A Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) decidiu, por unanimidade, manter a medida cautelar de monitoramento eletrônico imposta à advogada Hingritty Borges Mingotti, condenada a cinco anos de prisão por envolvimento com o núcleo jurídico da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no estado. A decisão foi tomada nesta terça-feira (1º), durante sessão conduzida pelo relator do processo, desembargador Hélio Nishiyama.
A defesa da advogada entrou com habeas corpus pedindo a revogação da tornozeleira, alegando que outras medidas seriam suficientes para garantir a ordem pública e que a decisão de primeira instância carecia de fundamentação adequada. No entanto, o relator rejeitou os argumentos, citando trechos da sentença da 5ª Vara Criminal de Sinop, que embasaram a manutenção da medida.
Conforme apontam as investigações da Operação Gravatas, Hingritty usava sua posição como advogada para atuar como intermediária entre membros do Comando Vermelho, inclusive repassando informações sigilosas e decisões judiciais a detentos da facção. Em sua residência, foram apreendidos aproximadamente R$ 145 mil em espécie, montante que, segundo a polícia, é proveniente do tráfico de drogas.
O inquérito também indicou que Hingritty auxiliava na recuperação de armamentos, munições e 87 bananas de dinamite, além de gravar áudios com presos e repassar o conteúdo a outros integrantes da facção. Em um dos episódios citados, ela teria atuado como ponte entre um dos líderes do CV, Tiago Telles, e a esposa de outro faccionado para localizar e resgatar material bélico escondido antes de operações policiais.
De acordo com os autos, a advogada não apenas servia como “mensageira” da facção, mas também buscava ativamente informações sobre operações policiais, compartilhava fotos de mandados de prisão e boletins de ocorrência, e intermediava comunicações entre criminosos de alta periculosidade.
Para o relator, a conduta de Hingritty apresenta “especial reprovabilidade”, já que ela teria se valido das prerrogativas profissionais para facilitar ações do grupo criminoso e comprometer investigações em curso. O TJMT, portanto, decidiu manter a tornozeleira eletrônica como forma de garantir a ordem pública e evitar novos atos ilícitos.
FONTE – RESUMO