Após 20 anos, último pistoleiro da chacina na fazenda de Arcanjo vai a júri popular para ser julgado; relembre o crime

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Foto: Reprodução
ALMT TRANSPARENCIA

Após 20 anos, Joilson James Queiroz, preso apontado como um dos pistoleiros envolvidos na “Chacina da Fazenda São João”, ocorrida em 2004, quando quatro pescadores foram executados na propriedade do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, vai a júri popular pela participação no crime bárbaro. Sessão de julgamento do Tribunal do Júri está prevista para esta terça-feira (6), a partir das 13h30

Joilson permaneceu foragido por 18 anos e foi encontrado em fevereiro de 2022, após investigações conduzidas pela equipe do Núcleo de Inteligência da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que encontrou Joilson vivendo em Acre. A polícia do estado passou a monitorar o indivíduo foragido, até que conseguiu deter-lo.

Joilson estava com documentos falsificados quando foi abordado. Ele era o último dos pistoleiros que ainda não haviam sido detido.

Joilson foi instruído sobre a data do júri pela 1a Vara Criminal de Várzea Grande e intimou-o sobre a data em 23 de janeiro de 2024. O julgamento será no Fórum de Várzea Grande.

O caso

O crime bárbaro foi relatado no processo judicial que culminou nas condenações de vários seguranças da fazenda de Arcanjo. Os seguranças Noreci Ferreira Gomes, Valdinei, Evandro Negrão, Édio Gomes Júnior, o “Edinho”, Alderi Souza Ferreira, o “Tocandira”, Adeverval José Santos, o “Paraíba”, e Carlos César André, o “Pezão”, foram acusados de executar os pescadores.

Conforme a denúncia, os seguranças vistoriavam os arredores das represas, devidamente armados, ação que era rotineira e ocorria até às 21 horas. No dia do ocorrido, por volta das 20 horas, o grupo se dividiu em dois, sendo que cada um foi para um lado da represa.

O segundo grupo abordou as quatro vítimas enquanto pescavam e as abordou com disparos de arma de fogo. Itamir foi o primeiro a ser atingido por uma arma de fogo, o que resultou em sua morte. Um dos indivíduos foi atingido no abdômen, mas não morreu no local.

Logo após os disparos, os seguranças teriam se reunido para verificar o que havia acontecido. As vítimas que sobreviveram foram dominadas, tendo mãos e pés amarrados umas às outras e sob a mira de armas de fogo. Em seguida, o acusado Edinho telefonou para Joílson, que era um dos administradores da fazenda e contou o que aconteceu da seguinte maneira.

“Matamos uma capivara e há três amarradas. Se desejar, leve uma faca para remover o couro”.

Ao tomar conhecimento do ocorrido, Joílson dirigiu-se ao local juntamente com Noreci e ordenou que os pistoleiros afogassem as pessoas que sobreviveram aos tiros, alegando que fariam isso para evitar que houvesse vestígios do homicídio que matou Itamar.

As vítimas foram amarradas juntas e jogadas na represa, sem ouvir os gritos de solidariedade dos pescadores. Além disso, acrescenta-se que, no momento em que as vítimas mergulharam, em busca de maneiras de escapar da água, os acusados Alderi e Evandro impediram-nas.

Após a morte de todos serem constatadas, os seguranças colocaram seus cadáveres no veículo Saveiro e fizeram a desova dos corpos, um a um, na margem da estrada.

Ainda conforme a denúncia, os acusados teriam cometido o crime por haver uma associação entre todos eles para que impedissem a pescaria nas represas da referida fazenda e que aqueles que eram pegos, fossem eles empregados ou não do local, eram submetidos às lesões corporais e até mesmo à morte.

Fonte: Informações/ Olhardireto