Vacinação contra gripe poderia ter evitado 88% das mortes por SRAG em maio, aponta SES-MT
Maioria das vítimas tinha mais de 61 anos; cobertura vacinal está abaixo dos 30% no Estado
Das 36 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registradas em Mato Grosso no mês de maio, 88% ocorreram entre pessoas que não haviam se vacinado contra a gripe. O dado foi divulgado em alerta epidemiológico emitido pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
A análise do perfil das vítimas mostra que oito em cada dez eram idosos com mais de 61 anos. Desses, sete estavam na faixa etária entre 76 e 80 anos, e outros sete tinham mais de 80 anos — um padrão que acompanha a tendência nacional de maior gravidade da Influenza A nessa população.
O relatório considera os dados inseridos no sistema até o dia 3 de junho e acende um alerta sobre o baixo índice de imunização no Estado. A cobertura vacinal do público-alvo prioritário, composto por crianças, idosos e gestantes, está em apenas 28%. Ao todo, foram aplicadas 403.596 doses da vacina contra a gripe em Mato Grosso.
A vacina está disponível gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) desde o início de abril para os grupos prioritários e estratégicos, que também incluem puérperas, povos indígenas, trabalhadores da saúde e pessoas com deficiência permanente.
“A vacina contra a gripe é gratuita e eficaz, especialmente para os grupos de risco. É fundamental que os idosos procurem o posto de saúde mais próximo o quanto antes”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo.
A superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Alessandra Moraes, também alertou para os riscos da baixa cobertura vacinal:
“A falta de vacinação em uma parcela tão significativa das vítimas indica uma oportunidade perdida de proteção. Muitas vezes, a população subestima a gravidade da doença e negligencia a imunização.”
Recomendações e ações emergenciais
Diante do aumento de óbitos e da baixa adesão à campanha de vacinação, o Cievs recomenda que os municípios adotem estratégias emergenciais para ampliar a cobertura vacinal. Entre as ações sugeridas estão:
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Busca ativa de pessoas não vacinadas nos territórios;
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Ampliação dos horários de atendimento nas UBSs;
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Instalação de postos volantes em locais de grande circulação, como terminais, praças e supermercados;
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Ações extramuros em empresas, escolas e comunidades.
Influenza A é a principal responsável pelas mortes
Entre os casos de SRAG com identificação do agente causador, 80% foram provocados pelo vírus Influenza A. Segundo o responsável técnico do Cievs Estadual, Menandes Alves de Souza Neto, o cenário em Mato Grosso reflete a tendência nacional de circulação predominante desse vírus.
“A elevada proporção de Influenza A nos óbitos está alinhada com o panorama nacional e reforça a importância de vigilância ativa para múltiplos vírus respiratórios”, destacou.
Além da Influenza A, a circulação do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) também contribui para o aumento de casos da síndrome, tornando o diagnóstico e o manejo clínico ainda mais desafiadores.