A juventude, linguagem e as mídias sociais

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

O impacto da cibercultura e da linguagem digital na identidade juvenil

O ritmo acelerado das informações no mundo contemporâneo é impressionante, especialmente para os menos acostumados com o fluxo constante de mensagens. Diariamente, somos bombardeados por um turbilhão de ideias e notificações no WhatsApp, enquanto os e-mails, hoje considerados obsoletos por muitos, ficam abarrotados de mensagens, muitas delas spam.

Nas redes sociais, o principal espaço de interação da atualidade, essa avalanche de dados é ainda mais intensa. O ciberespaço, termo cunhado por Pierre Lévy, parece não ter limites em termos de conexões. E é desse ambiente vasto e dinâmico que surge a cibercultura, um espaço onde identidades são construídas e moldadas em tempo real.

Entre as diversas faixas etárias, os jovens se destacam por atribuírem grande importância à identidade. Seja individualmente ou em grupos, eles buscam reafirmar quem são, o que pensam e o que desejam. E as redes sociais se tornaram o palco principal para essa manifestação.

Ao abordar a linguagem dos jovens nas plataformas digitais, é notável como ela reflete características da oralidade. Expressões como “cê vai lá hoje?” são comuns tanto na fala quanto na escrita digital, aproximando os dois formatos. Esse tipo de linguagem, embora não siga a norma culta, é, sem dúvida, um ato comunicativo legítimo.

Para nós, professores de língua portuguesa, o desafio é preservar o código linguístico historicamente construído, que reflete a influência de diversos povos – dos colonizadores portugueses aos povos originários e africanos. Ainda assim, é crucial reconhecer que o uso informal da língua nas redes sociais também faz parte da evolução do idioma, e é essencial evitar o preconceito linguístico ao lidar com essas mudanças.

No século XXI, o conceito de juventude continua a intrigar. Ao mencionar essa fase da vida, muitos se veem tomados pela nostalgia e pela comparação entre gerações. Alguns especialistas até preferem o termo “juventudes”, no plural, para enfatizar a diversidade de contextos e experiências que marcam essa fase.

Esse debate geracional é antigo e necessário, mas nosso foco aqui é explorar a juventude sob o olhar da pesquisa científica. Sejam bem-vindos aos estudos sobre juventude.

Miguel Rodrigues Netto é jornalista, licenciado em Letras, doutor em Ciências Sociais e professor do Mestrado Profissional de Sociologia, na linha de pesquisa Juventude e Questões Contemporâneas, da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), em Sinop.

 

 

Da Redação com informações do Olhar Direto