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Defesa de Josino: “Não existem provas; é um amontoado de mentiras”

Reprodução

O advogado João Cunha afirmou que não há no processo provas mostrando que seu cliente, o empresário Josino Guimarães, tenha mandado matar o juiz Leopoldino Marques do Amaral, em 1999.

A defesa foi feita no fim da manhã desta quarta-feira (23), terceiro dia de julgamento de Josino, no Tribunal do Júri da Justiça Federal de Mato Grosso. A expectativa é de que a sentença seja proferida ainda hoje.

Leopoldino foi encontrado morto em 1999 no Paraguai. Josino foi apontado como mandante do crime, segundo o Ministério Público Federal, porque o magistrado o havia denunciado como corretor de sentenças no Tribunal de Justiça.

Segundo o advogado, a denúncia do Ministério Público Federal é baseada em “fofocas”, em “disse me disse”, repassadas por outros réus já condenados pela morte do magistrado.

Ele cita o depoimento da ex-escrevente do Fórum de Cuiabá, Beatriz Árias, que já foi condenada por participação no homicídio em 2011.

“Eu vou assegurar que não existem provas contra Josino, porque não houve o fato. Não aconteceu da forma como foi construído o processo. Uma grande mentira foi contada aqui pela dona Beatriz. O próprio delegado do inquérito diz que ela deu várias versões porque ela queria escapar do crime”, afirmou o advogado.

Ele ainda afirmou que Beatriz e o tio dela, Marcos Peralta, apontado como autor do assassinato, mas que morreu em 2005, foram ouvidos pela PF durante a madrugada. Neste momento, o procurador da República Fabrício Carrer o questionou se ele tem provas de que essas testemunhas foram ouvidas na madrugada. “Essas coisas não se têm no papel, procurador”, respondeu o Cunha.

“É preciso haver testemunhas melhores que esses bandidos. Melhores do que a Beatriz. É preciso ter mais provas dessa denúncia. Eu já vi denúncia mais eficiente. Isso é uma fofoca, um amontoado de mentiras”, completou.

Segundo João Cunha, Josino era um “jovem promissor” da sociedade cuiabana que tinha bom trânsito entre os poderes.

“Josino era jovem, um homem conhecido em Cuiabá, com relações políticas e que tinha dinheiro. E quem tem dinheiro atrai bandidos”.

 

Leopoldino é acusado de desvio de verba

O advogado relembrou que tempos antes do crime, Leopoldino, então titular da Vara de Família de Cuiabá, foi acusado pela Corregedoria do Tribunal de Justiça de desvio de recursos de depósitos judiciais.

À época, o Tribunal de Justiça investigava o envolvimento do juiz na suspeita de desvio de mais de R$ 6 milhões em depósitos judiciais e falsificação de alvarás na Vara de Família.

Para Cunha, Leopoldino estava planejando uma fuga do país com o dinheiro supostamente roubado, quando foi denunciado pela Corregedoria. Sem ter como provar, decidiu denunciar os desembargadores por venda de sentenças, nepotismo e outros esquemas, e envolveu o nome de Josino no caso.

As denúncias de Leopoldino foram feitas por meio de uma carta, e acabaram divulgadas em rede nacional pelo programa Fantástico.

“Ele estava em fuga. Não tendo como justificar aquela montanha de dinheiro roubado, ele escreveu esse carta para atacar o senso comum. […] Ele fez isso para comover a opinião pública, para tentar se defender e é lógico que ele tinha que atacar alguém”, disse João Cunha.

Para a defesa, quem planejou a morte do juiz foi Beatriz Árias.

 

Sargento Jesus

O MPF sustenta que um dos indícios que levam a crer que Josino teria interesse em mandar matar Leopoldino é o depoimento do sargento da PM José Jesus de Freitas à Polícia Federal.

Nele, o Sargento Jesus, como era conhecido, afirmou ter recebido de Josino uma proposta para matar o magistrado. O militar foi assassinado em 2002 em Cuiabá.

O advogado de Josino afirmou que não há nenhum ligação entre o seu cliente e o militar.

“A interceptação telefônica do senhor Jesus feita, nestes autos, revelaram vários crimes que ele cometeu, como um roubo de um avião, mas não apontaram nenhuma ligação com Josino. Esses crimes sequer foram investigados. Ele mandava na Polícia, e quem manda na Polícia não é investigado”, disse João Cunha.

 

O julgamento

Na manhã desta quarta-feira, o procurador da República Fabrício Carrer teve 1h30min para convencer o Tribunal do Júri, composto por 7 pessoas, de que foi Josino quem mandou matar o magistrado.

“Leopoldino seria ouvido na CPI [do Senado], mas foi morto três dias antes. Isso me força a concluir que Leopoldino tinha razão. Se não tivesse razão, por que ele teria sido assassinado? Quem teria interesse em calar Leopoldino? Aquelas pessoas denunciadas, entre elas, o Josino”, enfatizou.

Após o procurador, a defesa tomou a palavra e também teve 1h30min.

O juiz Paulo Cézar Alves Sodré, que conduz o julgamento, deu um intervalo para o almoço. No retorno, será dada uma hora de tréplica para defesa e acusação. Depois, os sete componentes do Tribunal do Júri decidirão se Josino mandou ou não matar o magistrado.

Fonte: Midia News

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