Verão vai embora com as famosas águas de março prometendo novas tempestades mortais sobre áreas de risco em todo o Brasil. O inverno deve ser quente em função da campanha eleitoral que deve pegar fogo. Mas, enquanto se vislumbra o outono do voto, é bom analisar um movimento há muito em gestação: a “Primavera Brasileira”. Trata-se de uma “revolução silenciosa”. Os jovens são seus protagonistas. O movimento parece com a famosa Primavera Árabe – marcada pela luta aberta da maioria das pessoas pela liberdade, contra os mais variados abusos de autoridade cometidos por políticos (governantes ou legisladores) e/ou servidores públicos que deveriam zelar pela Justiça.
Todos nós temos contatos frequentes, diários, com a juventude inquieta e rebelde do século 21. São nossos filhos, sobrinhos, afilhados, irmãos, funcionários ou apenas conhecidos. Vamos classificar os jovens por idade e dizer que estamos falando de todos aqueles entre 14 até 35 anos de idade. Essa galera tinha entre 9 e 10 anos quando os telefones celulares chegaram ao Brasil, no começo da década de 90 do século passado. Quando a internet se popularizou, esse público estaria com aproximadamente 15 anos. Praticamente uma geração que, desde a infância e adolescência, viveu se comunicando intensamente entre si. Todos tiveram ao seu dispor acesso a muitas informações. Esses jovens conectados não se informam pela mídia tradicional.
O mais fascinante: o jovem brasileiro compartilha com os jovens do mundo inteiro suas opiniões, seus sentimentos, seus valores e pensamentos. O mais “revolucionário” (ou disruptivo) é que essa juventude, que hoje tem entre 14 e 35 anos de idade, pensa por si só. Eles são seus próprios “censores”. Eles mesmos se criticam. Eles compartilham abertamente entre si, seus valores, costumes e hábitos. Essa juventude brasileira e mundial é livre para publicar e compartilhar suas ideias, definir quem serão aqueles escolhidos ou eleitos para serem suas referências morais, éticas, profissionais e até mesmo emocionais.
O fenômeno mundial de aplicativos de relacionamentos sociais, mais conhecidos como “apps de redes sociais”, tipo Tik Tok, Instagram, Facebook, Telegram, Whatsapp, Signal, dentre outros, estão instalados em bilhões de aparelhos celulares em todo o mundo. No Brasil, dados indicam que temos, pelo menos, mais de 1 smartphone por habitante. Atletas, artistas e até um simples pedreiro da construção civil se transformaram em celebridades sociais, tendo suas rotinas e pensamentos acompanhados por milhares ou até milhões de pessoas. Esse novíssimo universo já se prepara para conviver no “metaverso” – um espaço que combina o mundo real com o virtual.
Tentando ignorar essa nova realidade, que é incontornável, assistimos no Brasil uma oligarquia medieval, atrasada e corrupta, que se acha uma “elite”, decidida a não permitir que essa juventude expresse livremente seus pensamentos. Principalmente pensamentos políticos. Essa “zelite” há décadas ou até mesmo séculos está encastelada no poder público. Para eles, não existe uma nação chamada Brasil. Eles rejeitam uma população de cidadãos livres para pensar, agir e definir seus destinos. A sorte é que essa turma medieval, na Era Digital, assiste diariamente a insubordinação da juventude digital contra a miséria e pobreza à qual submetem a grande maioria do povo brasileiro. A juventude não aceita que essa “zelite medieval” ganhe e acumule fortunas, ostente salários públicos indecentes, enquanto colaboram com a impunidade para todo tipo de corrupção. Eis a famosa “Cleptocracia”. Essa oligarquia corrupta está, há décadas, mandando no poder público brasileiro. Municipal, estadual e federal. Atualmente, a população assiste “quase impotente” através das mídias digitais a suntuosa vida que os corruptos e suas famílias levam.
