“A tenente é beneficiada e isso nos tira esperança”, diz mãe de soldado morto após tortura

0
234
Foto: Reprodução
CAMARA VG

Olhar Direto

Apenas 21 anos. Este foi o período que Jane Patrícia Lima Claro pode conviver com seu filho Rodrigo Claro, antes que ele morresse em decorrência um treinamento tortuoso durante o curso de formação praticado pela tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur.
 
Duratente protesto realizado na tarde de 18 de outubro a família pediu justiça e o fim dos privilégios dados a militar. “A tenente é beneficiada e isso nos tira esperança de Justiça”, afirmou Jane ao Olhar Direto durante o protesto na Praça Ipiranga, região central de Cuiabá.

Amigos e familiares juntamente com a Associação de Familiares Vítimas da Violência (AFVV) se mobilizaram para pedir justiça na data que Rodrigo completaria mais um ano de vida. “Ele completaria 22 anos e infelizmente ele foi tirado de mim de forma brutal”, disse a mãe. 
 
Jane contou que mesmo sendo esposa de um Bombeiro que sempre teve orgulho de representar a instituição, atualmente ela não acredita nas investigações instauradas pelo Corpo de Bombeiros.
 
 “Nós esperamos que aconteça uma investigação séria. Só que vindo da instituição Corpo de Bombeiros eu já não tenho tantas esperanças que isso vá acontecer. A gente não aceita como as coisas aconteceram. Pelo que estamos vendo até aqui, são muitos benefícios para uma pessoa que não merece”, diz.
 
Durante o ato, a mãe de Rodrigo leu uma comovente carta relembrando os momentos que viveu com o filho e expressando os sentimentos ao receber a notícia do falecimento.
 
“A estupidez de um instrutor mudou o rumo e toda a direção do que estava programado. Meus dias eram coloridos, mas agora a vida já não tem o mesmo sentido que antes. No dia 15 de novembro às 22 horas, eu recebi a noticia que nenhuma mãe gostaria de receber. Chorei muito ao receber a urna com o corpo do meu filho dentro e uma dor intensa invadiu meu coração”, disse.
 
Aos prantos, Jane assemelhou a dor do luto, a mesma sentida por Maria.  “A minha dor só não foi maior do que de Maria, que assistiu de perto toda a dor e sofrimento de seu filho Jesus, antes dele morrer”.
 
A amiga da família, Susana Leite, 41, também expressou a indignação. Em seu protesto, ela pedia Justiça.  “Que ela pague pelo que fez e cumpra o que tenha que cumprir”, conta.
 
“Ele estaria fazendo 22 anos, e daqui um mês, dia 15 de novembro vai completar um ano do falecimento. Aconteceu tudo muito rápido, muito trágico. Foi um sonho que virou pesadelo para toda família”.
 
O representante da associação das vítimas de violência Heitor Reis, contou que a manifestação serve como um apoio à família que “infelizmente” está sendo massacrada pelos órgãos públicos.  O representante evidenciou o “descabimento” destes tipos de treinamentos executados na formação de profissionais de segurança. “Há mais de 10 anos nos estamos sofrendo com este tipo de treinamento que vem sendo praticado tanto no Corpo de Bombeiros e nas Polícias Civil e Militar. Infelizmente eles não são treinados para salvar vidas e sim para serem violentos”, concluiu.
 
O caso 

Rodrigo ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e faleceu por volta de 1h40 da quarta-feira (16). Ele teria sido dispensado no final do treinamento, após reclamar de dores na cabeça e exaustão. O Corpo de Bombeiros informou que já no Batalhão ele teria e queixado das dores e foi levado para a policlínica em frente à instituição.

Ali, sofreu duas convulsões e foi encaminhado em estado crítico ao Jardim Cuiabá, onde permaneceu internado em coma. O corpo de Rodrigo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal, mas análise preliminares não apontaram a real causa da morte e por isso exames complementares serão realizados, de acordo com a perícia criminal.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here