Sesp diz que não recebeu denúncia sobre morte de chiquitanos; BO diz que eles atiraram contra agentes

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

Fonte: Olhar Direto

Após o deputado boliviano Alcides Villagomez afirmar que a Bolívia pediu uma apuração cuidadosa da morte de quatro indígenas pelos policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), no último dia 11 de agosto, a Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp) informou que ainda não recebeu denúncia formal sobre o caso. No entanto, o órgão reiterou que os homens teriam atirado contra os policiais, e que um deles tinha passagem pela polícia brasileira por receptação e falsidade ideológica.

Na ocasião, segundo a Sesp, os policiais teriam atuado após uma denúncia recebida pelo Núcleo de Inteligência, de que haveria indivíduos armados transportando drogas na região da BR-070, em território brasileiro.

A comunidade chiquitana, no entanto, afirma que Arcindo Sumbre García, Paulo Pedraza Chore, Yonas Pedraza Tosube e Ezequiel Pedraza Tosube Lopez – os homens que morreram – estavam retornando de uma caçada, carregando as carnes já secas de porcos do mato nas mochilas, quando foram cercados por policiais e se assustaram.

A assessoria de imprensa da Sesp ainda relatou: “durante o patrulhamento rural, a equipe encontrou vários suspeitos em região de mata portando arma de fogo, sendo três revólveres e uma pistola. O boletim de ocorrência descreve que os suspeitos desobedeceram a ordem policial e atiraram contra os agentes, que reagiram no mesmo nível de força”.

Os chiquitanos foram encontrados pelos policiais após o suposto confronto, ainda feridos, e encaminhados ao Hospital Regional de Cáceres, mas não sobreviveram. Ainda segundo a Sesp, outras nove pessoas foram vistas voltando para a Bolívia com sacos nos ombros “conhecidos como sendo os utilizados por mulas para transporte de entorpecentes”, afirma.

A secretaria afirma que a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) constatou não existir sinais de tortura, após análise dos corpos. “As armas e munições apreendidas foram encaminhadas para a Delegacia Especial de Fronteira (Defron), que conduz o inquérito. Além das armas, foram apreendidas 12 munições intactas no calibre 22, sete munições deflagradas de calibre 38, quatro munições intactas no calibre 38 e dois cartuchos deflagrados de cartuchos”, completa a secretaria.

O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Fronteira (Defron). A Sesp afirma que várias diligências foram realizadas, bem como diversas oitivas e depoimentos tomados. Ainda são aguardados os resultados periciais, como laudo do local do crime, exames de necropsias, entre outros, para continuidade e conclusão do inquérito instaurado. Segundo a secretaria, caso seja apontada irregularidade na conduta dos policiais, irá tomar as providências.

Uma comitiva formada por representantes da UFMT, Fepoimt, Centro de Direitos Humanos Henrique Trindade, Centro de Direitos Humanos Dom Máximo Bienes e Conselho Estadual de Direitos Humanos também analisa o caso, assim como a ouvidoria Geral de Polícia, um órgão de controle, externo às forças de segurança.

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