Um Ano Após a Chacina de Sorriso, Família das Vítimas Ainda Aguarda Justiça
Exatamente um ano após o crime que chocou o Brasil, conhecido como Chacina de Sorriso, o caminhoneiro Regisvaldo Cardoso, marido e pai das vítimas, vive entre a saudade da família e a espera pela condenação do pedreiro Gilberto dos Anjos, acusado das mortes. Em entrevista ao programa SBT Urgente, do canal SBT Sorriso, ele desabafou sobre a dor que carrega e a demora da Justiça.
O crime ocorreu em 24 de novembro do ano passado, na cidade de Sorriso, a 400 km de Cuiabá, e vitimou Cleci Calvi Cardoso, 46 anos, e suas filhas, Miliane, de 19 anos, Manuela, de 13, e Melissa, de apenas 10.
“A tristeza nunca vai embora”
Durante a entrevista, Regisvaldo falou sobre as lembranças da família e o vazio deixado pelas mulheres de sua vida:
“Fica esse sentimento de tristeza que nunca vai sair da gente, nunca vai passar. Cada dia que passa, a gente sente mais falta. Levantar e não poder dar um abraço, não receber um bom dia da filha, da esposa. Chegar de viagem e não ter a família te esperando, isso é doloroso, é difícil. Elas brincavam muito aqui no parquinho, a gente gostava bastante de vir aqui […] Bate a saudade, né, a vontade de chegar em casa e ficar com elas”.
Regisvaldo também se mostrou indignado com a morosidade do sistema judicial. Até agora, nenhuma data para o julgamento foi marcada. Em julho, a 1ª Vara Criminal de Sorriso determinou que o pedreiro seja submetido ao júri popular, mas o processo ainda está parado.
“A gente acha que nunca vai acontecer com a gente. E, quando acontece, a gente vê como a Justiça no Brasil é demorada. Não que isso vá trazer um alento para a família, porque não vai. Não vai trazer elas de volta. Mas a gente gostaria de ver a Justiça sendo um pouco mais ágil”.
O advogado da família, Conrado Pavelski Neto, confirmou que está trabalhando para acelerar o processo:
“Pelas provas apresentadas, todos os crimes imputados a Gilberto deverão ir a júri”.
Relembre o caso
Na noite de 24 de novembro, Gilberto dos Anjos invadiu a residência da família e assassinou brutalmente Cleci e suas três filhas. Melissa, a mais nova, foi asfixiada, enquanto as outras três vítimas foram esfaqueadas e abusadas sexualmente antes de serem mortas.
O pedreiro foi preso em flagrante três dias depois, em 27 de novembro, enquanto trabalhava em uma obra ao lado da casa das vítimas. Com ele, a polícia encontrou roupas íntimas das mulheres, o que reforçou as provas contra ele.
Devido à grande repercussão do caso, Gilberto foi transferido para a Penitenciária Central do Estado (PCE), onde permanece isolado dos demais detentos.
Justiça e memória
Enquanto aguarda o desfecho do processo, Regisvaldo continua lidando com a dor de um vazio irreparável. A família também busca homenagear a memória das vítimas, mantendo vivo o legado de amor e união que sempre os marcou.
Assista à entrevista completa e veja o relato emocionado do pai no vídeo abaixo: Veja o vídeo completo.