A Secretaria de Meio Ambiente de Cuiabá firmou, no final do mês de julho, um termo de cooperação com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) de manejo das capivaras.
A pasta adiantou algumas medidas, como: implantação de grades nos equipamentos públicos; projeto de redução de conflitos; elaboração de relatórios técnicos; enumeração de locais de maior risco de acidentes entre os animais e os veículos no perímetro urbano e estudo populacional.
O projeto também prevê treinamento de servidores e educação ambiental em escolas e moradores em geral. Não há previsão, nesse primeiro momento, em cercar os animais, removê-los para outras regiões ou até mesmo castrar as capivaras. A proposta é reduzir atropelamento desses animais e criar um ambiente mais seguro para elas e os moradores.
Sobre isso, o Leiagora conversou com Viviane Layme. Ela é doutora em ecologia e pesquisadora do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Viviane Layme – Esse termo de cooperação firmado entre a universidade e a prefeitura tem a duração de dois anos. No entanto, esse plano tem sido discutido há bastante tempo e a gente está vendo como seria a viabilidade de efetivação desse trabalho. Em linhas gerais, posso adiantar que essas atividades do plano de trabalho são divididas com resultados em curtíssimo, curto e médio prazo. Em cada uma dessas fases nós teremos atividades específicas. Alguns fazendo levantamento das áreas onde existe maior colisão, onde existe maior risco de colisão, existe uma fase relacionada a um estudo mais aprofundado do tamanho da população e como essa população está distribuída dentro da cidade, como ela está distribuída em diferentes grupos, pois as capivaras são animais sociais. Então, em cada uma das fases a universidade vai estar trabalhando em conjunto com a prefeitura. Em linhas gerais, o objetivo desse trabalho é fazer um diagnóstico do tamanho dessas populações no ambiente urbano. A gente não sabe quantos indivíduos temos e quantos grupos existem na cidade e quais são os padrões de uso do espaço por esses indivíduos. O foco é diminuir os acidentes e as mortes desses animais.
Viviane Layme – Quando a gente fala em diagnóstico, é em termo populacional: qual o tamanho dessas populações. Parte desse estudo e desse diagnóstico das populações é saber quais são as áreas que eles estão utilizando e onde há maior risco de colisão com veículos e discutir conjuntamente medidas para reduzir esse tipo de acidente e impacto com as capivaras. Nosso objetivo em todo o processo é que as capivaras tenham a melhor qualidade de vida nos ambientes e maior segurança para essa espécie no ambiente urbano. Não há possibilidade alguma de fazer a remoção das capivaras do ambiente urbano. E também não há previsão de fazer castração desses animais. A gente ainda vai entender como essa população está crescendo e em qual velocidade.
Viviane Layme – É claro que não é seguro para as capivaras estarem em um ambiente urbano. Elas não foram trazidas para a cidade. O que acontece é que a cidade é que vai crescendo entorno das áreas naturais que é onde esses animais habitam. Uma vez que a cidade se estabelece, a capivara, um animal herbívoro, ela acaba conseguindo se adaptar ao ambiente urbano e, é claro, existem os riscos. O maior risco que a gente está vendo são os atropelamentos. Elas vão tentar atravessar as vias em busca de alimento, água e abrigo, principalmente nos períodos mais secos. É aí nesses momentos quando elas fazem a travessia, se tornam extremamente vulneráveis. Outra vulnerabilidade da capivara nos ambientes urbanos é serem atacadas por animais domésticos porque isso não seria totalmente impossível.
FONTE:LEIAGORA