Fonte: Olhar Direto
O advogado Euclides Ribeiro, que assumiu pré-candidatura ao Senado pelo Avante, irá se reunir nesta tarde com o grupo de partidos que apoiava o vice-governador Otaviano Pivetta (PDT), que essa semana desistiu de participar do pleito. O objetivo, segundo ele, é construir uma chapa que agregue partidos de esquerda e direita num processo que abrande a polarização política no Estado. Se conquistar a aliança, Euclides tende a enfraquecer a tentativa de Carlos Fávaro (PSD) em permanecer no cargo, a quem ele teceu duras críticas
“Liguei para o vice-governador para pedir inclusive o apoio dele e saber quais idéias temos em comum para podermos marchar juntos, se assim for o caso. Já temos uma aliança firmada com o Pros e estamos conversando com o Solidariedade, PDT, PTB, PR, PSL, DC, PSB e PSC. Vejo que a eleição, hoje, está polarizada entre o candidato dos barões do agro [Favaro], um bolsonarista [Medeiros],e a coronela [Fernanda], que não sei se é efetivamente apoiada pelo presidente”, avaliou, em entrevista ao Olhar Direto.
Dono de uma carreira renomada na área da recuperação judicial, Euclides colocou seu nome como possível candidato ao Senado do partido Novo ainda no ano passado. Ele era filiado à sigla desde 2018, mas acabou deixando a legenda após imposições para a composição da chapa.
Em março deste ano, ele protocolou no Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) um pedido de candidatura avulsa. A chapa, na ocasião, era composta pela ex-presidente da Ager-MT, Márcia Vandoni, e pelo medico oncologista Marcelo Bumlai.
Agora, no entanto, mesmo com o amparo de um parecer do Supremo Tribunal Federal (STF) com relação à compreensão do termo fidelidade partidária, Euclides decidiu se filiar a um partido para evitar eventuais questionamentos jurídicos no futuro.
Desde o começo, sua principal bandeira tem sido a renovação do sistema político, em oposição principalmente aos nomes ligados ao agronegócio, que ele classifica como “financistas”.
“Para mim, o Fávaro é do sistema financeiro. Tivemos a possibilidade de diminuir juros de 300%, ele foi lá e votou contra. Tivemos a oportunidade de permitir que o produtor rural faça recuperação judicial, ele foi lá e colocou uma emenda pra tirar isso. Tivemos a possibilidade de melhorar nossa produção de algodão, ele foi lá e pediu R$ 6 bilhões para 3 grandes produtores. Então, ter um senador trabalhando para um grupo de empresários financistas não é bom. Ter mais um defensor de banco, na minha visão, não faz bem para Mato Grosso”, disse.
Candidaturas inexpressivas
Para o advogado, as demais pré-candidaturas até então anunciadas não devem decolar, seja por falta de força ou por, em sua opinião, representarem algo que os eleitores vêm demonstrando insatisfação desde 2018, quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi eleito sob a promessa de “exterminar a velha política”.
“Leitão é mais um dos antigos. Não o conheço, não vi resultados do trabalho dele, porque ele serve a um sistema político que está falido. Medeiros é um bom nome e um bom deputado. Mas acredito que deveria continuar atendendo para aquilo que foi eleito: um deputado que defende o Bolsonaro. Por que vai abandonar o posto? Reinaldo é um empresário que ao meu ver não deve passar da convenção. O PT eu sou contra, quero ficar longe deles, esquecer que já tivemos uma sigla com tanta corrupção. E o PSL hoje em Mato Grosso não tem comando e deve usar o dinheiro da verba partidária para fazer política. Isso é a velha política ocupando espaço novamente”, afirmou.
Simpatizante de Bolsonaro, embora recuse a alcunha de “bolsonarista”, Euclides disse, ainda, que defenderá a gestão do presidente independente da promessa de apoio.
Bolsonaro participou, na última segunda-feira (31), do lançamento da candidatura da tenente-coronel Rúbia Fernanda (Patriotas). “Quantas pessoas tinham lá, você viu? Tem que saber até que ponto ele vai participar disso daí. Não sei se vinga, mas é ela que tem que vingar. A proposta dela é bater continência para o Bolsonaro? Vamos entender o quanto isso pode ajudar Mato Grosso. Mas quem sou eu para dizer a vontade do presidente? Acredito que ter o apoio do Bolsonaro é importante em qualquer caso, mas se estão pedindo e ele está reticente, temos que entender o que o Estado ganha com isso. Eu apoio ele, se ele apóia outro candidato ou a mim futuramente isso não muda”, destacou.