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Dia Nacional da Adoção: número de famílias que desejam adotar é sete vezes maior que o de crianças aptas

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No Brasil, o processo de adoção é gratuito, feito por meio da Vara de Infância e Juventude, não é necessário ter um parceiro (a), independe do estado civil. Há algumas regras, como ser maior de idade e ter condições financeiras de prover alimentação, educação, entre outros itens. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, o número de famílias que desejam adotar é sete vezes maior do que o de jovens e crianças que estão prontos para ter um novo lar. Uma das explicações de, às vezes, o processo ser muito demorado é que a maioria das crianças tem idade superior a 10 anos e poucos são os pretendentes, apenas 2,7% aceitam essa faixa etária.

A psicóloga Ivânia Ghesti, que é gerente de projetos institucionais da Secretaria Especial de Programas de Pesquisas e Gestão Estratégica do Conselho Nacional de Justiça, coloca ainda outras questões. O processo de adoção evoluiu positivamente. Hoje, os pretendentes passam por uma preparação suporte psicossocial, mas essa ainda não é uma realidade plenamente instituída. “A gente tem um desafio no Brasil de implementar melhor esses serviços, de tirar a lei do papel. Então nem todos os lugares já tem as varas da infância com as equipes com números suficientes, isso também tem um impacto no tempo duração dos processos, que a lei define prazos que, às vezes, as equipes e as estruturas existentes não conseguem ainda cumprir. Nós estamos buscando cada vez mais aperfeiçoar para esses direitos serem de fato implementados”, afirma.

A Silvio e o dado passaram pelo chamado pré-natal da adoção. Participam de encontros do grupo de apoio. O que segundo eles foi muito importante pra adaptação da nova configuração da família. Aliás no final da nossa conversa, olha quem apareceu. A Suelen que veio pra perguntar pelo jantar. Vamos lá, mas a gente vai comer espaguete com nós. É hora da chance. Pode deixar vocês na janta então, família Obrigada, viu? Emocionante

Alguns pais lembram do choro, da mãozinha pegando no dedo, para Silvia e Leonardo foi assim que nasceu a filha deles. Teve lágrimas, emoção e, aos oito anos de idade, a Suelen deixava uma casa de acolhimento para começar uma nova etapa na vida. “De repente, vem uma pequena, toda tímida, cabecinha baixa, sentou na salinha que nós estávamos e nem abria a boquinha. Eu lembro do olhar do Léo, quando ela estava vindo, o Léo começou ali encher de lágrimas. Falei ‘ai, meu Deus, está vindo…’, o coração a mil…”, comenta Silvia.

O casal pode engravidar e pretendem ainda ter filhos biológicos, mas adotar foi uma escolha de amor e responsabilidade, como conta o corretor Leonardo Cardoso dos Santos. “A decisão de adotar já estava no nosso coração. E quando a gente casou, até antes de casar, a gente decidia: ‘olha, eu fui biológico, mas eu quero adotar’, então, quando nós casamos foi uma decisão em conjunto. Foi muito rápido, foi decidido. No início, quando a gente não conhecia a Suelen, a Silvia me me perguntou assim: ‘existe alguma coisa que possa fazer a gente voltar atrás?’ e eu falei ‘não! É para sempre. Porque adoção é uma decisão, não um sonho”, declarou.

A adoção envolve a compreensão da história de vida da criança e do jovem até ali. Um exercício que a professora Silvia Gomes Cardoso revela não ter sido tão fácil, mas o importante é estar com o coração aberto para a caminhada que será feita conjunta a partir dali. “Porque quando você cria muitas expectativas, que a gente costuma falar aquele castelo cor de rosa, e você cai na realidade, você fala ‘nossa, não era isso’, porque você vai ter em choque, é um confronto mesmo. Nós passamos por esse processo de uma forma bem unidos, eu e o Léo conversávamos muito. Porque não tem como não abalar a relação, a casa, tudo muda. Mas a construção tem acontecido. A gente percebe que é o dia a dia mesmo. Hoje nós temos uma criança superfeliz, que tem se desenvolvido de uma forma muito positiva na escola, nos relacionamentos, um coração maravilhoso”, conta.

Fonte: Jovem Pan

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