Facção tenta desestabilizar operação e reaver poder na PCE; investigação aponta brigas entre presos

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Foto: Reprodução
ALMT

Fonte:Olhar Direto

O Comando Vermelho (CV) tem tentado, nos últimos dias, desestabilizar a ‘Operação Agente Douglas’, deflagrada este ano pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp) para reinstituir a ordem dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE). Segundo apurou o Olhar Direto, a tentativa das lideranças é reaver o poder dentro da unidade. As investigações da Polícia Penal apontam também diversas brigas entre os reeducandos, que teriam sido atribuídas a maus tratos, posteriormente.

A linha de investigação, conduzida na unidade, aponta que a manobra seria uma demonstração de força das novas lideranças, após o assassinato de Paulo Cesar dos Santos, conhecido como “Petróleo”, no local.

Os policiais penais estão no que chamam de vigilância aproximada para coibir qualquer tipo de movimentação dentro da unidade. Fonte da reportagem pontuou que, a qualquer denúncia feita de maus tratos, os reeducandos são imediatamente levados para fazer exame de corpo de delito.

Alguns dos presos machucados, conforme a mesma fonte, teriam se ferido em decorrência de brigas entre os próprios reeducandos.

Denúncias

A Defensoria Pública de Mato Grosso apresentou, no início do mês, os resultados do mutirão carcerário que foi realizado na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá. A segunda subdefensora pública-geral, Gisele Chimatti Berna, que é coordenadora do regime especial de atendimento à PCE, afirmou que além de constatar uma superlotação de 275% na unidade, a Defensoria colheu 108 declarações de maus tratos e tortura contra presos.

Além da insalubridade e de situações de escassez de água e altas temperaturas, a defensora Gisele Chimatti afirmou que foram feitas muitas denúncias de maus tratos e tortura por parte dos agentes prisionais aos presos.

“Quando chegamos na PCE houve sim queixa dos presos, de excesso por parte dos agentes […] Nós colhemos dos presos 108 declarações de maus tratos e tortura, isso ainda vai ser apurado para tentar se levantar os responsáveis”, afirmou.

Operação

A intervenção realizada na Penitenciária Central do Estado (PCE), que teve início no dia 12 de agosto deste ano, com o objetivo de fazer uma limpa e reformar a unidade, teve 171 celulares encontrados, 500 chips e até uma churrasqueira. O gestor da pasta, Alexandre Bustamante, destacou a redução no número de crimes neste período em que o acesso dos detentos ao mundo externo foi dificultado.

Entre os materiais apreendidos estão 171 celulares (de diversas marcas e modelos), mais de 500 chips de telefonia, 12 baterias de celular, drogas, facas artesanais (chuchos), churrasqueira, sanduicheira, entre outros.

Também foram apreendidos 352 cadernos do crime organizado, com detalhes da contabilidade das facções e seu relacionamento com o exterior da unidade. Parte deste material já está sendo analisado pela Polícia Civil e o setor de inteligência do sistema prisional.

A operação foi batizada de “Agente Douglas” em homenagem ao agente penitenciário executado por membros do Comando Vermelho, na cidade de Lucas do Rio Verde, com vário tiros de pistola 0,9 mm, quando chegava em sua residência.

A operação de reforma na Penitenciária Central do Estado foi iniciada no dia 12 de agosto. Estão sendo realizadas mudanças nas celas, pinturas e retirada de produtos que estão em desconformidade com o Manual de Procedimento Operacional Padrão do Sistema Penitenciário.

Além da reforma, a operação de revista geral tem o objetivo de fortalecer as ações de enfrentamento a crimes que possam ser cometidos dentro da unidade penal, além de se antecipar a possíveis atos delituosos.

Plano de morte

O diretor da Penitenciária Central do Estado (PCE), Agno Sérgio Ramos, responsável pela ‘Operação Agente Douglas’, deflagrada com o objetivo de fazer uma limpa e restaurar a ordem dentro da unidade, afirmou que foram identificados planos de morte contra ele após o início dos trabalhos. Tudo foi repassado à inteligência, que investiga as ameaças.

“Você imagina. Eu tirei eles [criminosos] da zona de conforto. Causei um prejuízo muito grande para a facção. O índice de criminalidade caiu cerca de 30% no primeiro mês, quando os comparsas já tinham as ordens emanadas. Agora, acredito que desceu mais”, disse o diretor em entrevista ao Olhar Direto.

Agno ainda pontua que a operação cessou uma movimentação de milhões de reais. “Eu, à frente da operação, seria até natural que eles quisessem me tirar de cenário. Já era previsto. Tenho uma equipe muito boa junto, temos várias estratégias de segurança. Seria estranho se não houvessem [ameaças]”.

“Todas as denúncias foram encaminhadas para a inteligência. Não são ameaças na verdade, passou disso, são planos. A gente fica sabendo que fulano de tal deu a ordem [para assassinato]. Isto está com a inteligência para desarticular todos os envolvidos nisto”, completa o diretor.

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