O Poder Judiciário no Brasil há décadas tinha uma reputação de só punir os mais pobres. Diz o dito popular: “No Brasil, rico não fica preso”. No século 19, o escritor Martins Penna já advertia: “As leis criminais se fizeram para os pobres”. A coisa piora no Brasil, que tem excesso de leis. A novidade é que, graças ao poder da Era Digital e das mídias digitais, a população fica sabendo como toca a banda da corrupção sistêmica. Os corruptos até conseguem escapar do Judiciário, mas a maioria das pessoas verifica como e por que acontece a impunidade. Tudo aparece nas postagens compartilhadas pelos jovens, atingindo cidadãos de todas as idades.
Sabemos que aquilo que aparece é apenas a ponta do iceberg, pois a impunidade e cumplicidade entre as autoridades e os bandidos, criminosos e corruptos, se generalizou. Mas vamos falar da indignação do povo brasileiro com o manto protetor criado em torno dos grandes escândalos de corrupção dos governos do PT, MDB e comparsas afins. Os escândalos divulgados, as delações daqueles que participaram destes esquemas criminosos, as provas materiais, dinheiro recuperado e devolvido aos cofres públicos, tudo isto ultrapassando a marca absurda dos trilhões de reais. Mesmo assim, esses criminosos confessos conseguem ficar livres, curtindo os bilhões e bilhões de reais que “roubaram” da nação brasileira. Felizmente, o brasileiro descobriu que essa “zelite” acha que mora em um país chamado “Togaquistão”, no qual o poder judiciário tudo decide e aqueles que ousarem questionar suas vontades supremas têm suas vidas estraçalhadas da maneira mais ditatorial e infame possível. Quando o Judiciário não segue mais as leis, estamos diante da “Juristocracia”, regime no qual juízes se valem de seus cargos e prerrogativas para agirem como entenderem.
No Brasil, a união da “Cleptocracia” (governo de ladrões) com a “Juristocracia” (ditadura dos togados) libertou quadrilhas inteiras que agora desfilam livremente pela sociedade, demonstrando a todos o seu poder inabalável e tentando o retorno ao poder dos cargos eletivos. Temendo o poder das mídias e redes sociais, está criando regramentos para proibir a livre manifestação dos brasileiros. Quem se manifestar ou compartilhar pensamentos e ideias que não sejam do interesse dos Supremos e dos corruptos pode ser admoestado, punido, preso ou ver sua família perseguida, em uma espécie de regime “nazicomunofascista”.
Repressão contra o povo através de decisões judiciais é uma anomalia social, uma corrupção do Estado de Direito, só existente na cabeça de corruptos tão alheios ao dia a dia da população. Ainda bem que a reação popular a tamanhos abusos já está a caminho. O brasileiro se mostra indignado, inconformado com tanta impunidade. O brasileiro quer Justiça, doa a quem doer. Os dias da “Juristocracia” parecem contados. Os corruptos que hoje pagam a velha mídia para divulgar o quanto eles são poderosos e acima da lei e da ordem pública estão na mira. Mas logo terão seu merecido castigo. A tal “desobediência” civil já começou, mesmo que lenta e discretamente, sem organização. Muitos membros dos poderes Executivo e Legislativo já estão cientes da “Primavera Brasileira”. Por isso, escolheram ficar com o povo e não com os corruptos que acabaram de sair de suas celas por condescendência dos togados. O livre cidadão digital não aceita ser confinado ou contido por uma decisão judicial.
Por tudo isso, vale prestar atenção no recado de Paulo Guedes, Ministro da Economia, aos membros do grupo que reúne as 20 economias mais fortes do mundo: “A democracia do Brasil é barulhenta, todos nós podemos concordar, mas este governo alcançou resultados que, dada a pandemia global, são nada menos do que uma revolução silenciosa. Enquanto lidamos com o vírus, mantivemos nosso foco na sustentabilidade fiscal e nas reformas estruturais necessárias para uma recuperação econômica sustentável. Nosso objetivo é transformar o Brasil em uma economia de mercado aberta, sustentável e de consumo massivo”. Resumindo: a “Primavera Brasileira” avança, em todas as suas dimensões. Preste atenção nela.
Por Jorge Serrão
Fonte: Jovem Pan