Meu pai ao se sentar na sua velha máquina de escrever me dizia que tudo que ele colocava no papel tinha um motivo: deixar registrado para as novas gerações nossa história e a cultura do nosso povo conquistadas com muita garra e determinação.
Nestas páginas público com “pitadas” minhas a história da cidade que ele me ensinou a amar. Homenagem nossa à querida Cuiabá por ocasião do seu 299 anos de fundação.
FUNDAÇÃO DA CIDADE- Na primeira metade do século 18, várias “bandeiras” partiram de São Paulo com o destino ao interior do país, com o objetivo de prear índios para escraviza-los.
Uma delas sob a chefia do Sertanista Pascoal Moreira Cabral, saindo de Porto Feliz, navegou pelas aguas do rio Tiete, Paraná, Pardo, Taquari, Paraguai e Cuiabá, até atingir a barra do Rio Coxipó.
Subindo este, travou combate com os Coxiponés sendo por eles repelida.
Ao retrocederem para o baixo curso do rio, encontraram os bandeirantes, pelas barrancas, granetes de ouro. Extasiados ante a quantidade do precioso metal, desinteressaram-se da caça aos selvagens para se dedicarem à cata do ouro.
Imediatamente despachou o chefe Pascoal Moreira Cabral para São Paulo o Capitão Antonio Antunes Maciel levando amostras do precioso achado com a finalidade de transmitir a grande notícia ao capitão General da Capitania, já que Mato Grosso pertencia então à Capitania de São Paulo, e em seguida, fundou uma povoação às margens do rio Coxipó, sob a invocação de Nossa Senhora da Penha de França a 8 de Abril de 1719.
A notícia da descoberta alvoroçou São Paulo e grandes comitivas se formaram para enfrentar a aventura que era a jornada para o novo Eldorado.
AS LAVRAS DO SUTIL- Três anos depois outro bandeirante, Miguel Sutil, encontrou ouro em terras situadas mais ao poente, na encosta do morro da prainha nas imediações da Igreja do Rosário.
Estavam descobertas as Lavras do Sutil, a mais extraordinária macha aurífera da qual até então se tivera notícia no Brasil.
Logo o Arraial da Forquilha, existente nas margens do rio Coxipó, se despovoou e toda a população se transferiu para o vale do ribeirão “Prainha” onde o precioso metal afloravam em quantidade impressionante.
Este local importantíssimo da história de Cuiabá, alguns desavisados com o apoio de alguns órgãos de imprensa insistem em chamar de Ilha da Banana, desrespeitando nosso povo e nossa história.
ELEVAÇÂO A VILA- Tao grande foi o afluxo de caravanas de São Paulo para Cuiabá, que o próprio Capitão General Rodrigo Cesar de Menezes, deslocou-se de sua sede no planalto de Piratininga, e veio para cá, para ver de perto as famosas minas e para fiscalizar a arrecadação de impostos devidos à Coroa.
Chegando a 15 de novembro de 1726, baixou ato a 1 de janeiro de 1727 elevando a nova povoação à categoria de Vila, com o nome de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
CRIAÇÂO DA CAPITANIA- A atividade mineira se espraiou para outros pontos dos sertões de Cuiabá, para o norte até Diamantino e para o Oeste até as fronteiras com a Bolívia.
Tal fato e a ameaça de um avanço dos Espanhóis, que dominavam os altiplanos dos Andes, no sentida inverso, do poente para o nascente, determinou que, em 1748 o governo português criasse a Capitania de Mato Grosso, desligada da de São Paulo.
O primeiro Capitão General, Dom Antonio Rolim de Moura Tavares, recebeu instruções para plantar o governo em posição estratégica da qual pudesse deter qualquer eventual avanço castelhano e, por isso, fundou Vila Bela da Santíssima Trindade em março de 1752 às margens do rio Guaporé, erigindo-a em capital da Capitania.