Filha, neta e sobrinha de professora, Alinni Souza Nery, se inspirou na família para decidir sobre a carreira. Se engana quem pensa que a influência veio da mãe, mas ela conta que o amor pela profissão teve início quando ela estava no sexto ano. A professora relembra que sempre tinha o hábito de ir embora pra casa junto com a prima, mas naquela data por ter uma aula vaga, decidiu esperar a prima na sala do sétimo ano.
“Eu fiquei apaixonada pela explicação da professora, que por sinal era a minha tia. A forma como ela explicava a matéria… Mesmo não sendo o meu ano de estudo, eu aprendi. Ali eu soube que seria professora de matemática”, relembra.
Desde então, já se somam 21 anos de trabalho em sala de aula. Alinni leciona na rede municipal de ensino de Cuiabá e para ela, “todo mundo tem algo para ensinar e para aprender”. Uma das diversas história que a professora se recorda tem como protagonistas alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para ela, sempre foi muito grandioso presenciar pessoas que sabiam construir uma casa, sem usar fórmulas.
“Existem muitos alunos que chegam pensando que não sabem nada ou que nunca irão aprender. Eu sempre destaco que o conhecimento de vida que carregam já é um grande passo para a formação educacional”, afirma.
Atualmente, Alinni atua como diretora da EMEB Nossa Senhora da Penha de França, localizada no distrito Coxipó do Ouro. Para ela, “a educação tem que ser tratada como a base de tudo”. Trata-se de de investimento para o futuro do país.
“Uma coisa que percebemos durante a pandemia é a aproximação com a comunidade. Você vai até a casa do aluno entregar as apostilas e começa a entender, a enxergar o que nem sempre se consegue na sala de aula. Por vezes, a criança não tem nenhum suporte e extravasa na escola, com os professores e colegas de classe”, explica.
Segundo a diretora, uma das histórias que mais marcou sua vida em sala de aula, foi de um menino que se mostrava rebelde e agressivo. “Na época, a unidade escolar apresentou projeto que oferecia consulta com oftalmologista e a entrega de óculos. Avisamos os pais e eles relutaram um pouco, mas depois acabaram cedendo para que o aluno fizesse os exames. Mediante isso, descobrimos que ele tinha um grau altíssimo. Quando a diretora foi entregar o óculos, ele estava em sala de aula e no primeiro momento vetou usar o óculos. Os alunos saíram para o intervalo ele permaneceu na sala junto comigo. Depois de algum tempo, o menino aceitou usar o óculos e me perguntou se era assim que nós enxergávamos. Imagine um menino com 15 graus, sem usar óculos? Ele não sabia o que estava escrito no quadro, não identificava nada no livro e muito menos o que estava ao seu redor”, relembra.
O papel do professor é fundamental em todos os aspectos, porque ele está ali no dia a dia com o estudante em sala de aula. É no ambiente escolar que se dá todo processo de ensino e aprendizagem
O professor e diretor da EMEB Firmo José Rodrigues, Keitel Jorge Moreira Junior também destacou que ser professor é mais que um trabalho, é um ato de amor. São 26 anos trabalhando com crianças e jovens na matéria de Educação Física. Ele ressalta que o maior aprendizado é que ao invés de ensinar ele acaba apreendendo.
“Poder contribuir com o processo de formação educacional e humana de crianças e jovens é uma das maiores recompensas para um professor. Apesar dos tantos desafios que envolvem a profissão, ter o trabalho reconhecido pelos próprios alunos ao longo do tempo torna o oficio ainda mais especial”, conta.
“Além da transmissão de conhecimento, nós também desenvolvemos a função de educadores, ou seja, educamos para a vida, sempre buscando que o aluno reconheça o seu lugar no mundo, dessa forma, estreitamos as relações dentro da escola.”
Que esse 15 de outubro, seja um dia para lembrarmos da sorte que é vivenciar uma verdadeira vocação, poder acreditar no que se faz a cada dia e, acima de tudo, lembrar daquele meio sorriso iluminado que surge no rosto dos alunos quando se dão conta de que aprenderam algo. Não há melhor explicação: é um lance de amor mesmo.
“Na data de hoje eu deixo aqui os meus agradecimentos aos profissionais que tanto auxiliam o crescimento da cidade, de uma sociedade. Ensinar é um ato de amor, um ato de humildade e respeito ao próximo”, pontua o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro.
Origem da data
A origem do ‘Dia do Professor’ remete a Dom Pedro I, que baixou decreto imperial, em 1827, criando o ensino elementar no Brasil. O documento determinava que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. O texto regulamentava ainda a descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os docentes deveriam ser contratados.
Após 120 anos desse decreto imperial (1947), ocorreu a primeira comemoração dedicada ao professor. A ideia de fazer do dia um feriado surgiu em São Paulo, com o professor Salomão Becker. À época, ele propôs uma reunião com toda a equipe da escola em que trabalhava para que fossem discutidos os problemas da profissão, planejamento das aulas e trocas de experiências. Segundo o discurso de Becker, “professor é profissão; educador é missão”. A celebração foi oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal nº 52.682, de 14 de outubro de 1963.
Fonte: Prefeitura de Cuiabá