Mulher com esquizofrenia é usada em esquema de fraude milionária investigado pela Polícia Civil de MT

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Foto: Olhar Direto
ALMT

Uma mulher diagnosticada com esquizofrenia e interditada judicialmente há mais de 10 anos foi usada como laranja em um esquema de fraude que é alvo da Operação Sepulcro Caiado, deflagrada pela Polícia Civil de Mato Grosso nesta quarta-feira (30). As investigações apontam que ela aparece como devedora em pelo menos nove ações judiciais, mesmo sem ter condições legais de firmar qualquer contrato ou movimentar contas bancárias.

De acordo com o delegado Pablo Carneiro, da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, o caso evidencia o grau de vulnerabilidade das vítimas exploradas pelo grupo criminoso. “Ela está interditada judicialmente, com laudo da Politec que comprova esquizofrenia. Não poderia movimentar conta nem firmar contratos”, ressaltou.

O esquema teria desviado mais de R$ 21 milhões por meio da falsificação de dívidas e apresentação de documentos com valores inflacionados ou já quitados. No caso da mulher, os golpistas ajuizaram ações como se ela tivesse reconhecido débitos que nunca existiram. A fraude foi descoberta após o bloqueio judicial do cartão de débito da vítima, o que levou a família a investigar e constatar seu envolvimento indevido em diversas cobranças judiciais.

O principal beneficiário das fraudes, segundo a investigação, seria João Gustavo Ricci Volpato. Em sete processos nos quais a mulher figura como devedora, os valores supostamente pagos ultrapassavam R$ 600 mil. Contudo, conforme a denúncia, a única dívida real da vítima seria um empréstimo de R$ 17 mil, feito em 2014.

Além dela, outras vítimas foram identificadas. Em muitos casos, os prejudicados reconheciam parte dos documentos, como notas promissórias e cheques, mas negavam a autenticidade de valores ou registros de quitação apresentados nos autos.

A operação também investiga o envolvimento de empresas de fomento, suspeitas de atuarem irregularmente, oferecendo empréstimos com taxas abusivas e participando diretamente do esquema fraudulento. “Agora vamos aprofundar a investigação para verificar se essas empresas estavam autorizadas a operar com empréstimos e com essas taxas de juros que praticavam”, afirmou o delegado.

Entre os alvos da operação estão advogados, empresários e até um servidor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Foram expedidos 11 mandados de prisão preventiva, 22 de busca e apreensão, além do bloqueio de bens e valores dos investigados. A fraude teria se aproveitado de brechas no sistema do TJMT para movimentar valores em contas judiciais indevidamente.

FONTE – RESUMO