Ex-vice-reitor que matou gatas com machadadas disse que está ‘profundamente arrependido’
Ekesio Rosa da Cruz
O professor aposentado e ex-vice-reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Elias Alves Pedroso, que matou a machadadas uma gata de suporte emocional de uma criança diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) divulgou nota nesta quarta-feira (31) alegando que está “profundamente arrependido” de ter cometido o crime.
O fato aconteceu no dia 15 de julho, no bairro Jardim Califórnia, em Cuiabá. Vídeos que circulam na internet mostram a ação do suspeito.
No dia 23 deste mês, o ex-vice-reitor, que estava foragido, resolveu se apresentar à sede da Delegacia Especializada do Meio Ambiente (DEMA) acompanhado do seu advogado para prestar depoimento. Ele responde em liberdade um inquérito de maus tratos de animais com resultado morte.
No documento encaminhado à imprensa nesta quarta, Elias disse que após assassinar a gata e ter sido confrontado pela tutora do animal, cobrou “à consciência e racionalidade” da atitude que ele classifica como “abominável e irracional”.
“Desprezível sob todos os pontos de vista, ético, religioso, moral, social, civilizatório e humano”, declarou.
O professor aposentado afirmou ainda que ficou profundamente triste e decepcionado após o caso, além de ficar com vergonha da família, sociedade e da própria história de vida, “construída com muita luta, dificuldade, dedicaão e esforço”, diz trecho de nota.
“Estou profundamente arrependido por ter me portado de modo desumano contra um ser que só sabe nos dar amor e carinho em troca de nada, apenas de nossa atenção e cuidado”, escreveu.
“Rogo perdão à família da tutora, minha vizinha, e a sua família e amigos, à minha família, que está sofrendo comigo, à sociedade, a todas as organizações sociais que vêm brava e legitimamente lutando para que fatos como o que pratiquei não mais se repitam e, por fim, a Deus, que sempre abençoou a mim e a minha família”, acrescentou.
Veja a nota completa:
1. Arrependimento e Retratação
Minha história de vida, pessoal, familiar e profissional definitivamente não admitem que eu possa ter cometido este ato cruel, covarde, nefasto, inadmissível e desumano numa sociedade civilizada como o que cometi. Por mais que tenha sido movido pela emoção e descontrole, nada justifica o que fiz. Após os fatos, a agressão e morte da Sofia e o destempero no tratamento à tutora, que foi ao meu portão conversar em seguida, comecei a voltar aos poucos à consciência e racionalidade de meu comportamento, abominável e irracional, desprezível sob todos os pontos de vista, ético, religioso, moral, social, civilizatório e humano.
Fui tomado então por um sentimento de tristeza profunda, de decepção comigo mesmo, de vergonha de minha família, da sociedade e da minha história de vida, construída com muita luta, dificuldade, dedicação e esforço por todos estes longos anos que, apesar de temente a Deus, que me conforta através de minhas orações, têm aumentado mais e mais com o passar dos dias.
Estou profundamente arrependido por ter me portado de modo desumano contra um ser que só sabe nos dar amor e carinho em troca de nada, apenas de nossa atenção e cuidado. Rogo o perdão à família da tutora, minha vizinha, e a sua família e amigos, à minha família, que está sofrendo comigo, à sociedade, a todas as organizações sociais que vêm brava e legitimamente lutando para que fatos como o que pratiquei não mais se repitam e, por fim, a Deus, que sempre abençoou a mim a minha família.
Relembre
Vídeo que circula na internet mostra o ex-vice-reitor matando a gata, conhecida como Sofia, a machadadas. O fato aconteceu no dia 15 deste mês, no bairro Jardim Califórnia, em Cuiabá.
No dia 21, uma manifestação convocada pelo ativista da causa animal “Marlon Protetor” levou dezenas de pessoas para a frente da casa do ex-reitor da UFMT, Elias Alves de Andrade, no bairro Jardim Califórinia, em Cuiabá. “Não aos maus-tratos de animais”, “Justiça por Sofia” e “Luto! Quem mata um animal hoje, mata uma pessoa amanhã”, foram alguns dos textos escritos em faixas e cartazes levados pelos manifestantes. O crime causou revolta e ganhou repercussão em Cuiabá.