Fonte: Olhar direto
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou, em vários dias de agosto, mais de 200 microgramas (µg) de poluentes por metro cúbico (m³) de ar, em Cuiabá. As queimadas provocadas na região urbana e nas proximidades são apontadas como as grandes vilãs. A informação foi divulgada pelo UOL Esporte e conta com a entrevista do professor doutor Rodrigo Marques, especialista em climatologia no Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
A capital mato-grossense registrou vários dias de agosto com mais de 200 microgramas (µg) de poluentes por metro cúbico (m³) de ar, de acordo com o Inpe. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o máximo de 25 µg/m³ para que o ar seja considerado bom — Cuiabá estaria com concentração 800% acima do que é recomendado pelo órgão.
Marques ainda alerta para um problema na coleta dos dados do Inpe: as amostras são do ar acima de 40 metros da superfície. Em decorrência da inexistência de estações terrestres de medição, não se sabe ao certo qual a concentração de poluentes à qual a população cuiabana está realmente exposta, e que deve ser consideravelmente maior que os tais 200 µg/m³, já que as partículas tendem a se concentrar próximo à superfície.
Além de professor de climatologia, Marques estudou especificamente partículas inaláveis em seu doutorado. E faz o alerta: "As queimadas são grande fonte de emissão dessas partículas, que vão dentro do alvéolo do pulmão. Os danos à saúde da população são muito grandes".
Em Cuiabá, sem previsão de chuvas para as próximas semanas, o climatologista Rodrigo Marques alerta para a possibilidade de a umidade do ar somente voltar a subir em novembro.
"É natural. De maio a setembro aqui é estação seca há pelo menos 200, 300 anos, porque tem um sistema na atmosfera que avança no inverno sobre o continente da América do Sul", explica o professor doutor. Ele ainda acrescenta que, a falta de chuvas, é um prato cheio para o fogo. “O auge das queimadas ocorre nas condições meteorológicas mais favoráveis para elas. Quando chove muito, é até complicado tacar fogo. Quando está seco, é mais propício", argumenta.
Assim, explica-se, em grande parte, a altíssima concentração de partículas inaláveis que paira sobre Cuiabá nos últimos meses.
Isso ocorre por conta de um fenômeno conhecido como inversão térmica, ou seja as partículas mais se acumulam do que se dissipam. "É por conta dessa dinâmica de deserto: muito quente durante o dia e frio à noite", conta Marques. Por conta da baixa umidade, o ar seco não retém o calor liberado pela superfície, fazendo com que as noites sejam frias. O ar frio, por sua vez, é mais denso. E funciona como barreira fazendo com que toda a fumaça oriunda das queimadas fique "presa" na superfície.
A reportagem completa, que retrata a dificuldade enfrentada pelos jogadores do Cuiabá com o clima seca, pode ser vista AQUI.
100 dias, sem chuva
Cuiabá completa 120 dias sem chuva nesta quarta-feira (11). De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o último registro ocorreu no dia 14 de maio. O calor não deve dar trégua, pois segundo Dalvete da Cruz, do 9º Distrito de Meteorologia de Várzea Grande, não há previsão de chuva para os próximos dias.
Na última segunda-feira (9), o Instituto emitiu um alerta de onda de calor nos 141 municípios mato-grossenses. O aviso segue até sexta-feira (13) e cita o aumento de 5ºC na temperatura média na Baixada Cuiabana, que fica em 34ºC. Com isso, os termômetros devem ficar em torno dos 40ºC.
O alerta de onda de calor cita também a hipertermia, com risco de morte. A hipertermia é o termo associado à elevação e/ou manutenção das temperaturas do corpo humano ou de outro organismo vivo a patamares capazes de comprometer ou mesmo de colapsar metabolismos.
Por conta dos riscos, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) deverá publicar nesta quinta-feira (12) um decreto com medidas preventivas com orientações para as unidades escolares. A mudança de horário e até mesmo a suspensão das aulas não está descartada. A rede municipal atende 163 unidades educacionais e 52 mil alunos.
Efeitos do ar seco e recomendações
Quando a umidade no ar diminui muito, a produção de muco pelas mucosas diminui. Isto deixa o nosso corpo mais frágil, mais suscetível ao ataque dos agentes externos nocivos.
Vírus de gripe, bactérias que estão no ar, a fumaça liberada do escapamento dos veículos e por muitas indústrias, a poeira que fica em suspensão no ar, principalmente quando temos vários dias consecutivos sem chuva, são alguns destes agentes nocivos estranhos aos quais ficamos diariamente expostos.
A forma mais simples, rápida e barata de diminuir o risco de seu corpo ser “invadido” é manter a produção das mucosas das vias aéreas superiores em dia. A hidratação ajuda a manter a produção do muco nas mucosas, que significa manter a proteção natural das cavidades nasais, da faringe e de laringe, que formam as vias aéreas superiores.
Beber água, molhar as narinas com frequência, e para quem tem algum problema respiratório crônico, fazer inalação regularmente são ações simples e poderosas para evitar que a proteção natural do nosso corpo fique fragilizada e vire uma porta aberta para entrada dos agentes nocivos que estão no ar.