Decisão sobre vacinação infantil será anunciada hoje (5)
Ekesio Rosa da Cruz
O Ministério da Saúde define nesta quarta-feira (5) os procedimentos para a realização da imunização de crianças contra a Covid-19. Em dezembro de 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso da vacina da Pfizer em pessoas com idade entre 5 e 11 anos no Brasil.
A decisão foi divulgada pela agência após avaliação técnica do pedido submetido pela farmacêutica no dia 12 de novembro. A dosagem da vacina para esta faixa etária será ajustada e menor (um terço) em relação àquela utilizada em maiores de 12 anos.
Segundo a pasta, a previsão é de que as doses comecem a ser aplicadas a partir da segunda quinzena de janeiro.
Em entrevista coletiva, Queiroga reiterou que a decisão do Ministério da Saúde sobre a vacinação desse grupo seria divulgada nesta quarta-feira (5), e que não será “muito diferente do que o ministério já colocou em consulta pública”.
Trata-se de 6,25% da população infantil brasileira apta a receber o imunizante, estimada em 20 milhões de crianças entre 5 e 11 anos.
As doses são importadas e o ministério prevê que elas cheguem e sejam distribuídas aos estados semanalmente.
A expectativa é de que a partir do segundo lote o número de doses seja maior, mas a pasta prevê que as 20 milhões de doses só cheguem em sua totalidade ao Brasil até o fim do primeiro trimestre.
Audiência pública
Nesta terça-feira (4), o governo deu início à audiência pública que discute a vacinação infantil contra o coronavírus. Na primeira parte do encontro, o Ministério da Saúde mostrou os dados da consulta pública que durou dez dias. Foram quase 100 mil contribuições e a maioria disse ser contra a prescrição médica para vacinação em crianças.
A secretária de enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite, quem comanda o encontro, disse na audiência que “amanhã [5] materializaremos um documento com as diretrizes a serem adotadas em todo nosso país referentes ao tema.”
A audiência é inédita no país por discutir a liberação de vacinação e recebeu críticas de diversos representantes da área da saúde.
Para o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes, a realização de uma audiência pública para definir sobre a vacinação em menores é “absolutamente desnecessária”.
“A Anvisa é uma agência da maior credibilidade, com isenção. E a Anvisa aprovou, assim como FDA [agência dos EUA]. Vacinas não são experimentais, são seguras e eficazes nas doses indicadas, que são menores que em adultos. Audiência pública seria desnecessária, porque já passou pela agência que regulamenta”, afirmou o médico.
Em entrevista à CNN, o pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, disse que a audiência pública não deve trazer nada de novo à discussão sobre vacinação infantil.
“Ouvir pais e famílias é sempre interessante para saber o que a população pensa. Mas para isso você precisa encomendar uma pesquisa para garantir representatividade de estados, classes econômicas, faixas etárias”, pontuou.
A decisão ocorreu após a votação, por unanimidade, dos conselheiros do FDA, pela recomendação da utilização da vacina formulada com um terço da dose utilizada em pessoas maiores de 12 anos.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) também aprovou o uso do imunizante em crianças. A decisão foi divulgada no dia 25 de novembro.
“Os efeitos adversos mais frequentes em crianças dos 5 aos 11 anos são semelhantes aos das pessoas com 12 anos ou mais. Incluem dor no local da injeção, cansaço, dor de cabeça, vermelhidão e inchaço no local da injeção, dores musculares e calafrios. Esses efeitos são geralmente leves ou moderados e melhoram alguns dias após a vacinação”, diz o comunicado da agência europeia.