Eraí Maggi é processado por filho que teve fora do casamento com cozinheira da família

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Foto: Reprodução
ALMT TRANSPARENCIA

Em mais um episódio envolvendo a herança dos Scheffer Maggi, Renato Cardoso Lima Scheffer, filho que Eraí Maggi teve fora do casamento com uma das cozinheiras das fazendas da família, em 1990, está processando o pai pedindo a garantia de seus direitos sucessórios em relação ao patrimônio bilionário do Rei da Soja. Ação probatória autônoma foi ajuizada em dezembro do ano passado e requer que a Justiça determine perícia contábil, econômica e financeira, expondo a evolução patrimonial de Eraí, esposa, três filhos e todas as empresas, dos últimos 35 anos.

A última movimentação da ação foi em 18 de janeiro de 2024, quando o juízo da 7ª Vara Cível de Cuiabá, onde tramita o feito, negou o pedido de justiça gratuita requerido por Renato.

Ainda não há uma decisão definitiva sobre o mérito da “devassa” contábil requerida, cujo objetivo é garantir que o filho fora do casamento tenha os direitos sobre a herança de forma igualitária em relação a Marilene Scheffer, esposa de Eraí, e Kleverson, Kleidimara e Antônio, os três filhos do casal.

Renato hoje atua como motorista de caminhão na cidade de Nova Olímpia, cidade a 204 quilômetros da capital. Ele nasceu em agosto de 1990, fruto de relação extraconjugal entre Eraí e E.C.L., que era cozinheira de uma de suas propriedades rurais.

Embora sempre tivesse a ciência sobre a existência de Renato, desde seu nascimento, Eraí só o reconheceu legalmente após segundo exame de DNA, realizado em 2020. Ocorre que, conforme a ação, Eraí se manteve indiferente e abandonou a relação entre pai e filho com Renato, sobretudo tratando-se dos benefícios provenientes do patrimônio milionário da família.

“À época da formalização da Escritura Pública, o Requerente estava com 30 (trinta) anos de idade. Há 30 (trinta) anos, toda a sua vida, jamais tivera o contato paterno na sua essência e natureza; jamais tivera as oportunidades que seus irmãos tiveram; jamais vivera em harmonia com pai e irmãos, os quais o desprezavam”, reclamou Renato à Justiça.

Dentre os argumentos trazidos na ação, visando justificar o pedido pela garantia à herança justa, está a hipótese de que o Rei da Soja esteja antecipando sua herança aos outros três filhos, com fins de blindar os bens e ativos que futuramente deveriam ser divididos entre os herdeiros, incluindo aí Renato.

Para embasar a fundamentação, foi exposto na ação que a holding EMK2A, criada para administrar o patrimônio bilionário dos Scheffer, e que conta como sócios Eraí e os três filhos, sofreu dez alterações contratuais entre 2017 e abril de 2022, de forma célere, o que resultaria em prejuízos aos direitos sucessórios de Renato.

Neste recorte temporal, Kleverson, Keidimara e Antônio teriam passado de um patrimônio de uma quota de um real para quase R$ 840 milhões, o que, na prática, trata-se de transferência de bens de forma a antecipar a herança aos “filhos preferidos”.

“Neste raciocínio, fica evidente que, neste ritmo de doações e integralizações, logo à frente todo o patrimônio do pai será transferido somente aos 3 filhos por ele eleitos, provocando grave prejuízo patrimonial ao Requerente”, diz trecho da ação.

Enquanto a Bom Futuro tem o capital social avaliado em R$ 1,5 bilhão, e a EMK2A tem de R$ 1,2 bilhão, consta no processo que o único reconhecimento legal, “de papel”, entre Eraí e Renato se deu com o acordo firmado na época do DNA, em 2020, quando ele passou a usar o sobrenome Scheffer. Contudo, o caminhoneiro recebeu “apenas” R$ 500 mil, sendo R$ 250 mil para comprar um imóvel e uma pensão mensal de R$ 12,5 mil.

“Prova disto, inclusive, é o ‘acordo’ feito por meio de Escritura Pública, onde o Requerido Eraí tentou ‘calar/comprar’ o Requerente com pensão temporária e um determinado valor para a aquisição de um imóvel – total de R$ 500.000,00. Valor este que, convenhamos, Excelência, não é nada para o Requerido, ou melhor, para os Requeridos”, reclamou Renato.

Diante da possibilidade de ser prejudicado futuramente em relação à partilha da herança, Renato ajuizou a ação cobrando na Justiça uma verdadeira “devassa” na contabilidade de todas as empresas da família, com intuito de garantir seus direitos sucessórios referentes ao patrimônio bilionário.

“Que seja determinada a produção de provas periciais (de qualquer natureza), seja no andamento das demais produções de provas, seja ao final da coleta de provas, com objetivo de expor/interpretar toda a cadeia evolutiva dos patrimônios dos Requeridos e suas empresas, bem como, para calcular se houve atentado contra a legítima, que venha a prejudicar o Requerente em momento futuro, desde o ano de 1990 e/ou sua criação, até a presente data”, pediu.

Procurado pelo jornal Metrópoles, por intermédio da Coluna de Guilherme Amado, Eraí negou as alegações de que abandonou Renato. Disse que o assumiu assim que teria sido informado sobre a sua existência, o que teria ocorrido quando Renato tinha 11 anos, e que até hoje oferta todas as condições para que ele tenha uma vida confortável.

“O Renato está de boa. Ele tem plano de saúde, plano de tudo quanto é coisa. Toda a vida foi assistido. Ele já tinha seu salário antes de sair o DNA. A [minha] relação é 100% [com ele]. Ele tem a vida dele lá, eu tenho a minha”, afirmou ao Metrópoles.

O agropecuarista declarou que Renato só pediu para ter a paternidade reconhecida formalmente em 2020. “Quando ele pediu, eu dei. Por que ele não pediu antes? Porque a vida toda estava bem assistido. Sempre tive pessoas que cuidaram 100% dele. Todos os exames médicos, eu quis mandá-lo para estudar em São Paulo, mas depois ele não quis”, acrescentou.

“O dele está preservado. Metade é da minha esposa e a outra metade é dos meus filhos. Meus outros filhos têm negócios, são empresários. São eles que tocam a empresa”, disse. Sobre a cessão de cotas da holding EMK2A aos filhos, Eraí afirmou que “tudo está sendo feito dentro da lei, nada fora”, finalizou o Rei da Soja.

Fonte: Olhardireto