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Em conversa com ministro, fazendeiros culpam Sesc por incêndios; direção da reserva contesta

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Fonte: Olhar Direto

Fazendeiros da região do Pantanal aproveitaram a presença do Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles que fez um voo na região que está sendo consumida pelo fogo, em companhia do governador Mauro Mendes (DEM), nesta terça-feira (18) para criticarem o modelo de preservação instalado pelo Sesc nos anos 90, o qual eles classificam como o maior culpado pelas chamas. O manifesto foi contestado pela direção do Sesc Pantanal, que explicou que nenhum dos focos de incêndio tiveram início nas áreas de conservação

Se dirigindo ao ministro e ao governador, representantes dos fazendeiros reprovaram o modelo implantado pelo Sesc em 1996, que segundo eles, expulsou o homem pantaneiro de sua casa e proibiu a criação de gados em uma área de 40 mil hectares, fato, que eles afirmam ser a principal causa dos incêndios.

“Não é este modelo de preservação que queremos. Já tem 20 anos que estamos brigando contra este modelo, que veio para expulsar o pantaneiro da sua origem. O Pantanal deve ser preservado com o homem pantaneiro e com o gado pantaneiro. Os pesquisadores e os inteligentes que vieram para cá há 20 anos querendo nos ensinar, criaram este modelo e todos nós pantaneiros, sabíamos o que isso ia acontecer”, disse um dos fazendeiros, assegurando que a fata de gado na região facilita a criação de focos de incêndio.

“Não temos nada contra ninguém, mas este modelo que o Sesc implantou, precisamos ter coragem de voltar atrás, pois eles erraram. Este modelo de não poder criar gado, isso é gasolina pura. Se não colocarmos boi, este Pantanal não vai viver mais”, afirmou.

Em conversa com o Olhar Direto a superintendente do polo socioambiental Sesc Pantanal, Cristiane Caetano explicou que a área de conservação conta com brigadista se que nenhum dos focos de incêndio no Pantanal surgiram de dentro da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

“Os incêndios não tiveram relação com o Sesc e nenhum foco surgiu de dentro da área. Tivemos dois focos no dia 2 de agosto que vieram de fazendas vizinhas. A reserva existe desde 1996, temos brigada capacitada para incêndio e dizer que somos responsáveis pelo fogo pode ser desconhecimento. As nossas áreas estão cerca de 110 km dos focos de incêndio então as pessoas podem estar mal informadas”, declarou.

Um levantamento feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV) aponta que, somente nos primeiros 13 dias de agosto, 1.317 focos (51%) ocorreram na porção mato-grossense do bioma e outros 1.261 focos (49%) na porção do bioma em Mato Grosso do Sul. Ao todo, se considerarmos os dois estados, o Pantanal já perdeu 10,3% de sua cobertura vegetal.

O bioma Pantanal possui cerca de 15 milhões de hectares de extensão territorial, sendo 10 milhões localizados em Mato Grosso. Deste total, de acordo com o Ibama, do início de 2020 até a semana passada, o fogo já havia destruído 1,55 milhão de hectares, área equivalente a dez municípios de São Paulo.

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