Fonte: Olhar Direto
O maestro Fabrício Carvalho (PDT), candidato a vice-prefeito na chapa de Gisela Simona (PROS), afirma que não há possibilidades de, caso a chapa seja eleita, haver alguma rusga semelhante ao que acontece hoje com o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e o vice Niuan Ribeiro (PODE). Ele, que era pré-candidato a prefeito, mas recuou para acompanhar Gisela, garante entender o lugar de vice ‘com muita clareza’. “Não entrei na política partidária por vaidade. A minha questão de vaidade artística estava resolvida no palco, na Cia Sinfônica, onde eu toco há 27 anos nos finais de semana, sou conhecido, isso está resolvido para mim. Meu projeto é dar a minha parcela de contribuição para a sociedade em quatro anos e depois voltar e cuidar da minha vida”, afirmou, em entrevista ao Olhar Direto.
Fabrício é maestro da Orquestra Sinfônica da UFMT e ficou oito anos à frente da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (Procev), órgão que ajudou a criar na instituição. Também foi secretário de Articulação e Relações Institucionais da universidade. Iniciou sua pré-campanha a prefeito cedo, e no dia 10 de setembro recuou para entrar como vice da ex-superintendente do Procon, Gisela Simona (PROS). Na última quarta-feira (21) ele deu uma entrevista na sede do Olhar Direto. Veja os principais pontos:
Papel do vice
“Eu tenho muita clareza do meu papel de vice, em que pese ela sempre dizer que eu estarei junto, serei prefeito junto, mas eu tenho clareza, o papel do vice-prefeito é de auxiliá-la o máximo possível, é de entregar para ela o máximo possível de assuntos já encaminhados e mastigados para que ela tome a melhor decisão. Auxiliar os secretários todos. Estar por dentro de tudo. Primeiro é você entender o conceito que te levou à prefeitura como candidatos ainda, introspectar esses conceitos todos e uma vez na prefeitura, defender esses prefeitos”.
“A história de Cuiabá mostra alguns capítulos. Você tem Dante de Oliveira prefeito e o Coronel Meirelles vice. Dante sai para concorrer ao governo, e o Coronel Meirelles assume, e assume com muita competência. Um homem sério, correto. Depois você tem Mauro com o deputado Malheiros. O Mauro ganha e o deputado Malheiros nos primeiros dias resolve não assumir, nem assume e volta para a Assembleia Legislativa, e Mauro fica sem vice. Agora a questão do prefeito Emanuel com o Niuan, uma cerca desinteligência entre os dois, eu não sei o que aconteceu, e Cuiabá perde. Porque não é fácil administrar a cidade. Aliás, qualquer coisa. Na casa da gente às vezes a gente se perde, né? Então dois certamente farão melhor, e o meu papel vai ser de ajudá-la e construir com ela, o que ela me delegar, imediatamente assumir, e o que eu entender que eu posso contribuir de cara, eu vou dizer para ela”.
Campanha nos bairros
“Assim como a Gisela é a Gisela do Procon, tem esse subtítulo – que no caso dela é muito mais forte e amplo – eu sou o maestro da UFMT. Então quando chega essa informação, falam ‘o maestro Fabrício’, às vezes me confundem com o Leandro, vira uma confusão… por causa do subtítulo ‘maestro’, mas quando linkam com UFMT também é positivo nos bairros, porque eu fiz muito trabalho nos bairros. Eu fiz Pedra 90, fiz Tijucal, fiz CPA, e isso está na memória afetiva das pessoas, porque eu sempre falei pela música, pela cultura e pela educação, então está ne memória afetiva das pessoas”.
“Cobrarei que a Prefeitura esteja nos bairros, esteja na periferia, leve equipamento, leve música, leve escola, isso tem uma repercussão positiva também, e está no nosso plano de governo, não é porque eu estou falando, está escrito no nosso plano de governo. (…) Nós estamos na rua, fazendo feira, eu entendo aquilo como um ambiente de cultura, de empreendedorismo, e pedir voto na feira é um projeto diferente. Então conversar com as pessoas, falar para as feirantes que além da creche 24 horas, para aquela senhora que está ali com um nenénzinho embaixo da tenda – dói ver isso – ela vai poder, além da creche, na creche ter acesso a cultura, ter acesso a livros, porque o programa de literatura da prefeitura vai ser literatura cuiabana, trazer os escritores para dentro, fomentar a literatura…”.
