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Animais mortos em incêndios no Sesc Pantanal são enviados ao Museu Nacional

Reprodução

Cerca de 200 carcaças de diversas espécies atingidas por incêndios em 2020 na Reserva Particular do Patrimônio Natural do Sesc Arsenal, localizada em Barão de Melgaço (a 109 km de Cuiabá), foram destinadas ao Museu Nacional do Rio de Janeiro. O material foi transportado no último sábado (18) e será disponibilizado para futuras exposições e como fonte de pesquisa.

Os professores e pesquisadores do Museu Nacional, Luiz Flamarion B. de Oliveira e João Alves de Oliveira, responsáveis pela Coleção de Mamíferos, realizam estudos na RPPN Sesc Pantanal desde 1999 e vieram coletar mais ossadas, que se juntam ao que já havia sido recolhido pelo Grupo de Estudos em Vida Silvestre (GEVS) nos meses seguintes aos incêndios de 2020. O grupo, do qual Flamarion é coordenador, realiza o estudo de avaliação do impacto do fogo sobre a fauna da RPPN.

De acordo com Flamarion, a iniciativa e necessidade de coletar o material veio a partir desta pesquisa, que já divulgou uma estimativa, com base no conjunto de espécies avaliadas, dos três animais com maior mortalidade – jacaré, queixada e macaco-prego – que somam 20 mil indivíduos atingidos na RPPN.

“Diante do grande inventário feito logo após o incêndio, entendemos que poderíamos aproveitar esse material para recompor as exposições de mamíferos do Museu Nacional. Vamos tentar utilizar essa tragédia do Pantanal para trazer algum alento e para compor coleções de pesquisa”, explica.

Os incêndios de 2020 atingiram mais de 4 milhões de hectares, ou seja, 26% do Pantanal, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Deste total, 100 mil hectares impactados pelo fogo encontram-se na RPPN Sesc Pantanal, que teve 93% de seus 108 mil hectares impactados em diferentes níveis.

Para a superintendente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano, a coleta das ossadas representa mais um passo neste percurso de recuperação do bioma. “Foram muitas as perdas no Pantanal e lamentamos muito por isso, mas também agimos para que nada tenha sido em vão, dando início a pesquisa com o Grupo de Estudos em Vida Silvestre (GEVS), por exemplo. Agora, as ossadas de animais que morreram direta ou indiretamente pelo fogo, vão ser fonte importante de estudos e de divulgação sobre a fauna pantaneira. É uma parte do Pantanal ganhando um novo sentido no palácio que guarda a história do Brasil”, declara.

Para representar tanto a diversidade de espécies quanto a variabilidade, algumas ossadas ainda precisam ser identificadas, uma vez que foram carbonizadas, estão incompletas ou são de difícil identificação, como pequenos roedores e marsupiais (parentes de gambás).

A gerente de pesquisa e meio ambiente do Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália, ressalta que, além dos estudos ligados à mortalidade da fauna na Reserva, um trabalho de pesquisa tem sido feito para monitorar o impacto do fogo e a recuperação da paisagem. “Hoje são duas grandes frentes de ação para acompanhar o processo de recuperação da vegetação e da fauna e é essencial realizarmos estudos de longa duração, pois a restauração natural é um processo demorado e gradual”.

Fonte: Olhar Conceito

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