano, Selma convocou coletiva de imprensa, se disse vítima de tentativas de “rasteira” de Nilson Leitão e afirmou que além das questões envolvendo a distribuição de tempo de TV estaria declarando “independência” dos tucanos em razão das delações de Alan Malouf e Permínio Pinto, homologadas pelo Supremo Tribunal Federal e que citavam Pedro Taques. As declarações de Selma resultaram em uma ação de danos morais por parte de Leitão. Mas, após a eleição, ele suspendeu o trâmite do processo.
Eleita com mais de 678 mil votos, Selma derrotou Taques e Leitão nas urnas, mas terminou 2019 com seu mandato no Senado cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Leitão ficou em quinto lugar, no mesmo pleito. Taques, que também foi derrotado em sua tentativa de reeleição, deixou a política para dedicar-se à advocacia, mas se viu entusiasmado com a idéia de reassumir cadeira no Senado.
Nova crise se instalou no ninho tucano no início deste ano, quando o então presidente do PSDB em Mato Grosso, Paulo Borges, disse em entrevista ao Olhar Direto que Pedro Taques havia procurado o partido para manifestar intenção em concorrer ao Senado. Segundo Borges, no entanto, o partido havia fechado consenso em torno do nome de Nilson Leitão.
O ex-governador negou que tivesse se movimentado para viabilizar sua candidatura e, dias depois, o agora ex-presidente do PSDB mudou seu discurso.
Na última quarta-feira (26), no entanto, o atual chefe do PSDB no Estado, deputado Carlos Avalone, voltou a mencionar uma suposta investida de Taques, que teria ocorrido há cerca de um mês. “Não sabemos se ele irá sair do PSDB ou ficar, ou se ele quer se candidatar. Ficamos sabendo dessa vontade do Taques. E se ele me disser que quer ser candidato, a decisão ficará para o dia da convenção, em 11 de março. Mas, nesse momento o nosso pré-candidato do partido é Nilson Leitão”, frisou.
Nos bastidores, Pedro Taques teria sido convidado pelos partidos Cidadania e Solidariedade para compor suas fileiras. Ele estaria aguardando uma consulta ao Tribunal Eleitoral sobre prazo de filiação para quem deseja disputar a suplementar de abril. Procurado pela reportagem, o ex-governador disse que por hora não irá comentar o assunto.
Sem acordo com Taques, na quinta-feira (27) o PSDB oficializou a candidatura de Leitão, em um ato sem a presença do ex-governador. “Ele disse que está avaliando e que no momento que chegar a uma decisão ele irá nos comunicar. É isso que existe em relação ao Pedro Taques”, concluiu Avalone.