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Uma peça de teatro abordando a violência contra a mulher e os relacionamentos abusivos faz sua estreia no Festival Luiz Carlos Ribeiro em Cuiabá

Foto: Karen Malagoli

O ciclo da violência de gênero em relacionamentos abusivos será o foco do espetáculo “Labirinto Feminino”, escrito e dirigido por Gabriela Gama, que será apresentado na 2ª edição do Festival Luiz Carlos Ribeiro. O evento ocorrerá no dia 18 de agosto, às 20h, no Cine Teatro Cuiabá, com entrada gratuita.

A peça conta a história de uma mulher prestes a se casar com seu “príncipe”, revelando como uma relação que parece amorosa esconde uma realidade bem diferente. Através de performances e monólogos intensos, o espetáculo leva o público de contos de fadas à dura realidade contemporânea, abordando o ciclo da violência doméstica e a diversidade das situações de abuso, além de enfatizar a urgência de combater os feminicídios e promover o empoderamento feminino.

Gabriela Gama, que também integra o elenco ao lado do ator Shirtes Filho, destaca a estrutura do texto: “As performances foram criadas a partir de cada estação do ciclo de violência. Narramos a história desde a mitologia até os dias atuais. O figurino acompanha a trajetória das personagens, enquanto a cenografia minimalista e simbólica reflete o psicológico de uma vítima de violência. A iluminação cria atmosferas diversas, ressaltando a transformação das personagens. Em meio à violência, momentos de esperança e empoderamento também ganham destaque.”

O “Labirinto Feminino” promete provocar reflexões profundas sobre as complexidades do amor e da violência, convidando o público a uma experiência impactante e necessária.

A diretora e atriz do novo espetáculo teatral, que estreia em breve, destacou a importância da produção como resposta ao alarmante aumento de casos de feminicídio no Brasil. Segundo dados, em 2023, 1.467 mulheres foram assassinadas apenas por serem mulheres, representando um crescimento de quase 1% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre de 2023, a cidade de São Paulo registrou um aumento de 34% nas ocorrências de agressões, ameaças e medidas protetivas.

“São números expressivos que não podem ser ignorados. Por que querem nos matar? O que podemos fazer para mudar esse cenário?”, questionou a diretora. Ela explicou que a peça foi concebida para expor essa calamidade, servindo como um alerta e uma tentativa de prevenção. “Reconhecer o ciclo talvez seja uma das formas de libertar uma próxima geração dessa que eu chamo de ‘pandemia silenciosa’”, enfatizou.

O ator Shirtes Filho também compartilhou sua visão sobre a importância da obra. “Levamos ao palco, em forma de arte, questões atuais, mas que se parecem antigas, e que a sociedade tem dificuldade em dialogar. Além de atuar, sou um grande aprendiz do projeto. Como homem, estou procurando entender melhor essas agressividades que afetam nossa sociedade, principalmente as mulheres”, afirmou.

Ele destacou que a peça funciona como um espelho, permitindo que as mulheres se identifiquem no papel da vítima, enquanto os homens são levados à reflexão sobre possíveis comportamentos violentos. “É uma oportunidade de confrontar frases e ações que podem ter sido replicadas em nossos próprios comportamentos”, concluiu.

Importância da Apresentação no Estado

O espetáculo Labirinto Feminino se destaca como uma peça essencial no Festival, especialmente em um contexto alarmante. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2024, Mato Grosso registrou a maior taxa de feminicídios do país, com 2,5 mortes para cada 100 mulheres.

A criação da obra é fruto de uma investigação iniciada por Gabriela Gama em 2018, que explorou a síndrome de Estocolmo e as violências de gênero, resultando na performance Núpcias. Gabriela expressou seu impacto ao observar como a narrativa da peça gerava indignação e interação do público.

Esse impulso levou a uma intensificação da pesquisa sobre o ciclo da violência e à evolução do trabalho, que culminou na produção virtual de Labirinto Feminino. O espetáculo foi apresentado no cine teatro Guarani em Manaus, durante uma mostra dedicada a mulheres cineastas.

Em 2023, Gabriela recebeu o convite para dirigir uma versão da peça voltada para mulheres trans, resultando no espetáculo Labirinto TransFeminino. O projeto foi ainda mais ampliado com o Labirinto Imersivo, uma experiência em Realidade Virtual que utiliza óculos 360º, proporcionando uma nova dimensão à discussão sobre as violências de gênero.

Confira um teaser da peça teatral: 

Serviço:

Com informações da assessoria.

 

 

Da Redação com informações do Olhar Direto

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