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Moradores de Várzea Grande protestam contra graxaria da Marfrig: ‘mau cheiro e contaminação’

Foto: Olhar Direto

Moradores de Várzea Grande estão protestando contra a instalação do setor de graxaria na Marfrig, localizada no bairro Alameda. Uma manifestação acontece na manhã desta sexta-feira (4), com o nome “Diga Não à Graxaria na Alameda”, para chamar atenção do Poder Público e da indústria sobre a insatisfação da população com o mau cheiro e contaminação do ar e águas do rio.


A graxaria é uma indústria de processamento de resíduos animais, ou seja, reciclagem de vísceras, sangue, ossos e outras partes de animais abatidos em frigoríficos, que são impróprios para o consumo humano.

O mau cheiro é o problema mais fácil de identificar em uma graxaria, podendo atingir até 20 km, a depender da direção e velocidade do vento, porém, os problemas trazidos por esse tipo de atividade também incluem o prejuízo à qualidade de vida das pessoas, desvalorização de imóveis da região e a poluição do Rio Cuiabá, diante da captação de água e despejo de efluentes líquidos.

A graxaria da Marfrig havia saído do local há 10 anos, por conta dos problemas causados à população e retornou em 2022, causando a revolta nos moradores.

No bairro Alameda, há diversos condomínios residenciais, faculdades e comércios. Exatamente por esse motivo que a instalação deste tipo de indústria só é permitida em locais fora das cidades, em razão da poluição ambiental e do desconforto que produzem, podendo causar inclusive problemas respiratórios.

De acordo com Cristina Souza, líder do movimento “Diga Não a Graxaria”, a Marfrig afirma que adquiriu equipamentos modernos para evitar a contaminação do ar e água do Rio Cuiabá, no entanto, ela reforça que a atividade da graxaria por si só já é complicada, pois eles trabalham com materiais que vão gerar o mau cheiro de qualquer forma.

“Na hora que eles cozinham o material, o mau cheiro vai diretamente com o ar, então, a gente entende que eles podem até ter investido, mas não funciona, não é 100% como eles falam. Eu acho que não teria tantas pessoas reclamando, e a gente quer um direito de resposta”, disse.

“Nós não aprovamos, não teve nenhuma reunião pública com a população para ver se estava de acordo, porque é uma atividade nova, é uma planta nova, então a gente queria ser consultado, e como população a gente diz graxaria não na Alameda, porque a gente está tendo contaminação do solo, do rio, e a qualidade do ar está péssima. A gente não tem qualidade do ar”, complementa.

Cristina também reforça que os moradores pedem para que o Poder Público, como a Prefeitura de Várzea Grande, compareça ao local e analise a água do Rio e também veja os problemas causados, como o mau cheiro exalado pela graxaria.

“Existem dois momentos muito emblemáticos do cheiro, que é na madrugada, entre 4:30 e 5:30 da manhã, é muito forte, e no finalzinho da tarde. São as quedas de temperatura. Existe uma queda de temperatura, e o cheiro aparece muito forte. Se você andar às 7h da noite, ali na avenida Dom Orlando Chaves, você vê a fumaça, ela é nítida, o mau cheiro e a fumaça”, finaliza.

Entenda o caso

Apesar das tentativas da Marfrig de instalar a graxaria no bairro Alameda, em Várzea Grande, a Lei n° 4672/2020 impede que a empresa opere em área residencial, com a emissão de gases fétidos, ainda segue em vigência no município. E os moradores têm cobrado que as autoridades façam valer o que está previsto em lei, pois estão temerosos que o mau cheiro volte a causar prejuízos.

A lei também estabelece que um empreendimento desta finalidade tem operação permitida exclusivamente em área industrial, conforme está previsto ainda na Lei de Uso e Ocupação de Solo de Várzea Grande. Já em caso de empresas já existentes, é necessária a adoção de medidas preventivas de emissão de odores e outros resíduos, ainda segundo a lei.

No entanto, sob a alegação de que o sistema de tratamento que está sendo implantado tem eficiência de remoção de emissões gasosas, a Marfrig recorreu à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e obteve o licenciamento pertinentes à atividade para iniciar a operação, apesar de a legislação ser explícita quanto à implantação de empreendimentos deste tipo.

A novidade causa preocupação, já que o odor bastante incômodo e característico da atividade chega a ser sentido em até 20 km de distância. Moradores de bairros como Construmat, Ponte Nova, além da Alameda, já estão temerosos que a retomada das operações cause danos ambientais e impactos negativos, inclusive à saúde.

Além disso, a poluição ambiental também é fator preocupante, em razão da proximidade da graxaria com o Rio Cuiabá. Por isso, a implantação do empreendimento foi alvo de uma ação na Justiça devido ao já mencionado desrespeito à legislação e tantos prejuízos que a instalação naquele local vai ocasionar.

Veja o vídeo da manifestação

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Fonte: Olhar Direto 

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