Benedito Anunciação de Santana, de 42 anos, acusado de ser o mandante do assassinato da adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, de 16 anos, mantinha uma vida pública ativa como líder comunitário e religioso em Cuiabá. O caso chocou a população mato-grossense não apenas pela brutalidade do crime, mas pelo perfil até então irrepreensível do suspeito, que ocupava cargos de destaque em associações locais e tinha presença constante em atividades da Igreja Católica.
Benedito era secretário-geral da União Cuiabana de Associações de Moradores de Bairro e Similares (Ucamb) e já presidiu a Associação dos Moradores do bairro Ribeirão do Lipa, além do Conselho Comunitário de Segurança local. Em janeiro deste ano, integrou a nova gestão da Ucamb para o quadriênio 2025-2028.
Na esfera religiosa, ele atuava como coordenador da Capela Nossa Senhora de Santana, vinculada à Paróquia Nossa Senhora da Guia, no Distrito da Guia. Também fazia parte do Grupo de Terço dos Homens e chegou a servir como acólito, acompanhando padres em missas e cerimônias litúrgicas. Nas redes sociais, compartilhava mensagens bíblicas e registros de celebrações religiosas, além de lamentar recentemente a morte do Papa Francisco.
No campo político e profissional, Benedito demonstrava apoio a candidatos durante períodos eleitorais e foi assessor parlamentar no gabinete da deputada estadual Janaina Riva entre 2016 e 2017. De 2017 a 2021, atuou como servidor da Prefeitura de Cuiabá, passando pela Secretaria de Gestão e pela Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP). Até sua exoneração nesta quarta-feira (23), ele estava lotado como motorista na Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci), com salário bruto de R$ 4.957,80.
O crime
Heloysa desapareceu na tarde de terça-feira (22), após um suposto roubo à residência da família. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que ela foi levada no carro da família. Horas depois, seu corpo foi encontrado dentro de um poço em uma área de mata.
O padrasto da vítima, Benedito, foi preso no mesmo dia, após levar sua esposa — e mãe da adolescente — Suellen de Alencastro Arruda, ferida, a uma unidade de pronto atendimento. Suellen foi agredida durante o suposto assalto, mas sobreviveu.
O filho de Benedito, Gustavo Benedito Junior Lara Santana, de 18 anos, confessou a participação no crime e afirmou que o pai ordenou a morte da jovem por ciúmes, após discussão com Suellen por mensagens trocadas com o ex-marido dela. Gustavo relatou ainda que se sentiu abandonado pelo pai, que se recusou a assumir a autoria do crime.
Além de Benedito e Gustavo, dois adolescentes de 16 e 17 anos, amigos de Gustavo, também foram apreendidos. Todos estão sob custódia da polícia, e o caso segue sendo investigado com grande repercussão em todo o estado.
FONTE – RESUMO