Ana Cláudia Flor, presa acusada de mandar matar o marido, o empresário Toni da Silva Flor, de 38 anos, no dia 11 de agosto de 2020, em frente a uma academia de Cuiabá, registrou nove meses antes do homicídio um boletim de ocorrências contra ele após ter sido supostamente agredida com um soco no olho e sido jogada para fora do carro do casal, no meio de uma via da cidade, durante o trajeto de volta de uma festa, onde ambos discutiram.
Em 15 de novembro de 2019, cerca de nove meses antes do homicídio contra Toni, Ana Cláudia registrou boletim de ocorrências contra o marido, dizendo que eles estavam em uma festa, na casa de amigos, quando o empresário ficou nervoso e quis ir embora.
A mulher relatou em sua versão que foi tentar acalmá-lo, por não saber o motivo de ele querer deixar a festa. Porém, neste momento, ele teria dado um soco em seu olho, fazendo-a cair no chão, batendo as costas e cabeça.
Mesmo após o fato, Ana então teria entrado no veículo com Toni, com o intuito de ir para casa. Porém, relata que na metade do caminho, na avenida Carmindo de Campos, aconteceram novas agressões.
Toni então teria jogado-a para fora do veículo, que estava parado no semáforo e ido embora sozinho, deixando-a na rua. Uma mulher que passava pelo local viu a situação e parou para socorrê-la.
Após se acalmar, Ana Cláudia relata que chamou um motorista de aplicativo e foi para a casa de sua mãe, onde seus filhos estavam.
Motivação
As investigações da Polícia Civil apontam que Ana Cláudia teria dois motivos para encomendar a execução de Toni Flor.
O primeiro deles o fato de ter muitos amantes e o segundo a intenção de ficar com a herança, uma vez que a vítima possuía uma representação comercial muito forte, abastecendo vários supermercados da cidade, ser financeiramente estável e possuir casa, carro, moto, dinheiro na poupança. O empresário ganhava de R$ 15 a 25 mil por mês.
Ana também teria um outro registro de boletim de ocorrências, por agressão que teria sido cometida pelo marido. Ambos teriam discutido depois que Toni flagrou uma conversa da esposa com outro homem em um aplicativo de mensagens.
Diante disso, o empresário teria passado a desconfiar de relações extraconjugais.
Interceptações telefônicas realizadas durante as investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) mostram as conversas que Ana Cláudia Flor manteve com um amante antes e após a morte da vítima. Em uma delas, após o homem prestar depoimento, ela diz: “isso ainda vai sobrar pra mim”. Em outra, fala que ela está diferente e que “se alguém souber, vou presa”.
O crime
Segundo consta, Ana e Toni estavam casados há 15 anos, tendo inclusive três filhas fruto deste relacionamento. Porém, a relação estava deteriorando, por conta de relacionamentos extraconjugais da acusada. Antes de morrer, inclusive, a vítima teria dito para a mulher que queria o divórcio.
Inconformada com a separação e querendo ficar com todos os bens do empresário, Ana então começou a bolar um plano para matar o marido. Para tanto, pediu ajuda a sua manicure, Ediane Aparecida da Cruz Silva, que auxiliou na procura por um “matador”.
“Oportunidade em que esta acedeu à macabra solicitação e contactou Wellington Honorio Albino que, por sua vez, com o auxílio de seu amigo Dieliton Mota Da Silva, “terceirizou” o serviço homicida, propondo que a execução do crime fosse perpetrada por Igor Espinosa, que aceitou a tarefa”, diz trecho da denúncia.
“Quanto à acusada Ana Cláudia, há que se destacar que o desvalor de sua conduta é flagrantemente grave, já que ordenou a morte do pai de suas três filhas menores, jamais revelando qualquer arrependimento. Neste aspecto, é evidentemente macabra sua conduta de, após o delito por ela mesma planejada em todos os detalhes, ter promovido campanhas em mídias sociais e até eventos públicos onde cobrava justiça pela morte de seu marido”, pontua o promotor na denúncia.
O promotor ainda lembra que, durante o andamento do inquérito, foi revelado que Ana Cláudia ainda teria intenção de contratar alguém para matar Igor Espina, com evidente objetivo de evitar que fosse delatada pelo mesmo.
Na semana passada, foram decretadas as prisões preventivas de Ana Claudia de Souza Oliveira Flor, Igor Espinosa, Wellington Honorio Albino e Dieliton Mota da Silva.
Fonte: Olhar Direto