O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Antônio Galvan, alvo de mandado de busca e apreensão expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por supostos crimes de contra a democracia, na sexta-feira (20), deverá prestar depoimento nesta quarta-feira (25) à Polícia Federal, em Brasília (DF).
Na segunda-feira (23), ele chegou a ir até a sede da Polícia Federal, em Sinop (447 quilômetros de Cuiabá), mesmo sem ter sido intimado. Ele aproveitou a oportunidade para fazer um ato em frente ao local, ao chegar em cima de um trator e empunhando a bandeira do Brasil.
Os agentes da PF estiveram na casa do presidente da Aprosoja na sexta-feira (20), onde cumpriram o mandado de busca e apreensão. Ele não estava em casa e o cumprimento das ordens foi acompanhada pela sua filha.
O objetivo das medidas é apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes.
No mesmo dia da operação, após o cumprimento do mandado, Galvan afirmou que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é uma tentativa de intimidação.
O cantor Sérgio Reis também será ouvido nesta quarta-feira (25). Ele também foi alvo de busca e apreensão na mesma operação. O depoimento será por videoconferência.
Além de Galvan, Moraes abriu inquérito contra outros nove investigados: o deputado Otoni de Paula (PSC) os cantores Sérgio Reis, Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como “Zé Trovão”, e Eduardo Araújo, Wellington Macedo de Souza, Alexandre Urbano Raitz Petersen, Turíbio Torres, Juliano da Silva Martins e Bruno Henrique Semczeszm.
Na decisão, o ministro afirmou que os investigados pretendem abusar “dos direitos de reunião, greve e liberdade de expressão, para atentar contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições”, “inclusiva atuando com ameaça de agressões físicas”.
As medidas foram solicitadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em um novo inquérito que chegou à Corte na última segunda-feira (16). Moraes afirma que, segundo a manifestações do órgão, o objetivo dos investigados, é dar um “ultimato” no presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM), invadir o prédio do Supremo, “quebrar tudo” e retirar os magistrados dos respectivos cargos “na marra”.
Além de presidir a Aprosoja Brasil, Galvan era um dos principais líderes do “Movimento Brasil Verde e Amarelo”, que organiza as manifestações do Dia da Independência.
Segundo ‘O Antagonista’, a Aprosoja – com Galvan no comando – virou uma espécie de canal rural de ativistas do bolsonarismo. Em maio, ajudou a organizar e financiar um comício do presidente-candidato em Brasília. Nem todas as sucursais concordaram em participar do caixa, o que levou Bolsonaro a recorrer a Galvan.
Liberdade
Galvan pontuou que está lutando por um país melhor, elogiou o trabalho da Polícia Federal, dizendo que todos foram muito cordiais durante o cumprimento do mandado e confirmou o que já havia sido adiantado, de que não houve depoimento seu nesta segunda-feira.
Ainda conforme Galvan, é preciso preservar a liberdade dos brasileiros. “Vamos à luta. Tenho só agradecer aos produtores rurais e outros apoiadores nossos que estão aqui. Fizemos muita coisa aqui na cidade, no Estado e agora estamos fazendo no país. As Aprosojas todas estão dando apoio a este movimento, mas a realização do movimento é dos próprios movimentos de ruas, pessoas corajosas, que não se entregam e não vão se entregar para mantermos a liberdade do nosso país”.
“Temos exemplos de países vizinhos, onde a população está morrendo de fome porque se foi a produção toda. Temos que lutar para não acontecer isto. Estamos procurando o nosso direito de se expressar. Por nossa liberdade, pedimos apoio a todos vocês. É tempo de preservar o nosso direito. Continuaremos dentro desta razão. Liberdade para todos”, acrescentou.