Bancos denunciam possíveis irregularidades e a recuperação de transportadora pode se transformar em falência

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Foto: Reprodução
ALMT TRANSPARENCIA

Transportadora Kols pode ter recuperação judicial convertida em falência após denúncias de fraude

A transportadora Kols, que entrou com um pedido de recuperação judicial para renegociar dívidas de R$ 20 milhões, pode ter seu processo convolado em falência, após denúncias de credores sobre uso fraudulento do instituto de recuperação. A decisão foi tomada pela juíza Giovana Pasqual de Mello, da 4ª Vara Cível de Sinop, que concedeu um prazo de cinco dias para manifestação das partes envolvidas.

O processo de recuperação judicial da Kols foi deferido em junho deste ano, quando a empresa alegou dificuldades financeiras causadas pela pandemia de Covid-19 e por acidentes envolvendo sua frota. A empresa, localizada em Guarantã do Norte (a 750 km de Cuiabá), utilizou o mecanismo para reorganizar suas finanças e negociar dívidas com bancos e fornecedores.

Entretanto, credores, incluindo instituições financeiras como Banco Volkswagen, Banco Mercedes-Benz, Banco J. Safra e Scania Banco, alegaram que a Kols estaria abusando do processo. Segundo os bancos, cerca de 94% das dívidas declaradas pela empresa seriam extraconcursais, ou seja, obrigações que deveriam ser pagas independentemente da recuperação judicial. Isso levantou suspeitas de que a empresa estaria utilizando a recuperação para escapar de dívidas que, segundo as normas, ainda precisariam ser quitadas.

Além disso, foi identificado que o passivo inicialmente informado pela Kols, no valor de R$ 20.016.466,72, foi drasticamente reduzido para R$ 309.061,15 após uma verificação administrativa, o que gerou mais dúvidas sobre a veracidade das informações financeiras fornecidas pela empresa. Essa redução substancial nos valores sugeriu que a Kols poderia ter exagerado seu quadro financeiro para se beneficiar indevidamente das proteções da recuperação judicial.

A juíza Giovana Pasqual de Mello determinou que a Kols se manifeste sobre a situação, além de exigir a comprovação do pagamento de custas processuais e taxas judiciais, sob pena de cancelamento do processo. A medida reflete a preocupação do Judiciário com a integridade do processo, garantindo que todas as obrigações legais sejam cumpridas.

Confira abaixo a lista de credores da Kols, com valores detalhados:

Classe I – Trabalhistas e Diversos:

  • Total: R$ 65.100,58

Classe II – Garantia Real:

  • Banco CNH Industrial Capital S.A.: R$ 1.711.241,55

  • Banco J. Safra S.A.: R$ 1.250.587,99

  • Banco Mercedes-Benz do Brasil S/A: R$ 923.686,31

  • Banco Randon S.A.: R$ 612.341,22

  • Banco Volkswagen S.A.: R$ 6.137.466,99

  • Sicredi Grandes Rios MT PA AM: R$ 1.107.888,14

  • Scania Banco S.A.: R$ 7.130.951,30

  • Total: R$ 18.874.163,50

Classe III – Quirografários:

  • Aluar Comércio de Pneus Ltda.: R$ 24.620,66

  • Banco Randon S.A.: R$ 493.422,52

  • Sicredi Grandes Rios MT PA AM: R$ 29.430,75

  • Dipecarr Distribuidora de Peças: R$ 6.047,39

  • GP Pneus Ltda.: R$ 59.280,00

  • Total: R$ 948.500,85

Classe IV – ME/EPP:

  • Gap Truck Alinhamento Ltda.: R$ 900,00

  • GOMMA Distribuidora de Pneus Sinop Ltda.: R$ 90.676,60

  • Nacional Auto Peças Ltda.: R$ 3.234,00

  • Total: R$ 128.701,79

Total Geral: R$ 20.016.466,72

A Kols segue com o processo de recuperação judicial sob análise, e as investigações sobre possíveis fraudes continuam.

 

 

Da redação com informações do Olhar Direto