Polícia liberta cinco trabalhadores em condições análogas à escravidão em fazenda de MT

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Após uma denúncia anônima a Policia Judiciária Civil libertou na manhã de quinta-feira (8), cinco trabalhadores em condições análogas a escravidão. Eles estavam em uma fazenda em São Felix do Araguaia (1.161 Km de Cuiabá) e viviam em condições sub-humanas, sofriam assédios e ameaças por parte do patrão, dívidas que nunca reduziam e comidas e bebidas insuficientes. O proprietário do local foi preso em flagrante.
 
De acordo com a assessoria da Polícia, os homens eram funcionários da fazendo Mata Verde, às margens do Rio Xavantinho, eles informaram aos policiais que possuíam para se alimentar no dia apenas um quilo de arroz e que por “sorte” na noite anterior também puderam comer um peixe que conseguiram pescar. Além disso, os trabalhadores não possuíam registro na carteira de trabalho e os salários estavam atrasados, eles eram constrangidos a assinar recibos sobre pagamentos no valor de R$ 6 mil, no entando, recebiam próximo de R$ 1.000.

A ação mobilizou policiais civis dos municípios de Confresa e São Felix do Araguaia, em cumprimento a mandado de busca e apreensão oriundo da Comarca de São Felix do Araguaia e com apoio do Grupo Armado de Resposta Rápida (Garra) de Confresa.

O suspeito Fernando Jorge Bittencort da Silva, 61 anos, foi preso em flagrante por redução à condição análoga de escravidão e por posse irregular de arma de fogo (foram apreendidas na propriedade, munições de calibre .36). Ele é investigado também por outros crimes, dentre eles o homicídio que vitimou um fazendeiro, no ano de 2016, e ainda por integrar uma rede de tráfico internacional de drogas.

Em março de 2017, durante deflagração da operação Zona Rural Segura, foram apreendidas diversas armas de fogo na mesma propriedade, incluindo pistolas automáticas de uso restrito das forças policiais, com carregadores alongados. Na ocasião também foi cumprido contra ele um mandado de prisão temporária. O suspeito possui ainda condenação de 09 anos de reclusão na Comarca de Caxias do Sul (RS) por tráfico internacional de drogas e de armas.
 
Divida crescente
Fernando informava aos funcionários que o restante do valor era retido por ele para pagar as dívidas que os trabalhadores contraíam ao usar a estrutura da propriedade e a alimentação que consumiam, porém nunca mostrou aos contratados notas fiscais ou detalhou as supostas dívidas. Um dos exemplos de preços abusivos que teriam sido repassados por Fernando era o da gasolina, que cobrava R$ 10, o litro.

No começo da noite, os funcionários contaram que usavam a bateria de uma motocicleta para conseguir iluminar o alojamento, distante cerca de 04km da sede da fazenda. Eles também dormiam em camas improvisadas (colchões sobre tijolos) ou redes, e não tinham acesso a banheiro. Também eram impedidos de sair do "emprego" antes de quitar todo o débito com Fernando.
 
Investigação
De acordo com a delegada à frente do trabalho, Lizzia Kelly Ferraro Noya, o ponto de partida para a ação na fazenda, e a representação pelo mandado de busca e apreensão, foi a fundada suspeita de que Fernando continuasse a possuir armas de fogo no local, mesmo após ações pretéritas que aprenderam armamento no local. O cumprimento do mandado foi realizado por equipe coordenada pelo delegado André Rigonato, da Delegacia de Polícia de Confresa, que também acompanha as investigações.

Os trabalhos prosseguem na Delegacia de Polícia de São Félix do Araguaia, especialmente no intuito de identificar outros trabalhadores que teriam sido submetidos à condição análoga de escravidão.

O suspeito foi encaminhado para unidade prisional (Cadeia Pública) ficando à disposição do Judiciário.

 

Fonte: Olhar Direto

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