As “dancinhas” do TikTok tornaram-se populares entre a Geração Z e apresentam um ritmo para o Brasil: “movimento de valorização”

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Foto: Reprodução
ALMT TRANSPARENCIA

Lambadão ganha nova vida nas redes sociais com a Geração Z em Mato Grosso

Na década de 90, o lambadão atingiu seu auge nas periferias da Baixada Cuiabana, onde a fusão de lambada, rasqueado e carimbó do Pará, com ritmo acelerado e letras românticas, dominou os bailes locais. Esse gênero musical se tornou a principal trilha sonora de lazer das comunidades, mas também enfrentou desafios para ganhar reconhecimento devido ao preconceito musical, sendo associado principalmente às margens da cidade.

Hoje, o lambadão vive um renascimento, impulsionado pela Geração Z de Mato Grosso, que, munida de smartphones e com a ajuda de redes sociais como o TikTok, está revivendo e popularizando o ritmo com suas “dancinhas”. Mesmo sem ter vivenciado o auge do gênero, Matheus Gabriel Ramos Ribeiro, de 26 anos, é um dos jovens que tem contribuído para essa ressurreição.

Matheus, que já ultrapassou 31 mil visualizações em um de seus vídeos, compartilha sua paixão pelo lambadão no TikTok, criando passos de dança para músicas como “Você Quer Dançar”, da banda Os Ciganos, originária da periferia de Cuiabá. Em outro vídeo, com 13 mil visualizações, ele dança ao som de “Terminando Com Saudade”, da Banda Novo Som, interagindo com outros mato-grossenses e recebendo comentários de pessoas de outros estados interessados no ritmo.

“Assim que postei o primeiro vídeo, a repercussão foi grande, e decidi colocar mais vídeos de lambadão. Recebo mensagens de pessoas de São Paulo e Rio de Janeiro, dizendo que querem aprender o lambadão e até me convidando para dançar em Cuiabá”, conta Matheus, que mora em Campo Verde e afirma que seu objetivo é levar o lambadão para o mundo inteiro.

O jovem revela que o lambadão entrou em sua vida por influência de seu pai, cuiabano, e desde pequeno sempre ouviu a banda Erre Som, a qual considera fundamental em sua trajetória no gênero. “Fiquei encantado com o lambadão desde o Erre Som. Era muito jovem e começava a dançar ‘Jumento Apaixonado’. A paixão pelo lambadão começou ali e permanece até hoje”, recorda Matheus.

Valorização das tradições através das redes sociais

A professora Aline Wendpap, do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea da UFMT, destaca que a Geração Z, embora não tenha vivido o auge do lambadão, está ressignificando o gênero através das redes sociais. “O TikTok permite que as novas gerações conheçam e valorizem tradições regionais, mesmo sem ter vivido sua época de auge. O lambadão, que chegou a ser visto como algo ‘cafona’, está sendo ressignificado”, explica Aline.

Ela também ressalta que a cultura não é estática, mas se reinventa com o tempo. “Esse movimento de valorização do lambadão é um exemplo de como a cultura atravessa gerações, e algo que era estigmatizado pode ser apreciado por uma nova geração.”

Matheus acredita que o crescimento da visibilidade do lambadão nas redes sociais tem sido um passo importante para divulgar a cultura mato-grossense. “O lambadão está se tornando mais conhecido, e agora as pessoas de outros estados têm a oportunidade de conhecê-lo. Isso é fundamental para levar nossa cultura cada vez mais longe”, finaliza.

Com o apoio das redes sociais, o lambadão de Cuiabá e Várzea Grande, antes restrito aos bailes da periferia, agora encontra um novo público e uma nova vida, conectando gerações e expandindo fronteiras.

 

 

Da redação com informações do Olhar Direto