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O Sintep reafirma a sua posição contrária às escolas militares e diz que uma das bandas da Polícia Militar promoveu um discurso de violência de gênero

Foto: Reprodução

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) manifestou-se contrário à apresentação do Corpo de Música da Polícia Militar na Escola Estadual Militar Tiradentes, nesta semana. A vice-presidente, Leliane Cristina Borges, disse que a música apresentada desvaloriza a mulher e apela para a violência de gênero. Ela também ressaltou a diferença de tratamento das escolas militares em relação às unidades civis.

Leliano, por exemplo, recordou o caso do afastamento da direção da Escola Estadual Dr. Artur Antunes Maciel, em Juína, devido às controvérsias em relação à palestra “Respeito à Diversidade”, proferida aos estudantes da instituição. O evento ocorreu em setembro do ano passado e a decisão foi da Secretaria de Estado de Educação.

“No momento em que houve uma formação que é dever da escola, foi necessário abordar a diversidade, uma vez que todos têm o mesmo direito. Dessa forma, a Secretaria julgou que seria inaceitável trabalhar com a transversalidade e a diversidade. A diretora foi afastada devido a danos, como adoecimentos emocionais e psicológicos. No entanto, temos os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) para trabalhar com as temáticas de diversidade sexual, cultural e de gênero. A punição foi aplicada e, agora, a alta patente da Escola Militar, sob a forma de desculpas, alegou que não teria seguido o roteiro.

A nota refere-se à notificação do comandante-geral da Polícia Militar, Alexandre Corrêa Mendes, que alega ter ficado surpreendido com o repertório apresentado.

Ele disse não ter conhecimento das músicas que deveriam ser tocadas, mas foi nítido que eles tinham consciência do que estavam fazendo e cantando, uma vez que sabiam a música de cor.

Além disso, Leliane reforçou a temática sexual na letra, que apresenta um discurso machista de desvalorização da mulher, e como essa música foi levada para as escolas, para que os alunos a cantassem.

“Somos contrários à presença da Polícia nas escolas, pois não temos formação pedagógica nem em direitos humanos. A Polícia deve estar presente nas ruas, reprimindo as drogas, para que não sejam levadas para as escolas, coibindo assaltos e violência. “Quando os militares usam o argumento de que a escola precisa de uma organização, isso é uma justificativa, e as ruas, de proteção”, disse.

É dever do Estado assegurar a proteção dos cidadãos de Mato Grosso e dos outros. Está sendo realizada uma operação policial. Há ocasiões em que os policiais da reserva deixam as ruas por diversos motivos e, atualmente, estão dentro das escolas, sem a devida formação em direito humano e sem a devida formação pedagógica para lidar com a juventude. “Esse tipo de música desvaloriza, desvaloriza as mulheres, e traz para o cenário escolar a questão da violência de gênero”, adiantou.

A educadora salienta que essas apresentações não devem ser admitidas, sobretudo no ambiente escolar, onde o pedagogo é de responsabilidade dos professores e funcionários. Além disso, ela sustenta que a Seduc deveria se posicionar contra a militarização das escolas.

“Isso só foi possível porque alguém gravou e postou. Há indícios de que ocorrem, mas não são divulgados, não é permitido, ou seja, a voz dos que se pronunciam de forma virtual, direta ou indireta, o que impede a manifestação de reclamações. É imperativo que acabemos com o silêncio de violência de gênero nas escolas cívicas militares.

Compreenda o caso

Viralizou nas redes sociais um vídeo que mostra policiais do Corpo Musical da Polícia Militar cantando uma música de cunho sexual, na Escola Militar Tiradentes. A gravação tem sido criticado pelo fato de a canção ter trechos que dizem: “Que a filha é bandida, que faz sacanagem” e “putaria”.

O fato ocorreu durante evento na unidade militar, que é conhecida por ter tradição disciplinar e por ser conservadora. Em grupos de troca de mensagens, o fato tem sido alvo de crítica.

Em nota, o coronel Mendes alega que foi pego de “surpresa” e afirmou que reprovou a conduta. Além disso, o chefe da corporação explicou que foi um pedido de um dos alunos.

 

 

Fonte: Informações/ Olhardireto

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