Um empresário indicado como chefe de um esquema de desvio no TJMT supostamente apagou mensagens no dia em que ocorreu a operação, conforme relatou a polícia

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Foto: Reprodução
ALMT

Empresário é acusado de apagar mensagens no dia de operação que apura desvio de R$ 21 milhões do TJMT

Polícia Civil aponta tentativa de ocultação de provas em inquérito da Operação Sepulcro Caiado; 11 pessoas foram indiciadas, incluindo servidores e advogados

O empresário João Gustavo Ricci Volpato, apontado como um dos líderes de um esquema criminoso que teria desviado cerca de R$ 21 milhões da Conta Única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), teria apagado mensagens do WhatsApp no dia em que a Operação Sepulcro Caiado foi deflagrada contra ele, em 30 de julho. A informação consta no relatório final da Polícia Civil, que indiciou João e outras dez pessoas por crimes como organização criminosa e estelionato.

Apagamento de conversas e suspeita de ocultação

Segundo o documento, a análise do celular de João Gustavo revelou 743 conversas no aplicativo de mensagens, das quais 12 estavam excluídas e 152 com status “desconhecido”, sugerindo possível tentativa de ocultação de evidências.

O delegado Pablo Carneiro, responsável pelo inquérito, destacou que foram identificadas 28 conversas entre o empresário e sua esposa, Flávia Volpato, sendo a última registrada em 29 de julho de 2025. Todas estariam inacessíveis, provavelmente excluídas de forma deliberada. Flávia, no entanto, não foi indiciada por falta de provas.

Ainda conforme o relatório, houve “atividade significativa” no aparelho na madrugada da operação, com acesso ao WhatsApp às 5h22 e uso da câmera minutos depois, “sugerindo possível captura de evidências ou documentos” antes da chegada da polícia.

Documentos e valores encontrados

No celular de João, os investigadores localizaram documentos relacionados ao caso, incluindo contratos de confissão de dívida de R$ 1,35 milhão e requerimento de protesto de R$ 2,28 milhões, além de cheques e papéis de correção monetária. Para a polícia, a presença desse material reforça a suspeita de que o dispositivo era utilizado para registrar e comunicar informações relevantes sobre a fraude.

Como funcionava o esquema

De acordo com as investigações, a quadrilha ajuizava ações de cobrança baseadas em dívidas inexistentes. Sem o conhecimento das partes rés, simulava a quitação dos débitos com depósitos judiciais falsos.
Um servidor do TJMT, também indiciado, transferia o valor da Conta Única para a conta vinculada ao processo, permitindo o saque via alvará. Entre 2018 e 2022, pelo menos 17 processos teriam sido usados no golpe. Após mudanças nas regras de transferência em 2023, não foram detectadas novas fraudes com o mesmo modus operandi.

Quem foi indiciado

Além de João Gustavo, foram indiciados:

  • Augusto Frederico Ricci Volpato (irmão)

  • Luiza Rios Volpato (mãe)

  • Mauro Ferreira Filho (servidor do TJMT)

  • Wagner Vasconcelos de Moraes (advogado)

  • Themis Lessa da Silva (advogada)

  • João Miguel da Costa Neto (advogado)

  • Rodrigo Moreira Marinho (advogado)

  • Denise Alonso (advogada)

  • Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes (advogada)

  • Régis Poderoso de Souza (advogado)

O inquérito foi encaminhado ao ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que decidirá se aceita a denúncia.

Quem ficou de fora

Seis investigados não foram indiciados por falta de provas suficientes: Flávia de Oliveira Santos Volpato, Julia Maria Assis Asckar Volpato, Guilherme Porto Corral, Keyyly Gonçalves Martinez, Eva da Guia Magalhães e Cláudia Regina Dias de Amorim Del Barco Correa.

Prisões revogadas

Todos os investigados chegaram a ter prisão decretada, mas foram libertados por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado argumentou que os crimes teriam sido consumados até março de 2023, afastando o requisito de contemporaneidade para manter a prisão preventiva. João Gustavo foi o primeiro a obter habeas corpus, estendido depois aos demais, que passaram a cumprir medidas cautelares.

 

 

Da Redação com informações do Olhar Direto