Propostas para a cultura
“A Secretaria de Cultura hoje é Secretaria de Cultura e Esporte, era turismo, acho uma secretaria pesada. (…) Acho que a gente tem que ter um olhar efetivamente claro para os aparelhos de cultura do município. O circuito dos museus, por exemplo, museu da caixa d’água, museu da Imagem e do Som, o MISC, o próprio Museu do Rio, o Espaço Cultural Silva Freire, que está em desuso, está abandonado, é uma pena. Um espaço nobre na região do Coxipó. Então efetivamente qualificar os espaços públicos de cultura, ampliá-los e capacitá-los”.
“Entender que a cultura e o esporte devem ser observados sob dois prismas, primeiro o apoio ao artista, com leis de fomento. Vamos discutir isso, inclusive uma lei de incentivo no município, [para que] o artista tenha acesso a renúncia fiscal, que já acontece em vários municípios do Brasil. (…) e do ponto de vista de qualificar a cultura como elemento de educação, trazer os professores, trazer os artistas, trazer os fazedores de cultura para dentro das escolas. O ambiente escolar é um ambiente propício para isso”.
“Voltando a falar de estrutura física, Cuiabá não tem um teatro municipal. Nós vamos discutir a construção de um teatro municipal, nos modelos modernos de gestão compartilhada, vamos discutir isso. Aos 301 anos Cuiabá merece, pela capacidade que tem, pelo potencial cultural que tem. E outra coisa, desenvolver a cultura do meio ambiente, olhar de frente o Rio Cuiabá, olhar de frente São Gonçalo Beira Rio, olhar de frente o Rio Coxipó. Olhar de frente Cuiabá como pólo integrador de uma cultura geradora do Vale do Rio Cuiabá”.
“Da mesma forma na questão do esporte. Os grandes parques esportivos dessa cidade, recuperar todos. Os miniestádios, trazer campeonatos juvenis, campeonatos de integração, colocar Cuiabá no circuito, aproveitar o Centro Oficial de Treinamento (COT) que eu ajudei a implementar na UFMT quando estava lá ocupar aquilo com escolas, então tem muita coisa para fazer”.
Centro Histórico e População em situação de vulnerabilidade
“O Centro Histórico é saúde, é cultura, é geração de renda, é comércio, é cuidado com o patrimônio, então o que a gente vai ter muita atenção nisso, e as áreas que são icônicas na cidade. Rio, São Gonçalo Beira Rio, cuidar do meio ambiente, e aí é saneamento, é tratamento de esgoto, uma nova relação com a Águas Cuiabá, chamar para conversar, ver se está cumprindo o contrato, mas apresentar para a cidade uma proposta moderna de equalização dos problemas. Unificando patrimônio material, patrimônio imaterial e geração de emprego e renda”.
“Nós temos hoje cerca de 600 pessoas em situação de vulnerabilidade social no centro da cidade e cercanias. (…) Nós vamos criar o POP, recriar, ampliar – teve uma experiência, não deu certo – que é o centro de ressocialização da população de rua. Ali ele vai ter cuidados sociais, saúde, alimentação, higiene, para que ele levante. O emprega mais vai para dentro do Pop, identificar, porque às vezes tem gente que a vida judiou tanto que ela perdeu até o rumo, mas ela é um bom profissional. Então requalificar essas pessoas, conceder o processo de auxílio financeiro e requalificar”.
Geração de empregos
“O Emprega Mais tem duas vertentes. Primeiro: capacitação do jovem cuiabano e cuiabana, da Cuiabá pós pandemia. (…) Um grande programa de capacitação chamando todas as entidades que capacitam recursos humanos. Nós estamos falando de todo o Sistema S, Sesi, Sesc, Senac, estamos falando das universidades públicas, estamos falando de todas as organizações do terceiro setor, que cadastrando o jovem cuiabano em busca do primeiro emprego ou de requalificação profissional, esses que perderam, uma bolsa de R$500 durante seis meses, com acompanhamento acadêmico, importante dizer isso, para que esse jovem cuiabano se requalifique para o mercado de trabalho. Qual mercado? O mercado que vai dizer”.
“E outra área do Emprega Mais que é o programa de microcrédito. Você que já tem uma startup, você que já tem um pequeno empreendimento, ou quer começar e já tem uma certa estrutura e conhecimento, vai ter um crédito de até R$ 5 mil da Prefeitura com juros subsidiados e carência de um ano para pagar. Para montar o seu negócio, com acompanhamento do Sine, com acompanhamento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social da Prefeitura, para fazer esse monitoramento de como estão acontecendo as coisas. Com isso a gente entende que a gente ajuda no mercado formal, a gente tira as pessoas do mercado informal e atende também tem um entendimento de que a gente precisa regulamentar as coisas, e isso atinge a cultura, isso atinge o turismo, isso afeta a geração de emprego e renda”.