Juíza condena dupla que roubou e esfaqueou designer de joias

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ALMT TRANSPARENCIA

A juíza Silvana Ferrer Arruda, da 5ª Vara Criminal de Cuiabá, condenou a dupla Adilson Junior Gomes Soares e Wuilque Lourenço dos Santos a 19 anos e nove meses de prisão, por terem roubado, esfaqueado e tentado matar a designer de joias Carmem De Lamonica Freire.

A decisão foi dada na última terça-feira (14) e cabe recurso. Os dois, todavia, não receberam o direito de recorrer em liberdade.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), o crime ocorreu no dia 30 de julho de 2016, ocasião em que Adilson e Wuilque invadiram armados a Joalheria Carmem D’ Lamonica e roubaram um relógio Rolex avaliado em R$ 150 mil, além de diversas peças de ouro, prata e pertences dos funcionários.

Para efetivar o crime, Adilson – que era ex-funcionário da loja – interfonou pedindo para falar com um dos empregados, Sidnei Lima. Quando o empregado abriu a porta, foi abordado por Wuilque, que apontou o revólver, anunciou o assalto e ordenou que todos deitassem no chão.

Em seguida, Adilson entrou na joalheria e disse “Eu não falei que iria voltar nessa desgraça?”. O MPE destacou que Adilson é filho da empregada doméstica dos donos da joalheria (Carmem e Fernando De Lamonica) , e que a mesma trabalha com a família há 16 anos.  

Dando continuidade ao roubo, Wuilque passou a vigiar as vítimas rendidas enquanto Adilson pegou uma mochila para guardar os objetos roubados.

“Na sequência o denunciado Adilson foi até a cozinha, pegou uma faca e desferiu um golpe no pescoço da vítima Carmem, causando um grande corte, além de vários chutes nas costas. A vítima Fernando também levou chutes de Adilson. Durante as agressões Adilson afirmava: ‘Morre desgraçada, se você não morrer agora, vou voltar para te matar e se chamar a polícia eu retorno e te mato’”.

Após roubarem os objetos de valor, eles pegaram a moto de Sidnei Lima e fugiram, abandonando o veículo em um matagal.

Posteriormente, os dois foram capturados e confessaram os crimes.

 

A condenação

Na decisão, a juíza Silvana Arruda afirmou ter ficado que Adilson Soares atentou contra a vida da empresária Carmem De Lamonica, com a ajuda de Wuilque Santos, assim como a dupla roubou não só a joalheria, mas a motocicleta de Sidnei Lima.

“Diante do exposto acima, conforme denúncia, os acusados praticaram crime de roubo duplamente majorado por duas vezes em concurso com latrocínio tentado […]

Em outras palavras, considerando a violência empregada contra a vítima Carmen, durante a prática do roubo, capaz de tipificar o latrocínio, não há falar-se em desclassificação”.

A magistrada citou o depoimento das vítimas do crime para embasar a condenação.

Na oitiva, a empresária Carmem De Lamonica contou que a mãe de Adilson, que era sua empregada doméstica há 16 anos, pediu um emprego para seu filho, “pois tinha receio que ele se tornasse bandido”.


“A vítima disse que o acusado Adilson chegava na joalheria por volta do meio dia, almoçando no local, começando a trabalhar por volta das 14horas e saindo às 17horas, tendo tratamento diferenciado, inclusive tinha confiança de saber onde as joias eram guardadas”. 

A empresária relatou que Adilson era um funcionário de sua inteira confiança, pois o conhecia desde os dois anos de idade

Durante o assalto, segundo Carmem, Adilson mandava a todo momento que Wuilque “matasse todo mundo”.

“Pontuou que o acusado Adilson foi até a cozinha e pegou uma faca de cortar carne. Assim, com a faca em mãos golpeou a vítima no pescoço, deixando uma enorme cicatriz que a obrigou a levar 14 pontos. Disse também que o acusado Adilson além de golpear seu pescoço ainda lhe deu uma facada no ombro, que foi até o osso, sendo que os ferimentos sofridos pela vítima sagravam muito”.

Carmem De Lamonica testemunhou que o roubo durou cerca de 17 minutos e que os bandidos levaram um total de R$ 300 mil em joias, “tendo que fechar o estabelecimento para pagar os prejuízos tidos com o assalto”.

O marido de Carmem, Fernando De Lamonica, confirmou os fatos e disse que Adilson praticamente morava com sua família “e que sempre prestou auxílio material e educacional ao réu, não entendendo o que motivou essa atitude”.

“Afirmou que a mãe do acusado Adilson pediu para a vítima que lhe ensinasse a profissão de ourives, pois temia que o mesmo se tornasse bandido, pois ele tinha um gênio muito forte e que olhava para a sua esposa Carmem com olhar de ódio. Quanto ao assalto disse que o acusado Wuilque era quem empunhava a arma de fogo, mas que o acusado Adilson no dia do delito se apresentava fora de si”.

“Disse também que foi agredido pelo acusado Wuilque, que lhe deu um soco no ouvido. Confirmou que foi o acusado Adilson que esfaqueou sua a esposa com a faca que pegou na cozinha da joalheria”.

Desta forma, a juíza Silvana Arruda ressaltou que as vítimas foram uníssimas em apontar Adilson e Wuilque como os autores do crime.

“Vale dizer que a palavra firme e coerente das vítimas, apontando os acusados como um dos autores do fato constitui prova suficiente para a condenação, em especial diante da confissão dos acusados. Assim sendo, restou demonstrado a materialidade e autoria do crime de roubo em concurso material com latrocínio tentado”, decidiu, ao condenar a dupla. 

Midia News.

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