A delegada Ana Cristina Feldner registrou um boletim de ocorrência contra o ex-secretário de Segurança, Rogers Jarbas, e sua esposa, a procuradora da República Samira Engel Domingues, pela acusação de ameaça e lesão corporal. A agressão teria ocorrido dentro do condomínio onde os três moram, no Bairro Jardim Itália, em Cuiabá.
As informações foram confirmadas por uma fonte da Polícia Civil.
O caso aconteceu horas após a discussão entre Rogers e o delegado Flávio Stringueta, no estacionamento do Supermercado Big Lar, no Bairro Jardim Itália, no dia 28 de março.
Feldner, assim como Stringueta, investigou Rogers na Operação Esdras, que desbaratou um grupo acusado de tentar obter a suspeição do desembargador Orlando Perri no caso das escutas clandestinas operadas dentro do Governo do Estado.
Conforme o MidiaNews apurou, Samira teria encontrado a delegada no estacionamento do clube do condomínio e ali começado uma discussão.
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O ex-secretário Rogers Elizandro Jarbas e a procuradora Samira Domingues
Um boletim de ocorrência foi registrado na Corregedoria Geral da Polícia Civil. Nele a delegada afirma que chegou a ser arranhada no braço pela procuradora. Em relação a Rogers, ela cita apenas uma ameaça verbal e xingamento.
De acordo com o B.O., Feldner relata que, momentos antes da confusão com a esposa de Jarbas, havia recebido uma ligação de Stringeta contando o episódio no supermercado.
Na ocasião, a delegada informou que, após a abordagem, passou a gravar a conversa. Após a procuradora perceber que estava sendo gravada, tentou pegar o celular, momento em que a teria arranhado.
Em seguida Jarbas teria aparecido no local e, de dentro do seu veículo, gritado com Feldner, em tom ameaçador, conforme consta no boletim de ocorrência
A situação só foi controlada após os seguranças do condomínio chegarem.
Confusão em supermercado
A suposta ameaça de Jarbas a Stringueta teria acontecido também na quarta-feira (28), no entanto só veio à tona na segunda-feira (2). As imagens do circuito de monitoramento do estabelecimento comercial registraram a discussão.
Conforme o BO nº 2018.102833, elaborado pela Polícia Civil, Stringuetta relata que estava passando as compras no caixa do estabelecimento, por volta das 10h, quando foi abordado por Rogers, que a princípio apenas o cumprimentou.
De acordo com o delegado citou, entre outros pontos, que tentou evitar a conversa com Rogers, mas que o ex-secretário insistiu e o xingou de “safado” e o ameaçado.
Em seguida, de acordo com o registro, já no estacionamento, após se aproximar de sua motocicleta, o ex-secretário novamente o abordou e pediu para conversarem.
O delegado conta que Jarbas se mostrou “acintoso e provocativo, adotando uma postura de muita proximidade com o comunicante [Stringueta], começando a conversa, chamando o comunicante de covarde e mentiroso”, diz trecho do BO.
Stringueta relata que ainda tentou evitar a conversa, mas Rogers teria insistido e o xingado de “safado” e o ameaçado.
Alair Ribeiro/MidiaNews
O delegado Flávio Stringueta, que também registrou B.O. contra Jarbas
“O comunicante ainda narra que Rogers queria resolver o ‘nosso problema de homem para homem’, ‘olho no olho’, dando a entender que queria confrontar fisicamente o comunicante”, consta no boletim.
Em seguida o ex-secretário ainda teria dito que sua prisão foi uma armação do desembargador Orlando Perri, e que a delegada Alana Cardoso teria mentido em seu depoimento para prejudicá-lo.
Em dado momento, Jarbas teria afirmado que “ia acabar com todos”.
Stringueta disse que questionou o que ele queria dizer com isso e Jarbas o teria confrontado mais uma vez.
“Ele disse que reverteria tudo num processo, e ainda ganharia dinheiro de todos; que já no final da conversa, Rogers disse novamente que era para resolvermos o nosso problema como homem, e pediu para o comunicante marcar dia, hora e local para tanto".
Entenda o caso
Rogers Jarbas é um dos alvos da Operação Esdras, que investiga um grupo acusado de tentar afastar o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça, das investigações sobre os grampos ilegais.
Ele foi preso no dia 27 de setembro de 2017 sob suspeita de estar usando seu cargo e sua influência para interferir nas investigações sobre o escândalo.
O ex-secretário foi solto em novembro, mediante medidas cautelares, entre elas a proibição de ingressar em qualquer órgão ligado à polícia.
Já a rixa com o delegado Stringuetta começou desde 2016 e ambos trocaram ofensa pela imprensa.
